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Domingo - 27 de Novembro de 2016 às 19:30

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Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

A frase é velha, mas sempre atual: ‘Há algo no ar além de urubus e dos aviões de carreira‘. É do famoso Barão de Itararé, em 1895. Talvez sua rígida e provocante educação jesuíta tenham-no transformado em um cínico inigualável.

Sua frase está atualíssima. A eleição de Dilma Rousseff abriu a discussão sobre a questionada gestão petista. Disse uma coisa e fez outra. Antes disso, apenas uma quase morna operação político-policial chamada ‘Mensalão‘ balançara os alicerces petistas. Porém, as pedaladas de Dilma somaram-se a uma quase anônima ‘Operação Lava Jato‘, e o país viu nascer de um momento pro outro um princípio feroz de cidadania. O impeachment foi precedido de inesquecíveis protestos de rua com milhões de pessoas portando cartazes pedido ética , ‘fora Dilma‘, ‘fora Lula‘. Isso é extraordinário, porque um ano antes ambos eram ídolos populares.

O impeachment foi um processo pesado em cima de um Congresso Nacional absolutamente cínico e conivente com todas as falcatruas possíveis. Temendo ‘a voz rouca das ruas‘, percebido por Ulysses Guimarães na passagem da ditadura militar pra redemocratização, o Congresso tentou armações, mas não teve coragem de aplicá-las. Uma opinião pública embora nascente, deu o tom aos políticos desacreditados e jogou a sua imagem e a da política na vala do descrédito.

Finalmente, um quase mumificado governo Temer assumiu sem discurso, sem rumo e pilotado por um malvisto e mal-amado PMDB que descobriu pouquíssimo amado pela sociedade. Perdeu ministros, um a um enrolados na corrupção e no seu triste destino de banditismo. Nesta sexta-feira caiu um dos ídolos do PMDB, o ministro da articulação política, Geddel Vieira Lima, ex-PMDB-PT. O destino de Temer parece tristonho. Segurar a vela durante o próprio velório. Ventos fortes assopram.

De tudo isso, uma questão parece real. A opinião pública brasileira existe. Mais. Existe por si mesma. Não foi pela mídia tradicional, não foi pela política e nem pelas universidades que a opinião pública mobilizou o seu gigantesco elefante de poder.

Encerro este artigo, que certamente, continuará nesses tempos tempestuosos que recomeçam. Re-nasce um Brasil. Parte das famigeradas Capitanias Hereditárias e deseja rápido entrar no século 21. ‘Há algo no ar mais do que urubus e aviões de carreira...’.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso. E-mail:onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br



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