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Domingo - 20 de Novembro de 2016 às 21:54

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Vilson Nery é advogado e membro do MCCE

Todos nós, em algum momento de nossa existência, já fomos surpreendidos pela invasão de pensamentos questionadores, buscando eventualmente as explicações sobre a origem e a causa de nossos amores, medos, pavores, sonhos e até mesmo as previsíveis decepções.

Explicações sobre nós e sobre o Mundo.

Mesmo a nossa mente nos obriga a pausar as dúvidas, desacelerar a vida para facilitar as reflexões que nos levam às explicações sobre as coisas.

Isso não é novo. E as soluções também não o são. Com muita recorrência buscamos nos mitos e nas lendas as explicações para os fenômenos da natureza, e as justificativas para as nossas derrotas e vitórias. O “mithos” aceita as mais diversas explicações.

No livro “Mitologia Grega” o autor Pierre Grimal busca fazer um relato sobre as origens dos mitos na sociedade grega, e sua pesquisa começa no ano 300 antes de Cristo. As revelações sobre deuses e deusas, paganismo, símbolos, crenças, heroísmo, amor e ódio são cativantes e creio que por meio dessas lendas poderíamos entender coisas que acontecem ao nosso redor, nos dias atuais.

Segundo Grimal, os gregos acreditavam que o princípio motor no cerne do Ser estava no Amor, que no começo havia a Noite (Nyx) e o Érebo, seu irmão. São os dois rostos das Trevas do Mundo: Noite (do alto) e a escuridão (dos Infernos).

Sobre a origem do Mundo, dizia-se que a Terra tinha saído diretamente do Vazio e que ela engendrara a si mesma, ajudada somente por Eros, o segundo a nascer no Mundo. Já o Caos engendrara a Noite, que por sua vez ensejara o nascimento do Éter, que é a luz brilhante, o fogo mais puro, e do Dia, que ilumina os Mortais. Independente da variante, é sempre Eros o animador e o elemento motor do Universo em seu princípio.

Me obriguei a essa digressão para uma tentativa sincera de entender o porquê de tanta perseguição contra Lula e o Partido dos Trabalhadores, de iniciativa de setores da Policia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal, por uma minoria (de seus membros, com o silencio obsequioso dos demais), reconheça-se. Mesmo as arbitrariedades são escandalosamente aceitas pelos demais membros das corporações.

E a origem desse Desamor?

Não sei, e isso me causa perplexidade.

Afinal, o juiz federal (Savonarol) ao ser acuado sob a alegação de partidarismo, disse que o “caixa dois” da lava jato não é objeto de investigação e processamento, e isso é absurdo por dois motivos: primeiro que um juiz deve julgar, e não opinar e dar entrevistas. E a segunda estranheza é que após mitos anos da dita “operação” finalmente os grandes salteadores serão pegos. Mas aí veem os procuradores da lava jato e são recebidos na câmara dos deputados, onde “fazer acordo” em projetos de lei que ainda serão votados.

Isso soa bem absurdo.

E a Polícia Federal, que durante o primeiro mandato de Lula grampeou até o irmão do presidente, sempre teve liberdade, salários e quadros para livremente trabalhar, de onde vem esse ódio ao Lula? Afinal até mesmo investigar adversários políticos foi “função atípica” da PF no governo FHC, o que não ocorreu mais na gestão petista.

Não sei explicar.

Mas rio muito quando vejo que, depois de muitos anos de investigação, a PF quer saber quem reformou a piscina do palácio presidencial (bem público, e que não custou nada), mas “esquece” de perguntar quem pagou os 30 milhões de reais no banquete da PEC 241, um rega-bofe que Temer usou para “convencer” os parlamentares a surrupiarem direito dos trabalhadores, inclusive da própria PF.

Tirando isso, e abstraindo a kitinete tríplex que atribuem ao Lula, a mansão do Grendene no Uruguai, que não é do Lula e o sítio com seus pedalinhos, sabe-se que essas “investigações” (rectius, perseguição) já custaram muitos recursos financeiros para um país que nega ajuda ao povo empobrecido.

Na minha mente vem a confissão do Hipster da Federal (o policial que conduziu o ex deputado Eduardo Cunha para a cadeia, cumprindo o único mandado de prisão sem algemas, sem fotos e sem filmagens humilhantes) feita no programa do humorista Fabio Porchat: “Ele [Cunha] é muito cheiroso”. O Lenhador da Federal, o policial “diferente”, assim como os delegados da lava jato sempre criticou Lula, Dilma e o PT. Mas o bandidão Cunha, para esse tipo de gente é “cheiroso”!!!

Vilson Nery é advogado e membro do MCCE (Movimento Cívico de Combate à Corrupção Eleitoral)



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