Testemunhas de defesa de dois dos quatro réus foram ouvidas nesta quinta.Principal réu, Éder Moraes foi dispensado e não acompanhou audiências.
Juiz ouve primeiras testemunhas em processo da operação Ararath em MT
O processo na 5ª Vara é o primeiro provocado pelas investigações da operação Ararath, articulada em conjunto por Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF).
O principal réu é o ex-secretário de estado Éder Moraes (PMDB), preso durante a operação no dia 20 de maio. Éder foi levado para a carceragem da Papuda, no Distrito Federal, e voltou a Cuiabá na quarta-feira para acompanhar as audiências, mas, de última hora, preferiu abrir mão do direito de acompanhar os depoimentos das testemunhas de defesa.
A diretoria da 5ª Vara havia divulgado o agendamento de audiências com 13 testemunhas nesta quinta-feira, mas os advogados que acompanharam os procedimentos falaram que apenas sete ou oito pessoas chegaram a ser ouvidas, todas arroladas pelas defesas dos réus Luiz Carlos Cuzziol, superintendente regional do BicBanco, e Vivaldo Lopes, ex-secretário-adjunto da Fazenda.
Metade dos depoimentos era de pessoas de fora do estado, como de São Paulo e Pernambuco, e foi colhida via videoconferência. Não foi divulgado número oficial do total de depoimentos colhidos. Vivaldo e Cuzziol foram os únicos réus que acompanharam presencialmente as audiências das testemunhas nesta quinta-feira.
Depoimentos
O ex-adjunto da Secretaria de Fazenda (Sefaz) pediu para que seu advogado, Ulisses Rabaneda, falasse por ele com a imprensa na saída da Justiça Federal. O defensor declarou que as testemunhas em favor de seu cliente contribuíram com a defesa, mas outros depoimentos em favor do ex-secretário ainda devem ser colhidos nesta sexta-feira (25).
Uma empresa de Vivaldo teria recebido valores em uma transação ilegal do banco clandestino operado pelo empresário Gercio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, a mando de Éder Moraes. A defesa do ex-adjunto tem alegado que o repasse foi lícito e destinado a pagar serviços de consultoria prestados pela empresa ao Mixto Esporte Clube, presidido por Éder, ex-titular da Sefaz.
Por sua vez, Cuzziol é acusado de realizar repasses ilegais por meio do BicBanco, do qual é superintendente, a fim de atender aos interesses políticos de Éder. Segundo as investigações, o senador Blairo Maggi (PR) teria acertado com a direção do banco que atendesse a todas as necessidades financeiras de Éder.
Cuzziol se negou a conversar com jornalistas na saída da Justiça Federal assim como o advogado que o acompanhava.
Já o advogado de Éder, Paulo Lessa, comentou que os depoimentos serviram, entre outros, para a Justiça averiguar se havia no BicBanco influência externa para a concessão dos empréstimos vultosos feitos em favor de Éder, o que teria sido negado pelos depoentes que compareceram às audiências desta quinta-feira.
Nesta sexta-feira são aguardadas 12 pessoas para depor na condição de testemunhas. Não se sabe por quais réus elas foram designadas. Segundo a Justiça Federal, três delas devem ser ouvidas por videoconferência – duas são do estado de Goiás e uma de Londrina (PR).