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Segundas intenções
A presidente Dilma, no pronunciamento da vitória que leu domingo à noite, falou de novo em reforma política com plebiscito – a resposta que dera às ruas de junho do ano passado. Pois as ruas de junho, que exigiam mudanças e moralização, não foram às urnas no plebiscito de domingo. Ou, pelo menos, não com a mesma força e ênfase. No plebiscito de domingo, o que se perguntava ao eleitor era: “Quer continuar assim?” ou “Quer mudar isso?”. Venceu, por 3 milhões e quinhentos mil votos de diferença a vontade de continuar com o que motivou o protesto das ruas no ano passado. A vontade de continuar foi mais forte e, claro, vai ser acatada.
No pronunciamento da vitória, Dilma e Lula vestiram branco, em lugar do tradicional vermelho. Um sinal de paz. E Dilma falou em união e diálogo. Que seja sincera, para o bem de todos. Porque ultimamente temos assistido à pregação de divisão do país por regiões, por tamanho de conta bancária, por cor da pele e até por preferências sexuais. Precisamos de união, como nos tempos em que todos éramos brasileiros. E precisamos de diálogo. Presidente distante dos representantes do povo nunca acabou bem. O governo precisa abrir mão de sua distância majestática, principalmente porque as urnas mostraram forças equilibradas; mais oposição em estados mais desenvolvidos; menos maioria governista no Congresso; e sequelas das eleições em aliados do governo. Vai ser preciso muito diálogo, o que não aconteceu no governo Dilma.
Muito diálogo, transparência e busca de compreensão, porque a Presidente vai receber no próximo mandato o que ela chamaria de herança maldita se tivesse sucedido a Fernando Henrique, por exemplo. Inflação fugindo de controle, política monetária errante, política cambial debilitada, equilíbrio fiscal maquiado, contas externas estropiadas, dívida pública crescente, excesso de despesas de custeio; aparelhamento de agências, estatais e administração direta – em consequência, corrupção explosiva; crescimento zero com pressão sobre o emprego; indústria encolhendo; preços administrados irreais; política externa jungida à vontade de tiranetes regionais bolivarianos – enfim, 2015 será um ano difícil, que seria ainda mais difícil se o candidato contrário tivesse sido vitorioso.
O PT ficará, agora, 16 anos no governo federal – talvez 20, se Lula se candidatar para 2018, como é o desejo anunciado do presidente do partido. Por trás do propósito de reforma política, aparece de novo a palavra plebiscito. Uma consulta popular que pode servir para avalizar reformas ou para impor mudanças que não passariam pelo escrutínio do Congresso. Como já se disse em outros tempos, Thomas Jefferson, um dos fundadores da nação americana, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Ainda que no plebiscito de domingo uma escassa maioria se tenha pronunciado por continuar o governo do PT de Lula, desejo que o branco de Dilma e Lula pacifiquem a inquietação dos espíritos preocupados com as segundas intenções.
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
No pronunciamento da vitória, Dilma e Lula vestiram branco, em lugar do tradicional vermelho. Um sinal de paz. E Dilma falou em união e diálogo. Que seja sincera, para o bem de todos. Porque ultimamente temos assistido à pregação de divisão do país por regiões, por tamanho de conta bancária, por cor da pele e até por preferências sexuais. Precisamos de união, como nos tempos em que todos éramos brasileiros. E precisamos de diálogo. Presidente distante dos representantes do povo nunca acabou bem. O governo precisa abrir mão de sua distância majestática, principalmente porque as urnas mostraram forças equilibradas; mais oposição em estados mais desenvolvidos; menos maioria governista no Congresso; e sequelas das eleições em aliados do governo. Vai ser preciso muito diálogo, o que não aconteceu no governo Dilma.
Muito diálogo, transparência e busca de compreensão, porque a Presidente vai receber no próximo mandato o que ela chamaria de herança maldita se tivesse sucedido a Fernando Henrique, por exemplo. Inflação fugindo de controle, política monetária errante, política cambial debilitada, equilíbrio fiscal maquiado, contas externas estropiadas, dívida pública crescente, excesso de despesas de custeio; aparelhamento de agências, estatais e administração direta – em consequência, corrupção explosiva; crescimento zero com pressão sobre o emprego; indústria encolhendo; preços administrados irreais; política externa jungida à vontade de tiranetes regionais bolivarianos – enfim, 2015 será um ano difícil, que seria ainda mais difícil se o candidato contrário tivesse sido vitorioso.
O PT ficará, agora, 16 anos no governo federal – talvez 20, se Lula se candidatar para 2018, como é o desejo anunciado do presidente do partido. Por trás do propósito de reforma política, aparece de novo a palavra plebiscito. Uma consulta popular que pode servir para avalizar reformas ou para impor mudanças que não passariam pelo escrutínio do Congresso. Como já se disse em outros tempos, Thomas Jefferson, um dos fundadores da nação americana, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Ainda que no plebiscito de domingo uma escassa maioria se tenha pronunciado por continuar o governo do PT de Lula, desejo que o branco de Dilma e Lula pacifiquem a inquietação dos espíritos preocupados com as segundas intenções.
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
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