Conselho Nacional de Justiça apura conduta de desembargador Maroja. Advogado Leonardo Maroja, filho do acusado, nega recebimento de valores.
CNJ investiga juiz do Pará suspeito de vender sentença para políticos
A decisão foi unânime e se refere à gestão do desembargador no Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), que aconteceu entre 2009 e 2011. Segundo o CNJ, o Maroja teria usado do seu cargo para beneficiar candidatos que haviam sido cassados pela justiça eleitoral, concedendo liminares para recursos que ele mesmo havia negado anteriormente.
Segundo o corregedor nacional de justiça, Francisco Falcão, a procuradoria eleitoral apresentou gravações que reforçam a venda de sentenças. “O procurador regional eleitoral apresentou declarações gravadas magneticamente, as quais sugerem que o desembargador Maroja proferiu a decisão de retorno motivado pelo pagamento de vultosa quantia que poderá chegar a R$ 1 milhão”, disse o ministro.
Ainda de acordo com o CNJ, a venda de sentenças era intermediada pelo filho do desembargador, o advogado Leonardo Maroja. Por conta disso, além de instaurar o PAD e determinar o afastamento do desembargador, o Conselho acatou a proposta do ministro Falcão de enviar para a OAB informações sobre a conduta do advogado Leonardo Maroja, para que ele também seja investigado.
Advogado diz que acusação é injusta
Por telefone, Leonardo Maroja negou as acusações. "Nós não trabalhamos desta forma. É lamentável. Posso lhe assegurar que, se disseram que eu peguei R$ 1 milhão, não vi esse dinheiro. Estão me acusando por vingança política. São pessoas insatisfeitas com o resultado de processos, que espalharam o boato que o meu pai teria recebido cifras. O fato é que o meu advogado esteve ao CNJ e fez uma defesa concisa, mas infelizmente é muito triste. Eu não peguei valores, e meu pai tem princípios para não vender decisões. Esta sentença (do CNJ) é exagerada e injusta", disse o advogado.
Entenda o caso
Segundo o CNJ, Maroja recebeu a quantia do prefeito e o vice prefeito de Chaves, na ilha do Marajó, que foram cassados pela Justiça Eleitoral sob acusação de compra de votos na eleição de 2008. Após a cassação, os candidatos entraram com recursos que foram negados pelo TRE-PA.
Porém, um mês após a publicação da decisão, o próprio desembargador Maroja, que havia rejeitado o recurso especial, acabou concedendo liminar que permitiu o retorno dos três políticos aos respectivos cargos.
Leonardo Maroja, filho do desembargador, nega envolvimento com o prefeito cassado de Chaves, e atribui a acusação do MP a disputas políticas. Segundo ele, a decisão do tribunal foi em favor do então vice-prefeito, o que acabou conduzindo o prefeito cassado de volta ao cargo.
Juiz acusado de favorecer advogados também será julgado pelo CNJ
Ainda nesta segunda-feira, o CNJ decidiu revisar a decisão do TJPA, que em 23 de abril de 2013 julgou improcedentes as acusações contra o magistrado paraense José Admilson Gomes Pereira por suspeitas de tráfico de influência e venda de sentenças. O juiz foi alvo de um processo administrativo disciplinar (PAD) da época em que atuava na comarca de Novo Progresso, no sudoeste do Pará, nos anos de 2010 e 2011.
Para o ministro Francisco Falcão, a decisão do TJPA contraria evidências apontadas no PAD. Trechos de gravações e depoimentos teriam sido desconsiderados pelo plenário do Tribunal no julgamento do processo. De acordo com Falcão, duas pessoas, entre elas um advogado, negociavam o pagamento de propinas em processos sob a responsabilidade do magistrado. O G1tenta entrar em contato com o juiz José Admilson.