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Domingo - 01 de Janeiro de 2017 às 22:17

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Inicia-se hoje 2017. Um ano que muita gente torceu para que chegasse logo, até em razão do desequilíbrio da economia do país, o que resultou em dificuldades financeiras da imensa maioria da população. Por fim, chegou. Renovaram-se as esperanças e também a espera. Esta é diferente daquelas. Mesmo estes dois verbos podendo ser conjugados por uma pessoa, um grupo e toda uma comunidade. O doente, por exemplo, encontra-se na longa fila de espera, mas igualmente tem a esperança de um dia chegar a sua vez para ser atendido.Nesta condição, embora abatido por enfermidade distinta, estão os desempregados, os endividados e os sem-nada. Todos estes, bem como as de outros segmentos sociais, acreditam que as coisas podem melhorar. E tomara que elas ocorram. Mas, cabe enfatizar, elas não melhorarão de uma hora para outro, nem para todos em igual momento.

Isto é óbvio, diria o (e) leitor. Porém, o que parece claro para alguns, podem não ser tão claro para os demais. Até porque nem todos se encontram no mesmo lugar, onde possam enxergar as variadas realidades, e olham por igual lupa. Além do mais, cada um deles tem uma história de leitura toda particular. O que interfere no alcance de suas vistas, bem como na forma com que os objetos-realidades são vistos. Não existe nada de errado nisso. Ao contrário. Realça o plural que eles são, a questão da pluralidade da sociedade. Ainda que se possa ter, e sempre tem um grupo procurando impor sua visão, suas análises e sua leitura. O errado, claro, está em aceitar tal visão, análise e leitura sem quaisquer contestações. Acomodar-se, neste caso, parece ser o pior dos posicionamentos. Posicionamentos que também são políticos. Até porque toda manifestação humana é também política. Mesmo aquela em que se dá em razão do puxa-saquismo, dos benefícios recebidos e de um ganho futuro. O ser torcedor sempre não o salva desta condição. Condição que subtrai dele aquilo que o ser humano tem de mais precioso, e o distingue dos demais animais, o poder da razão, da reflexão. E é este poder que pode, e certamente o libertará das amarras que o mantém no fundo da caverna. Uma caverna que o deixa tão prisioneiro quanto à situação descrita pelo livro ‘1984‘, e narrada no filme baseado nesta obra, de igual título.

Platão e George Orwell, além de uma porção de outros pensadores, chamam a atenção para o dito quadro e da necessidade que se tem para escapar da prisão. E, certamente, a façanha de se libertar torna-se mais difícil é quando a tal prisão foi e é construída pelos tijolos da retórica, do marketing e das belas imagens, manipuladas pela tecnologia. Neste caso, as palavras aprisionam, não libertam. Situação também de difícil identificação. Veja, por exemplo, a Operação Lava-Jato, cujo resultado é de suma importância para o país e para o seu povo. Ninguém, em sã consciência, tem argumentos para contrapor a isso, nem deve. Mas, outro dia, a ex-ministra do TSJ, Eliana Calmon, declarou: ‘delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação‘. ‘É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer‘. Você, (e) leitor, tinha pensado a respeito? É isto.

Obs.: Um grande e abençoado 2017 para todos os leitores. Desejo estendido para todos os seus familiares. Abraços.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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