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Terça - 15 de Junho de 2010 às 08:18
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes
Alfredo da Mota Menezes

Houve um encontro em Cáceres na semana passada sobre tráfico de drogas na fronteira. Participaram juízes, promotores, policiais e autoridades de Brasília. A conclusão foi que a coisa está feia. Fernando Duarte publicou duas matérias em A Gazeta sobre o que se viu e discutiu ali.

Aumentou a droga apreendida. Este ano já foram apreendidos 650 quilos de cocaína ou mais de 100 quilos por mês. É comum aceitar que se apreende apenas 10% da droga que vem.

O Gefron conta com 98 policiais para tomar conta de mais de 750 km de fronteiras. Mal equipado, sem infraestrutura, dependem de fazendeiros para realizar minimamente seu serviço. Não tem auxílio de aviões, satélites ou helicópteros. Estão em dois pontos fixos, Corixa e Avião Caído.

Falaram no encontro que depois do governo Evo Morales aumentou a entrada de droga por Cáceres. Em artigo passado esta coluna dizia que a ONU e os EUA afirmam que aumentou a quantidade de hectares plantados com coca no país vizinho.

O artigo dizia também que o atual governo boliviano quer acrescentar mais oito mil hectares plantados legalmente (hoje por lei se plantam em 12 mil hectares). Falam que um dos motivos para o aumento do plantio seria para uma fábrica de refrigerante. Me engana que eu gosto, se dizia algum tempo atrás.

Além do combate em nossa fronteira, o Brasil e Mato Grosso têm que estabelecer acordo internacional com o governo da Bolívia e estados dali para combater o tráfico de drogas. O governo boliviano diz que colocou no orçamento 16 milhões de dólares para esse combate. Algo como 30 milhões de reais para enfrentar os cartéis da droga. Me engana que eu gosto outra vez.

Os EUA tinham acordo com a Bolívia no combate ao tráfico e na erradicação da coca. Evo expulsou os norte-americanos, viu a besteira que fez e os quer de volta. Isso deve ocorrer brevemente.

Se os norte-americanos têm acordos de ajuda à Bolívia no combate à cocaína, por que o Brasil, que é fronteira e é dali que vem a maior parte da cocaína para cá, não faz a mesma coisa? Não é ir contra a soberania do país vizinho, seria acordo claro e transparente de ajuda a eles. Brasília não poderia mandar para ali três vezes o que o governo boliviano colocou no orçamento?

Os pecuaristas de MT doam de graça vacinas para aftosa para os pecuaristas bolivianos da fronteira. Estão certos, se acontecer febre aftosa ali passaria para cá e o mundo não compraria nossa carne.

Temos acordo para ajudar a vaca boliviana e não fazermos nenhum para ajudar no combate às drogas que afeta a nossa juventude? A vaca é mais importante?

O assunto discutido em Cáceres deveria ser tema da eleição para governador e até mesmo presidente. Como exemplo de indiferença não se viu um candidato da oposição nem passar perto do encontro de Cáceres.

Julgam que é mais importante ir ao lançamento de um desconhecido candidato a deputado estadual ninguém sabe onde do que ir ao encontro e dali falar para o Brasil e MT o que se discutiu e descobriu em Cáceres.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br



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