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Segunda - 15 de Maio de 2017 às 07:26

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Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos.
Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos.

Um processo é dialógico. Deve sê-lo. Caráter imprescindível. Daí a importância dos depoimentos. A acusação e a defesa precisam falar no processo, com a liberdade e espaço necessários, evitando assim que ocorram práticas já denunciadas, por exemplo, nos clássicos da literatura, entre os quais um dos livros de Kafka ("O Processo").Por isto, cabe realçar, a relevância do acusado, do réu falar, assim como se viu na quarta-feira passada (10/05) com o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o qual pesa graves denúncias. Foram quase cinco horas de depoimento. Este se encontra disponível em dez vídeos. Cansativos, mas necessários e importantes de serem assistidos por todos, até para que cada um destes tenha sua própria leitura a respeito, pois se trata de um processo de interesse público.Mesmo que o ex-presidente nada trouxe de novo, e não por conta de seu nervosismo, em especial nos três ou quatro vídeos. Ele cumpriu religiosamente a orientação de seus advogados. Isto já era esperado.

Depois de acompanhar minuto a minuto da gravação, com o cuidado para não se perder um só lance, esta coluna destacou três momentos relevantíssimos, e que denunciam as supostas certezas do petista, ex-sindicalista e ex-presidente. O primeiro deles se refere a um documento, datado de 2009 e assinado pela Sra. Mariza, no qual ela se demitiu da condição de consorciada na aquisição do apartamento 141 do edifício Solares. Estranhamente, porém, o Sr. Lula da Silva não só se mostrou desconhecimento sobre o dito documento, como também disse desconhecer que a sua esposa o havia assinado, porém não questionou a autenticidade da assinatura da esposa (claro!).

Um segundo momento diz respeito também ao desconhecimento do ex-presidente com relação a outro documento, desta feita de adesão, sem assinatura. Acontece que o referido documento fora encontrado em sua casa, juntamente com outros materiais, por ocasião da busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal.

Um terceiro momento trata-se da afirmação do ex-presidente que só ficou sabendo muito depois (dez ou quinze dias) da segunda visita de sua esposa ao famoso tríplex. Sua justificativa é, no mínimo, curiosa. Disse ele que as mulheres não falam tudo que fazem para seus maridos. Isto é, realmente, verdadeiro, assim como também os maridos se comportam de igual forma. Mas, (e) leitor, tal afirmativa não vale para o caso em questão. A visita a um apartamento, que poderia ser adquirido, é de interesse da família, do casal, e, portanto, não deveria passar em branco, sem a conversa a respeito entre D. Mariza e o Sr. Lula da Silva. Conversa que se daria antes da referida visita.

É, portanto, bastante estranho à justificativa do ex-presidente. Não mais estranho quanto às frases mais utilizadas por ele, a saber: "não", "não sei", "não tenho conhecimento". Por outro lado, o ex-presidente, ao longo de seu depoimento, tentou construir ou repetir o seu velho discurso, o de vítima e de perseguido, chegando a afirmar que o falecimento da esposa se deu em razão da pressão sofrida. Exagero que lhe era importante para o alcance de seu objetivo. É isto.

Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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