Onofre Ribeiro
Já vai, 2016? - III
Em 2014 os sinais de quebra na economia brasileira surgiram já no período das eleições e camuflados no envolvente marketing eleitoral da campanha Dilma Rousseff. Em 2015 o Estado federal quebrou. Em 2016 os estados quebraram. Em 2017 os municípios quebrarão como o último elo da corrente política. Atrás da crise econômica veio uma forte crise política que realimentou a crise econômica e vice-versa. Juntos conseguiram afundar um país enorme.
O desafio de reescrever o Brasil será fantástico. Um desafio muito bom para a geração atual e para as próximas, já que a realidade será retomada lá pós-2024. Existe um Brasil nascendo ao lado dos Brasis da economia e da política. Ilhas de excelência estão nascendo, até mesmo na estrutura do Estado. Mesmo dentro do falecido serviço público nascem inconformidades. Gente lúcida começa a se movimentar. Entidades lúcidas fora do governo convivem com estruturas politizadas e apodrecidas da velha economia que alimentou a velha política. Bom que ambas estão morrendo abraçadas. Os poderes envelhecidos morrem junto e ninguém chora a sua morte!
Aqui cabem alguns raciocínios. Como uma nação desse porte entrega o poder político sem limitações a sindicalistas de chão de fábrica, ambiciosos e despreparados? Como as universidades públicas, caras e bem alimentadas como recursos públicos vindos dos impostos, se deixam tomar pela ideologia? Pior. Usaram essa ideologia de maneira frustrada e alimentaram uma pseudo-esquerda por tantos anos no poder? A História será muito cruel com as universidades brasileiras.
Mas a História será cruel também com as instituições representativas da economia. Poderosas confederações da indústria, do comércio, dos transportes e da agricultura funcionaram na direção de construir um caos em seu benefício. Agiram como urubus sobre os fracos governos petistas, atrás de benefícios em favor próprio. Não se importaram com o futuro da nação e da sociedade. Sua cegueira reflete na sua decadência atual. Ambição burra tem preço.
Que tipo de ano termina junto com 2016?
Dois Brasis convivem neste momento. Um apodrecido que nos mostra o fim do mundo. Outro que nasce na direção certa. São as ilhas de excelência em todas as áreas. O podre aparece mais. Por pouco tempo. O futuro não suporta barreiras. Como a água represada. Ela infiltra no solo, evapora e vem na forma de chuva. Ou arrebenta a represa derrubando tudo à sua frente. Tudo isso está acontecendo no Brasil. 2016 será lembrado, junto com 2014 e 2015, como anos de profundas lições. Como o fim e o recomeço de uma nação. O assunto termina, já em 2017.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso. E-mail:onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br