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Terça - 26 de Julho de 2016 às 22:07
Por: Waldir Bertúlio

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Waldir Bertúlio é professor da UFMT
Waldir Bertúlio é professor da UFMT
A estratégia é a mesma, para manter a governabilidade, a aliança a qualquer preço, ceder mais espaços no poder, evitar conflitos para se manterem até a data da votação do impeachment. Depois, só sabemos que será um enfrentamento pesado contra a perspectiva de democratização e da busca da decorosidade na gestão e representação pública.

Parece incrível, mas a queda enfim de Cunha, favorece Temer, ao tempo que precisa descolar da imagem de Cunha, também não pode romper com ele. Especialmente para favorecer negociações, que vão desde a possibilidade de blindagem, até o jogo duplo. Nesse sentido, tanto o futuro da Câmara, quanto do governo, rodeados de descrença. Por incrível que pareça, Cunha ainda tem influência na Câmara Federal. Joga entre a interinidade, o homem-bomba e o puro fisiologismo, ainda esperando impunidade nas táticas de negociação despudorada. Dilma, com a pobre narrativa do golpe leva a pior neste cenário, ficando muito distante a possibilidade de reverter este quadro. A luta em todas as frentes na briga pelo poder é insana e asquerosa, empreendem todos esforços para detonar ou imobilizar a operação Lava Jato. A justiça resolverá o problema da corrupção? Claro que não! Mas é muito bem-vinda a grande novidade na história da justiça no país, especialmente em Mato Grosso.

É muito positivo o fato de políticos, empresários e outros agentes da corrupção estejam sendo investigados, processados e até presos. Aqui em MT é preciso que a sociedade apoie agentes públicos como da promotoria, a juíza Rosane e o juiz Federal Schneider.

Em nível nacional e aqui em Mato Grosso, alguns réus estão tendo que devolver parte do dinheiro surrupiado dos cofres do Estado. Bem sabemos da corrupção sem limites de MT, apoiados no fisiologismo e no coronelismo, quando não havia praticamente nenhum tipo de controle. Atores desse processo, verdadeira banalização da corrupção, estão ai abarrotados de bens e dinheiro, obtidos na locupletação privada do Estado. Sobretudo, impunes e até posando de honestos e preocupados com o destino dos municípios e do Estado. Infelizmente estes, velhos e novos coronéis, detém muito dinheiro, que potencialmente pode financiar aquisição de mandatos nas eleições. A velha e a nova guarda da corrupção ligam-se de certa forma, na perpetuação do poder, a revelia dos interesses reais da população. Desta forma, nesta conjuntura de verdadeiro esfacelamento das representações, os prepostos já estão sendo articulados para as próximas eleições municipais. Uma eleição em plena crise econômica e moral, e que precisa ser diferente do que já conhecemos.

A justiça só assumiu este protagonismo no país, porque o Congresso Nacional, os Legislativos Estaduais e Municipais entraram em processo de falência ética. Este poder teve que ocupar o espaço a que chegou, na medida em que é possível exercer uma pratica possível de justiça política. Maioria dos parlamentares estão temerosos e inquietos com a ameaça repentina nas ordens de prisão oriundas das delações premiadas. Podem ser submetidos seus potenciais descalabros a execração pública e as penalidades pertinentes. O futuro é obscuro. E possível reagir em favor de uma mudança política!

Waldir Bertúlio é professor da UFMT. E-mail: waldir.bertulio@bol.com.br



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