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Domingo - 19 de Março de 2017 às 23:16

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Erros e acertos fazem parte da administração pública. Inexiste, sequer, uma gestão que não os tenham em seus registros. Alguns governantes erram mais do que acertam; enquanto outros erram, mas, por alguma razão, seus desacertos não produzem tantos desgastes. Estes ocorrem, e, muitas vezes, vários deles não têm como ser evitados. Os demais, contudo, podem, e devem ser afastados. E, mesmo assim, acontecem. Até porque tem chefe do Executivo mal assessorado, pouco dado a leitura dos acontecimentos a sua volta e em sua jurisdição. O que provoca o fim da lua-de-mel entre ele e a população. É isso, aliás, que ocorreu com o governado mato-grossense, cujo discurso de campanha não foi renovado, nem sua administração chegou a ser reoxigenada. Tudo porque ele não soube ler o cenário inaugurado com o fim do governo passado, e montou um secretariado abaixo das expectativas. O governador promoveu, acertadamente, auditorias em obras inacabadas. Medida que deveria ser seguida por todo governante, até para saber o que está recebendo. Mas, ele se esqueceu de apresentar planos de ações para as retomadas das ditas obras. Uma ou outra destas vem sendo finalizada. Porém, plano algum chegou a ser apresentado. Isto o distanciou de vários setores da sociedade. Acabava, então, a tão falada lua-de-mel. Acabou-se bem antes do tempo esperado, até em função da desgastada gestão peemedebista.

Para piorar, contudo, o antes pedetista e agora tucano não soube dialogar com o funcionalismo. Isto fica tão claro quando da novela do RGA. Oportunidade em que não ocorreu negociação alguma. Ainda que tenha havido mais de 100 encontros entre eles. Veio o desgaste. Tanto que possibilitou a eleição do atual prefeito cuiabano, o qual se viu ainda beneficiado pelo recuo e a não participação do ex-prefeito da Capital na disputa de 2016.

O desgaste do governo se ampliou mais tarde, com a tão falada PPP da educação. Um projeto ruim, e que não trazia beneficio algum para o Estado, nem para a comunidade escolar, apenas favoreceria as empresas que viessem a ser contempladas com a dita concessão. A pressão dos sindicalistas, alguns poucos professores e de um grupo de alunos, registrando inclusive invasão de prédios escolares (seguindo exemplo de outros Estados), embora amparados por um argumento falso, levou o governo a suspender a PPP da educação. Ficaram os desgastes.

Desgastes que aumentaram com a crise econômica. Crise que não foi provocada pelo governador. Claro que não. Mas ele não conseguiu fazer as mudanças que o momento exige. Falou e falou. Nada, contudo, foi feito. Mantém inalterado o tamanho da máquina da administração pública estadual. O que é um grande erro. Erro que produz igualmente desgaste. Desgaste que se amplia com o chamado projeto do Teto dos gastos. Um projeto quase forçado pelo governo federal. Uma vez mais, no entanto, o governo estadual pecou no diálogo com o funcionalismo e com os poderes, bem como com o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Nem a sociedade foi comunicada, a qual deveria ser chamada para pensar o tal projeto, e, se convencida, poderia ser um ponto imprescindível de apoio ao governo. Novo desgaste. Este aumenta quando o governador pessoalmente bate-boca com parlamentares de oposição, via imprensa, a exemplo de uma CPI proposta. Erro primário e desnecessário. É isto.

Lourembergue Alves escreve nesta coluna às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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