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Segunda - 23 de Janeiro de 2017 às 12:04

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

No Senado, a briga é pela sua presidência. Renan Calheiros não será candidato. O que abre espaço, em tese, para outros nomes. O senador mato-grossense José Medeiros já manifestou seu desejo de disputar, e o faz, segundo ele próprio, com o respaldo de vinte colegas. Seria importante se ele fosse o eleito, e, desse modo, o Estado de Mato Grosso passaria a ter o seu segundo senador presidente da Câmara Alta, igualando-se a Mato Grosso do Sul, que teve Ramez Tebet e José Fragelli no dito posto. José Fragelli é o mesmo que chegou a ser governador quando o Estado era uno, antes da sua divisão ou do seu desmembramento. Mas chegou ao Senado pela unidade desmembrada.

O único mato-grossense presidente do Senado foi Filinto Müller (Arena), em 1973. Aliás, neste mesmo ano, Filinto veio a falecer de acidente de avião - voo Varig 820. Foram mais de cem pessoas mortas. Filinto Müller, antes de ser presidente, foi vice-presidente do Senado de 1959-1961.

Quando se encontrava na dita Casa, Pedro Taques se candidatou, mas perdeu para Renan Calheiros. Candidatou-se sabendo de antemão que não teria chance alguma. Seu objetivo era bem outro: transformar aquela disputa em vitrine, e, assim, ter visibilidade nacional, cujo dividendo seria importante - como de fato fora - na briga pela cadeira de governador.

O seu ex-suplente, agora na condição de titular, pretende se lançar candidato. Utiliza-se da mesma estratégia, com o fim de se projetar de olho na reeleição em 2018. José Medeiros também sabe que não terá êxito. Isto em razão de dois obstáculos. O primeiro deles se refere ao domínio do PMDB na disputa. Aliás, o domínio peemedebista se dá desde 1985, com José Fragelli. De lá para cá, apenas um presidente saiu de outra fileira, Antônio Carlos Magalhães (PFL). Tião Viana (PT) assumiu o posto como presidente tampão em 2007, substituindo Renan Calheiros, que renunciou.

Outro dado interessantíssimo é de que o grupo capitaneado por Renan Calheiros e José Sarney controlou toda a disputa. O próprio Sarney foi presidente de 1995-97, 2003-2005 e de 2009-13. Sarney não é mais senador, mas exerce certo privilégio, e tem prestígio na Casa. Prestígio que se associa a força política de Renan Calheiros. É este o segundo grande obstáculo de José Medeiros que, sequer, conta com o apoio do seu próprio partido político.

Renan Calheiros não abrirá mão de influir na disputa. Isto porque precisa continuar com força na direção do Senado, com o fim único de blindar a si próprio, uma vez que é réu no Supremo Tribunal Federal. Por isso, ele trabalha na articulação de aliados mais fiéis na composição da Mesa Diretora e das principais Comissões da Casa. O senador Eunício Oliveira (PMDB) se destaca. Bem mais do que qualquer outro nome. Tem forte possibilidade de ser o eleito. Até porque o Garibaldi Alves (PMDB) recuou.

Portanto, José Medeiros sabe que não tem chance alguma, a menos que negocie com o Renan Calheiros. Negociação improvável. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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