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Sábado - 06 de Maio de 2017 às 17:00

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Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.

Os costumes e o modo de viver em Cuiabá são coisas mágicas, e que aqueles que não nasceram aqui, jamais vão entender o porquê das pessoas que nascem no Centro da América do Sul vivem sempre bem humoradas e voltadas para o "viver feliz".

O cuiabano pode ser definido como uma pessoa alegre e que encontra prazer nas pequenas coisas que este lado de mundo lhe ofereceu. Viver mais de dois séculos segregados e isolados do resto do país foi sofrido. Por um lado foi ruim, mas por outro lado foi muito bom, porque contribuiu para preservação da cultura, culinária, sotaque e modo de viver.

O cuiabano é um "bonvivant": valoriza a cervejinha bem gelaaaaaaaaaaada, joga o truco espanhol como ninguém, e nos quintais, pode-se ouvir a gritaria do jogo mais tradicional desta terra:

Truco!

Quero retruco!

Quero seu chapéu!

Seu bananinha de "bolicho"!

Seu mambira!

Seu bobó cheira-cheira e capim de taipa.

Como é bom participar das rodas de bate-papo à sombra de uma mangueira, comendo uma cabeça de boi assada e tendo como acompanhamento a mandioca "ferventada" e vinagrete, isso é viver nesta terra simples, mas cheia de gente feliz.

O cuiabano adora fazer "moagem". É exímio em colocar apelido em todo mundo com a maior naturalidade, não no sentido pejorativo, mas sim, como princípio facilitador para fazer uma boa amizade. A cordialidade deste povo é tanta que em poucos minutos de convivência, já convida o "alienígena" para tomar uma cervejinha na sua casa e oferece o que tem na cozinha como forma de hospitalidade.

Em cada nascer de um novo dia, é mais um momento mágico para o cuiabano reverenciar esse dia e com bom humor que lhe é peculiar, exaltar a continuidade da vida.

Logo que amanhece, o cuiabano toma o seu guaraná ralado na grosa com o barulho do vai-e-vem dos movimentos lentos, e é nesse momento que ele passa a filosofar a vida, e tendo como o ponto de partida para começo de um novo dia. Essa bebida, por ser estimulante, lhe dá um perfeito estado de sintonia com o mundo, revigorando e tirando todo o estado depressivo, que raramente o afeta.

E o desjejum é o famoso "quebra-torto", podendo ser um escaldado de ovo de galinha caipira, ou um revirado de carne cortada na faca e mexido na farinha ou uma paçoca de carne seca socada no pilão.

O ser cuiabano é um estado de espírito bem particularizado. As pessoas tituladas de cuiabanos, logo no primeiro minuto ao ser castigado por esse calor gostoso que só nós suportamos com naturalidade, e esse sol escaldante que só nós adoramos, mas para os "paus rodados" o calor e o sol fortíssimos se transformam no muro da lamentação, sem querer, eles passam dizer "isto aqui parece um inferno" e sem pensar descarregam todo tipo de descontentamento sobre esta terra e sua gente. Os estranhos nunca vão ter o bom humor, a hospitalidade, espontaneidade para as festividades, a alegria de viver tranquilamente e que faz parte da natureza dos autênticos cuiabanos, acumular energia para alongar a vida e tem como filosofia a afirmativa: o sentido da vida é viver distribuindo sentimentos de felicidade a todos que se aproximam.

Você que não nasceu aqui, se não quiser ferir os ouvidos dos cuiabanos, é só não cometer uma cacofonia ao pronunciar: "no" Mato Grosso. Quem nasce em Cuiabá, nasce em Mato Grosso. Quem nasce "no" Mato Grosso, nasceu "no" pau grosso, (substantivo comum), e quem nasceu em Mato Grosso, nasceu no estado: substantivo próprio.

Quando ouvimos comunicadores de rádio e televisão pronunciar "no" Mato Grosso ou "do" Mato Grosso, ficamos a pensar, esses camaradas metidos "idiotas" ficam a criticar o sotaque do cuiabano, cometem essa cacofonia imperdoável e seguem a repetir dia após dia em nossos ouvidos, ferindo a nossa cultura e nos classificando como pessoas que vivem "no" Mato Grosso (pau grosso) e não "em" Mato Grosso, nosso querido Estadão.

Outro erro grave é pronunciar "baixada cuiabana", aqui não existe mar, portanto o correto é pronunciar Vale do Rio Cuiabá, ou seja, as cidades próximas de Cuiabá que fazem da parte baixa do Vale do Rio Cuiabá.

Muito prazer, eu sou cuiabano.

Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas. E-mail: wilsonfua@gmail.com



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