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Domingo - 30 de Outubro de 2016 às 16:22

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Uma disputa eleitoral é uma briga por cargo e pelas benesses que do poder emanam. Seus candidatos se valem, nesta briga, de todos os instrumentos que lhes são disponibilizados, e, infelizmente, dos não permitidos com o objetivo único de conquista do cargo e do poder. Eles se valem para isto também da imprensa (e isto não é de hoje), do horário político-eleitoral e, agora, das redes sociais. Igualmente recorrem à esfera do Judiciário. Esta esfera, em especial a Justiça Eleitoral, é utilizada ao longo da campanha, com as equipes de advogados dos candidatos a promoverem seus shows à parte, extrapolando os limites da arena político-eleitoral. Usam exageradamente do direito de resposta e dos recursos jurídicos para que o adversário venha a perder tempo no programa eleitoral. Estes pedidos fazem parte da estratégia com vista à desqualificação da candidatura adversária.

Essa estratégia se tornou, e é importantíssima em uma disputa eleitoral. Por vezes, bem mais relevante que, de fato, deveria sê-lo. Pois os candidatos, levados por seus marqueteiros, cometem erros primários. Um desses erros é o de ignorarem aquilo que nunca deveria ser esquecido, a saber: projetos de ações, ou plano de governo ou programa de propostas.

Talvez, aqui, a palavra esquecimento não seja bem a palavra correta a ser utilizada. Isto porque só se esquece do que um dia foi pensado, feito e realizado. E, infelizmente, nas últimas eleições, e bem mais na atual disputa pela prefeitura de Cuiabá, plano de governo algum foi até agora apresentado. O tal plano nem ao menos chegou a ser registrado no Tribunal Regional Eleitoral. Para comprovar isto, basta que acesse ao dito site, e se dê o trabalho de dar uma olhada no material disponível pela Justiça Eleitoral.

Os candidatos, na verdade, prendem-se a um rosário de promessas. A imensa maioria de suas promessas jamais será cumprida. Nem, sequer, cobrada pela população. Talvez, por isso, eles não titubeiam em fazê-las, e as fizeram reiteradamente. Não apenas nos programas eleitorais, mas nos encontros com eleitores, nas entrevistas e nos debates.

E, desse modo, no lugar do debate de fato, teve-se bate-bocas; e no lugar das ideias, prevaleceram os recursos jurídicos e os pedidos de direito de respostas. Frutos de ataques pessoais, das agressões e das denúncias levadas acabo por todos os candidatos. Ninguém é santo nesta história. Nenhum dos candidatos se comportou como se esperava que se comportasse: respeitando o eleitorado, as regras e as exigências necessárias.

Alguns desses recursos e pedidos até se fazem necessários, pois se registram o desrespeito as regras do jogo. Mas o que não se pode admitir é que o processo de escolha de alguém para administrar um município se prende a brigas alheias à discussão sobre o melhor plano de governo, ou as melhores propostas, ou fora do campo político. Embora se saiba que uma decisão no Judiciário não é de toda tão somente jurídica. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br .



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