Rapphael Curvo
Grave risco
Lastimável, é tudo que se pode dizer do comportamento de quatro dos sete membros do TSE- Tribunal Superior Eleitoral, que estão julgando o arrependido pedido do PSDB para a cassação da chapa Dillma e Temer, uma tragédia nacional. A fortíssima fundamentação e argumentação do relator, que pede pela cassação da chapa, sofre constantes contestações dos "ministros partidários" que estão não julgando, mas realizando de forma desavergonhada a defesa dos meliantes que se usufruíram de caminhos tortuosos e criminosos para chegar ao Poder. O despreparo do ministro Ademar Gonzaga é gritante, mostrou-se desconhecedor até de documentos probatórios apresentados pelo ministro relator Herman Benjamin. É na mão de julgadores como ele que está o destino do Brasil e seu povo. Ele como outro membro, o ministro Tarcísio Vieira de Carvalho, foram nomeados por Temer há pouco mais de 90 dias e, ao que parece, pelos argumentos e posturas contra o relatório, estão fazendo as pagas. Mesmo conhecedor das falcatruas da chapa, o ministro Tarcísio vota contra a cassação pelo simples motivo de que não aceita juntada das provas neste processo por terem sido pós demanda.
O que se observou durante o julgamento, comandado pelo presidente do Tribunal, ministro Gilmar Mandes, é que a conveniência política nos tribunais está se sobrepondo aos ditames da lei, e isso é grave. Juiz está lá para julgar de acordo com a lei. Essa saída que professa Gilmar Mendes, de que mais que a aplicação da lei, está o momento de estabilidade política e de governo, é uma desfaçatez jurídica, é um ponto fora da curva, com alto risco de se tangenciar e sabe-se lá o que poderá de mal causar ao Brasil. Uma coisa é certa, com esse tangenciamento, reergue das cinzas todo o bando quadrilheiro com forte argumento, de alta influência na população pouco esclarecida, de que houve sim um golpe e que tudo que está acontecendo é uma tramoia das elites. Vai respingar até na Lava Jato.
Este fato comportamental de Gilmar Mendes e companheiros na absolvição, está pautado pelas influências dos partidos e chefes partidários como FHC, todos envolvidos com a Justiça. Entram nesse saco de malfeitores, Lula, Aécio Neves, Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Jucá e outros tantos saqueadores dos cofres da República. A impunidade vai retornar com força e o campo das negociatas e apoio do dinheiro sujo perderá o receio de penalidade. A chancela legal dada a chapa Dilma-Temer é temerária.Com toda certeza, o TSE saíra chamuscado.
Seja lá o que for decidido pelo TSE, uma verdade é inequívoca, não há mais condições de se manter o processo político vigente. Urge uma reforma política e aquele que sair na frente sem o laço jurídico no pescoço, receberá a aprovação popular. Acredito que a salvação dos atuais partidos seria o afastamento imediato de toda sua cúpula diretiva e política envolvida com a justiça, não há outro caminho a ser trilhado. Terminada a votação do pedido de cassação da chapa PT-PMDB e vencida por esta, há uma enorme probabilidade de acontecer uma revolta na população que poderá ser manifestada nas ruas ou na rejeição de forma acintosa à classe política e seus líderes que se verão impedidos de frequentar lugares públicos.
João Doria, Marchesan e outros líderes da nova geração política, deverão, o mais rápido possível, marcar claramente suas posições ante a estrutura arcaica e contaminada dos seus atuais partidos. O PSDB-Doria, como exemplo, tem que se impor aos carcomidos chefes políticos e pedir imediato afastamento de todos eles. Ou o Doria faz isso ou será tragado pela lama dos chefes contaminados. O que se vê no TSE é a extensão dessa política indecente, que se proliferou desde a ascensão do PT ao governo, com o beneplácito de FHC que busca também pela salvação de Lula na Lava Jato. Está passando da hora da população reagir de forma dura com todas essas atuações fétidas da atual classe política brasileira, raras exceções. Vem por aí muito mais podridão do governo e seu bando de aliados, muitas caixas de corrupção estão para serem abertas, agora somadas às caixas Loures e Palocci. É alguma coisa de surreal ver um deputado federal, braço direito do presidente da República, sair correndo pelas ruas com uma mala cheia de dinheiro da corrupção. A que ponto chegamos. O momento é de grave risco.
Rapphael Curvo é jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós-graduado pela Cândido Mendes. E-mail: raphaelcurvo@hotmail.com