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Quarta - 24 de Maio de 2017 às 15:57

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Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos.
Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos.

Vive-se hoje um momento de desconforto no país. Desconforto - para dizer o mínimo - pela crise econômica, somada com a da política e agravada, sobremaneira, pela crise moral. A propósito, Alguns poucos partidos e políticos procuram diminuir a gravidade da conversa (gravada) do presidente com um dos sócios da JBS; um grande número dos partidos e de agentes políticos defende a renúncia do Michel Temer e outros pregam a cassação; mas nenhum deles advoga a expulsão dos envolvidos em corrupção e recebimento de propina de suas agremiações políticas. Isto, longe de ser estranho até em razão dos exemplos já registrados anteriormente, é bastante grave.
Gravidade, porém, escamoteada com a defesa da adoção do parlamentarismo, atribuindo assim a culpa ao sistema, e não as pessoas, como se estas fossem proceder de maneira diferenciada apenas porque mudou o caráter representativo, acompanhado ou não da forma de sistema distrital. Muita gente cai nesta cilada, passando a defender a dita mudança. Cai porque aceita, sem questionar, o que lhe dizem, e não percebe a arapuca em que se meteu. Não percebe porque acredita que o mal existente no país advém do chamado ‘presidencialismo de coalizão‘.
Neste, cabe lembrar, há a concessão de postos ministeriais a membros de partidos políticos com representação no Congresso Nacional, os quais, em troca, fornecem os votos necessários para a aprovação de projetos do governo no Legislativo. O que fortalece o compadrio, clientelismo, troca-troca de favores e a própria corrupção. Há, aqui, uma verdade. Mas não toda ela, até porque não é o processo de coalizão que é ruim ou maléfico. Pois este é necessário inclusive no parlamentarismo, uma vez que dificilmente um único partido tem maioria no Legislativo para formar sozinho o gabinete de governo. Daí a coalizão. Esta se dá em função de planos de ação programática, não em razão de cargos, a exemplo do que ocorre por aqui. Na Alemanha, por exemplo, esta coalizão tem acontecido.
Percebe-se, então, (e) leitor, que não são o sistema e a coalizão, no sentido de se juntar forças políticas, por si só, que promovem a corrupção. A Corrupção, a relação promíscua entre o governante e o empresário (entre o Estado e os empresários) e a institucionalização da propina são frutos das vontades, desejos e ações tão somente das pessoas. Nunca se viu ou ouviu dizer que o sistema ou a forma de governo tenha desviado recursos públicos, ou institucionalizado o clientelismo ou consolidado o pagamento de propinas. Esta dinâmica perniciosa e imoral, no país, vem desde o período imperial e estabeleceu-se de vez na República, consolidando-se no regime burocrático-militar (1964-85) e cresce consistentemente na fase que se estende de 1985 até hoje. As atuais denúncias demonstram o quadro de crescimento. A lista de envolvidos é grande, e poderia ser bem maior se outras empresas estivessem sendo investigadas. O mesmo se poderia dizer se ao lado da Petrobras, o BNDS também tivesse sido objeto de investigação. Aumentariam, inclusive, os pedidos de prisões e triplicaria a quantidade de delatores. Teria como se tem agora uma situação de desconforto ampliada. Desconforto que se agiganta com as participações na lista de envolvidos dos presidentes da Câmara Federal e do Senado, ministros, ex-presidentes e o atual presidente da República. Faltam nomes. É isto.

Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



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