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POLÍTICA
Segunda - 30 de Maio de 2016 às 17:59
Por: Redação Do G1, em São Paulo

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Foto: Ilustrar
,Ministro Fabiano Silveira
,Ministro Fabiano Silveira
Chefes regionais do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle em ao menos nove estados entregaram seus cargos nesta segunda-feira (30) em protesto pela permanência do ministro Fabiano Silveira na pasta, segundo levantamento do G1. Em gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Silveira faz críticas à condução da Lava Jato e dá conselhos a investigados na operação.

O Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacom Sindical) afirma que todos os 26 chefes regionais entregaram os cargos. No total, 250 servidores em funções de chefia colocaram seus cargos à disposição nesta segunda, de acordo com o sindicato.

Os chefes regionais dos estados de AL, AP, CE, MG, PB, PE, SP, RJ e RS informaram ao G1 que entregaram seus cargos. Em RR e MS, eles colocaram o cargo à disposição.

O áudio foi gravado por Machado durante uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Silveira, quando ainda era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na tarde desta segunda, assessores do presidente em exercício Michel Temer afirmaram que, "por enquanto", Silveira fica no cargo.

Os chefes regionais afirmam que a entrega dos cargos se deve à permanência de Silveira na pasta mesmo após a divulgação das gravações. Eles pedem a exoneração do ministro. A mobilização é realizada pelos servidores da extinta Controladoria-Geral da União (CGU), que teve suas atribuições absorvidas pelo recém-criado Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, chefiado por Silveira.

Em alguns estados, além da entrega dos cargos, as atividades do órgão estão paralisadas. O ministério da Transparência foi procurado, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

ALAGOAS

José William Gomes da Silva, chefe regional em Alagoas, entregou o cargo nesta segunda-feira. "É insustentável alguém estar no órgão que combate a corrupção, dando conselhos a pessoas investigadas de como se desvincular da Operação Lava Jato, tentando atrapalhar o trabalho da CGU. Ele [o ministro] criticou o papel do Procurador-Geral da República. Isso nos deixa em uma situação muito complicada", afirmou.

AMAPÁ

Romel Oscar Tebas entregou o cargo nesta segunda junto com o chefe substituto e a chefe do Núcleo de Ações Especiais. "A CGU pauta pelo princípio da ética e da integridade. Os servidores da CGU são muito unidos, nós não aceitamos esse tipo de comportamento do ministro. Sob o comando dele, em tese, a CGU não funciona mais. Do ponto de vista ético, ele não é hábil para o cargo", afirmou Tebas.

CEARÁ

O chefe regional, Roberto Vieira Medeiros, e todos os 80 servidores do órgão no Ceará, entre técnicos e analistas, entregaram os cargos nesta segunda em protesto pela mudança de status e de subordinação da CGU, que passou a integrar o organograma do Ministério da Transparência. Os funcionários tambérm pedem o afastamento imediato do ministro.

MATO GROSSO DO SUL

João Paulo Julieti Barbieri colocou o cargo de chefe regional à disposição e disse que vai deixar a função caso o presidente em exercício, Michel Temer, não volte atrás na nomeação de Silveira para o cargo de ministro da Transparência.

MINAS GERAIS

Breno Barbosa Cerqueira Alves entregou o cargo nesta segunda e afirmou que todos os seis chefes de setores do órgão também deixaram suas funções. Ele afirmou ainda que as atividades do órgão estão paralisadas, no estado, por tempo indeterminado. A "gota dágua" para a entrega dos cargos, segundo Alves, foi a divulgação dos áudios com o ministro da Transparência. A ação também é um protesto pelo retorno da CGU à estrutura da presidência da República, com status de ministério, afirma.

PARAÍBA

O chefe regional, Gabriel Aragão, e outros dois chefes de divisão entregaram os cargos na manhã desta segunda-feira. O ato ocorreu em protesto pedindo a saída do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira. O ato pede também a revogação de todas as mudanças na CGU, decorrentes da MP 726/2016.

PERNAMBUCO

“Ter um ministro que está em investigação coloca sob suspeita o órgão todo, que perde em credibilidade junto aos seus parceiros de operações especiais, como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal”, afirmou Victor de Souza Leão, chefe da Controladoria Regional da União de PE, que entregou o cargo nesta segunda.

SÃO PAULO

Roberto César de Oliveira Viegas deixou o cargo nesta segunda e afirmou que todos os chefes regionais farão o mesmo. "Todos os chefes, sem exceção, de todo o Brasil, de todas as unidades da federação, entregaram seus cargos. A iniciativa vem após a divulgação da reportagem que coloca o nosso ministro numa situação delicada. A inciativa vem no sentido de que se consiga com isso que ele seja exonerado. Não se pode conceber um órgão de combate a corrupção tendo fragilidades dessa natureza", afirmou.

RIO DE JANEIRO

Fabio do Valle Valgas da Silva entregou o cargo nesta segunda e afirmou que todos os chefes regionais, diretores e cargos comissionados estão aderindo ao protesto. “Não concordo em ter um ministro chefe que esteja envolvido em situação não republicana de alta permeabilidade política. A CGU é órgão de estado e não de governo. Nossa função é justamente lutar contra o mau uso dos recursos públicos, coisa que incomoda muitos setores da política nacional", afirmou.

Silva também criticou a extinção da CGU. "A extinção da CGU enfraquece 14 anos de investimento institucional. Um eventual ministro que não possua conduta ilibada enfraquece ainda mais o órgão de combate à corrupção. O presidente [em exercício] Temer tem a obrigação de mostrar que está verdadeiramente interessado em combater a corrupção."

RIO GRANDE DO SUL

O chefe regional do Ministério da Transparência no Rio Grande do Sul, Cláudio Moacir Marques Corrêa, entregou o cargo nesta segunda. "Houve perda de confiança. Esperamos que outra pessoa seja indicada para comandar a pasta, que agora está com a confiança comprometida com órgãos parceiros, como Polícia Federal e Ministério Público Federal", afirmou. "É uma maneira de protestar e também brigar pelo retorno do nome CGU. Gostaríamos de ter o nome de Controladoria-Geral da União novamente, pois é uma identidade que criamos e queremos preservar", completou.

RORAIMA

Max Túlio Ribeiro Menezes colocou o cargo à disposição na manhã desta segunda. “O motivo foi a divulgação dos áudios. É um áudio delicado. Isso descredibiliza a gente. Você deve ter uma pessoa a frente do órgão acima de qualquer suspeita”, diz Max Túlio.




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