Alfredo da Mota Menezes
Desemprego
O desemprego é a face mais cruel da recessão que o Brasil atravessa. Já passam de 12 milhões de pessoas em trabalho e pode chegar a 13 milhões. Isso significa, numa família de quatro pessoas, mais de 50 milhões de brasileiros ou 25% do total da população nacional sofrendo consequências deste momento econômico. De cada três desempregado no mundo em 2017, um será do Brasil.
Fala-se que o desemprego pode ser maior ainda. É que pessoas que procuravam emprego não estão fazendo mais, assim elas saem da estatística. Caiu também de 23 milhões de autônomos para 21 milhões. Para recuperar o índice de desemprego de 2013, que estava abaixo de 5%, só em 2020. A pessoa saiu da classe D para a C e agora despenca de volta. Isso não pode ser normal na vida de uma nação. No caso brasileiro a escrita não muda.
Um pouco de história. O governo Juscelino Kubistchek (1957-1961) foi de crescimento econômico no Brasil. No de Jânio Quadros ou João Goulart a economia degringolou, foi um dos motivos que levaram os militares ao poder. No regime militar se teve momentos de crescimento econômico, falou-se até em milagre brasileiro.
Foi por um período, logo começou o mesmo caso da história do Brasil. A economia mais uma vez entrou em parafuso e no governo João Figueiredo, último do regime, a inflação chegou a 200% ao ano. Voltou o Brasil ao que sempre fora. Tancredo não teria ganho a eleição no Colégio Eleitoral se a economia estivesse em crescimento.
Morre Tancredo, assume Sarney, a coisa descarrilou mais ainda, foi a época da hiperinflação. Collor de Mello não conseguiu fazer nada. A década de 1980 foi perdida. Veio Itamar Franco e o Plano Real e nos governos de FHC e Lula, apesar de trepidações, foi um momento de bonança.
Antes de terminar o primeiro mandato de Dilma a economia já mostrava problemas. Chegou, a partir de 2014, à maior recessão que o país já passou em sua história. Sofreu um impeachment. O governo Temer nem dá para falar ainda.
O capitalismo tem momentos bons e outros nem tanto, mas o caso brasileiro é um exagero de desencontros. É uma eterna gangorra. E o desemprego é a face maligna desse sobe e desce na economia.E quem mais sofre são os mais pobres.
Desempregado tem baixa autoestima, depressão, casamentos se desfazem, filhos sofrem com desavenças dos casais.Crianças, em ambiente familiar desajustado pelo desemprego, podem ter problemas pessoais ou sociais futuros. A violência urbana é outra face dessa gangorra econômica do país.
A culpa é nossa como eleitor. Aceita-se o populismo, de esquerda ou direita, acredita-se no estado provedor. Já tem candidato a presidente em 2018 falando em gastar outra vez o que o país não tem e vão votar nele, quer ver escuta. E se terá um período de distribuição de benefícios e logo se volta, mostra a história, aos momentos ruins como o que vivemos neste momento.
Alfredo da Mota Menezes é articulista e escreve para A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com