Toque de Alerta - toquedealerta.com.br
Pobre País! Triste Povo!
Uma vez mais, as denúncias que envolvem a Petrobrás aparecem no tablado eleitoral nacional. E, novamente, a oposição parece patinar na prancha da própria incapacidade. Tanto que não consegue transformar as ditas denúncias em temas de discussão, nem sequer pressionar o governo para responder as inúmeras questões que surgem em função das mesmas denúncias. E olhem que estas não são novas. Pois, há muito, estão presentes no cotidiano da imprensa. Renovadas, agora, com a deleção premiada de um ex-diretor da empresa, cujo teor encalacra lideranças políticas do PT, PMDB e PP, os quais, segundo o depoimento, levavam 3% do valor dos contratos da Petrobrás entre 2014 a 2012.
Situação gravíssima. Bem mais quando se percorre os olhos em parte da lista dos nomes envolvidos, e percebe que entre eles estão os de ministros, tesoureiro do partido da presidente-candidata e dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. Nada, porém, até este instante, foi questionado por um congressista. Tudo transcorre como se coisa alguma aconteceu, e nenhum depoimento foi registrado. A maioria dos parlamentares federais não quer se envolver. Pois, afinal, eles estão em meio a uma tarefa imprescindível, que são suas reeleições. Isto “justifica” qualquer “omissão”, acham eles, e devem permanecer assim, calados, sem moverem “uma palha” – em uma linguagem do interior.
Quadro tragicômico. Bastante diferente, contudo, seria o comportamento dos parlamentares de outros países, europeus e/ou estadunidense. Por aqui, pouco importa o patrimônio público que, infelizmente, é considerado extensão do particular. Não de todos os indivíduos, mas de alguns poucos – tidos e reconhecidos mais brasileiros que os demais. Tanto que podem dilapidar uma empresa do porte da Petrobrás para encherem as burras de campanhas e abrirem contas clandestinas.
O pior de tudo, no entanto, é ter a certeza da impunidade. Tanta certeza se tem da impunidade que muitos nem ligam para as manchetes da imprensa, nem para a publicação de seus nomes como envolvidos.
Assim, de agora por diante, os debates eleitorais devem ser tocados por frases de efeito, e que nada dizem. Do lado da presidente Dilma, “desespero” e “interesse oculto por trás das acusações”, até para evitar o próprio encurralamento, pois não quer enfrentar o problemão; ao passo que a Marina Silva sairia com a seguinte frase: “estratégia leviana para destruir adversários”, com o fim de impedir que o aparecimento do Eduardo Campos, na lista dos acusados pelo depoente, venha a lhe trazer prejuízos eleitorais; enquanto o Aécio Neves buscará as denúncias como tábuas de salvação de seu péssimo desempenho na campanha.
No final, o dito será tomado pelo não dito, e, então, as coisas continuarão a ser tocadas por ondas calmas e serenas. Isso vai se dá ao longo da campanha, e, quando passarem as eleições, o país retornará ao seu cotidiano, sem que um único culpado tenha sido punido, e sem que o atual governo seja obrigado a pronunciar a respeito da dilapidação da Petrobrás. Pobre Brasil! Triste povo!
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Situação gravíssima. Bem mais quando se percorre os olhos em parte da lista dos nomes envolvidos, e percebe que entre eles estão os de ministros, tesoureiro do partido da presidente-candidata e dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. Nada, porém, até este instante, foi questionado por um congressista. Tudo transcorre como se coisa alguma aconteceu, e nenhum depoimento foi registrado. A maioria dos parlamentares federais não quer se envolver. Pois, afinal, eles estão em meio a uma tarefa imprescindível, que são suas reeleições. Isto “justifica” qualquer “omissão”, acham eles, e devem permanecer assim, calados, sem moverem “uma palha” – em uma linguagem do interior.
Quadro tragicômico. Bastante diferente, contudo, seria o comportamento dos parlamentares de outros países, europeus e/ou estadunidense. Por aqui, pouco importa o patrimônio público que, infelizmente, é considerado extensão do particular. Não de todos os indivíduos, mas de alguns poucos – tidos e reconhecidos mais brasileiros que os demais. Tanto que podem dilapidar uma empresa do porte da Petrobrás para encherem as burras de campanhas e abrirem contas clandestinas.
O pior de tudo, no entanto, é ter a certeza da impunidade. Tanta certeza se tem da impunidade que muitos nem ligam para as manchetes da imprensa, nem para a publicação de seus nomes como envolvidos.
Assim, de agora por diante, os debates eleitorais devem ser tocados por frases de efeito, e que nada dizem. Do lado da presidente Dilma, “desespero” e “interesse oculto por trás das acusações”, até para evitar o próprio encurralamento, pois não quer enfrentar o problemão; ao passo que a Marina Silva sairia com a seguinte frase: “estratégia leviana para destruir adversários”, com o fim de impedir que o aparecimento do Eduardo Campos, na lista dos acusados pelo depoente, venha a lhe trazer prejuízos eleitorais; enquanto o Aécio Neves buscará as denúncias como tábuas de salvação de seu péssimo desempenho na campanha.
No final, o dito será tomado pelo não dito, e, então, as coisas continuarão a ser tocadas por ondas calmas e serenas. Isso vai se dá ao longo da campanha, e, quando passarem as eleições, o país retornará ao seu cotidiano, sem que um único culpado tenha sido punido, e sem que o atual governo seja obrigado a pronunciar a respeito da dilapidação da Petrobrás. Pobre Brasil! Triste povo!
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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