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POLÍTICA
Sexta - 15 de Junho de 2012 às 03:46
Por: Priscilla Mendes

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O GLOBO
Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit)
Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit)

A CPI do Cachoeira decidiu em sessão administrativa nesta quinta (14) adiar as votações de requerimentos de convocação de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta Construções, e de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit). Antes, os integrantes da CPI tinham aprovado a quebra de sigilo dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF).

Nos casos do ex-presidente da Delta e do ex-diretor do Dnit, os parlamentares da comissão aprovaram por maioria de votos o "sobrestamento" dos requerimentos de convocação de Cavendish (16 votos a 13) e Pagot (17 a 13). Na prática, o “sobrestamento” adia a votação dos requerimentos até o surgimento de fatos novos que, do ponto de vista da comissão, justifiquem a convocação dos dois.

A empresa Delta, durante a presidência de Cavendish, teria supostos vínculos com o esquema do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, Carlinhos Cachoeira, segundo investigação da Polícia Federal. Pagot, em entrevistas à imprensa, relatou uso de caixa dois em campanhas eleitorais por PT e PSDB e apontou influência de Cachoeira na demissão dele do Dnit. Ele se colocou à disposição para comparecer à comissão.

A proposta de sobrestamento foi formulada pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Havia 11 requerimentos protocolados na CPI para a convocação de Cavendish e oito pela de Pagot.

“O que tem que motivar a convocação é a analise da investigação. Por isso, neste momento, entendo não ser a aprovação ou rejeição desse requerimento. Por isso, proponho esse sobrestamento”, disse Cunha. Para ele, a convocação "deve ser motivada pela análise dos documentos que nós temos nessa CPMI. Entendemos que não se deve neste momento nem confirmar nem rejeitar”.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) criticou o adiamento da convocação de Cavendish e Pagot. Ele disse que ambos são "imprescindíveis" para a CPI e afirmou que integrantes da comissão estariam com "medo" do que Cavendish e Pagot possam dizer à comissão.

"Precisamos definir o medo. O medo é uma sensação de temor. O medo traz adrenalina a algumas pessoas. Algumas pessoas estão com medo, com receio da vinda a esta casa dos senhores Cavendish e Pagot. O Pagot é um fio desencapado. Ele precisa falar", disse Taques. "Estamos com medo de que eles venham aqui e comprovem corrupção na República?", indagou.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo, apoiou o relator e defendeu que somente sejam convocados depoentes que tenham relação direta com o objeto de investigação da CPI.

"Essa CPI tem foco. Então é um erro político nós sairmos daqui com a convocação do Pagot. Chamar o Pagot aqui é para ele falar sobre contribuição de campanha. Não adianta fazer cena, fazer proselitismo. O Pagot falou em contribuição de campanha. Nós queremos examinar a organização criminosa do sr. Cachoeira. Se tiver relação do Pagot com a organização criminosa, nós vamos examinar e convocar. Se não tiver, não", declarou Vaccarezza.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) rebateu e afirmou que Pagot disse ter sido derrubado da direção-geral do Dnit por Cachoeira e pela Delta. "Ele tem o direito de vir aqui", afirmou Dias.

O deputado Miro Teixeira disse que vai convidar Luiz Antonio Pagot para uma reunião informal em outra sala do Senado. “Vamos fazê-lo numa sessão informal. Numa reunião política, que eu pedirei ao senador Pedro Simon para presidir”, afirmou.

Governadores
Antes das votações dos requerimentos de Cavendish e Pagot, a CPI aprovou por unanimidade em sessão administrativa nesta quinta (14) requerimentos de quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico, de e-mail e SMS no período dos últimos dez anos dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF).

Os dois requerimentos aprovados, em votação nominal, eram de autoria do relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), e estabelecem a quebra do sigilo dos dois governadores desde 1 de janeiro de 2002.

Marconi Perillo e Agnelo Queiroz prestaram depoimentos nestas terça (12) e quarta (13) à CPI, respectivamente. Na quarta, durante o depoimento, Agnelo afirmou que abria mão dos sigilos, o que motivou Perillo a anunciar a mesma atitude, em Goiânia.

Dilma
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), recusou um requerimento do PSDB para que a presidente Dilma Rousseff comparecesse à comissão na condição de testemunha.

O senador José Pimentel (PT-CE) pediu para que o requerimento fosse colocado em votação para que pudesse ser rapidamente derrubado. "Rejeito liminarmente", afirmou Vital do Rêgo, sob o argumento de que a Constituição não permite a convocação da presidente.

Antes, o deputado Silvio Costa (PTB-PE), ao tomar conhecimento da existência do requerimento, já havia pedido a Vital do Rego que o desconsidasse. “A CPI não pode convocar presidente do Supremo [Tribunal Federal] nem da República. Gostaria que o senhor considerasse esse requerimento natimorto”, afirmou Costa.

O requerimento do PSDB era assinado pelos deputados Carlos Sampaio, Fernando Francischini, Domingos Sávio e Vanderlei Macris e pede que a presidente Dilma Rousseff seja convocada na condição de testemunha.


 






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