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POLÍTICA
Sexta - 11 de Maio de 2012 às 05:12
Por: Nathalia Passarinho e Iara

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O GLOBO
Bicheiro Carlinhos Cachoeira
Bicheiro Carlinhos Cachoeira

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI mista que investiga as relações políticos e autoridades com Carlinhos Cachoeira, afirmou nesta quinta (10) que o plano de trabalho da comissão pode mudar e incluir o depoimento de governadores suspeitos de envolvimento com o bicheiro. O cronograma original de depoimentos à CPI não prevê a presença de governadores.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), membro da CPI, afirmou que um assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recebeu R$ 500 mil da organização chefiada por Cachoeira, preso em fevereiro pela Polícia Federal. De acordo com Teixeira, a informação foi dada pelo delegado da PF Matheus Mela Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira, em fevereiro. O delegado prestou depoimento à CPI em sessão secreta nesta quinta.

Na segunda (7), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou que iria pedir a abertura de inquérito para apurar as relações de Perillo e Cachoeira por conta de uma solicitação do próprio governador, que nega as acusações. O pedido para convocação do governador provocou bate-boca na CPI (veja no vídeo acima).

Nesta quinta, Vital do Rêgo afirmou: "Se a comissão entender, majoritariamente, colegiadamente, que precisa mudar o plano de trabalho, ela vai votar a mudança do plano de trabalho, no dia 17, na próxima reunião administrativa". Ele disse que, no mesmo dia, também colocará em votação requerimento que pede a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que a comissão precisa "aprofundar as investigações" sobre a participação do grupo de Cachoeira nos governos de Goiás e do Distrito Federal. Ele também disse que a convocação de governadores será analisada no dia 17 de maio. "Há uma impregnação muito forte dessa organização no governo de Goiás. Temos que aprofundar as investigações. O governo do Distrito Federal também merece nossa investigação", disse.

Ao relatar a jornalistas o depoimento do delegado, Paulo Teixeira disse que as escutas telefônicas da Polícia Federal indicaram que houve uma remessa de uma caixa de computador com R$ 500 mil para o palácio do governo de Goiás. A caixa teria sido recebida por um assessor especial do governador.

No depoimento, de acordo com o deputado, o delegado informou que Perillo é citado mais de 200 vezes em gravações telefônicas realizadas pela operação. Segundo ele, há citações também envolvendo o governador do Distroto Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF).

"Há pelo menos dois contatos [do Perillo] com o Cachoeira [...] Parabéns pelo aniversário, dois encontros, um jantar na casa do Demóstenes [Torres, senador]", disse o senador Randolfe Rodrigues, integrante da CPI.

Segundo o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), o governador de Goiás telefonou para os integrantes da CPI pedindo para ser ouvido na comissão que investiga as relações do bicheiro com políticos e empresários. Francischini defende que tanto Perillo quanto Agnelo têm de prestar esclarecimentos à comissão.

"Eu não tenho a mínima dúvida que os governadores têm de vir. Inclusive apresentamos um requerimento de convocação dos governadores, inclusive do governador do meu partido. Acho que os dois [Perillo e Agnelo] têm de prestar explicações para que a opinião pública saiba o que aconteceu", afirmou.

Advogados
O senador Vital do Rêgo justificou a presença na sessão desta quinta de advogados de suspeitos de envolvimento com Cachoeira. Estavam presentes, segundo relato dos parlamentares, os advogados do bicheiro, do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e do ex-diretor da Delta Centro Oeste, Claudio Abreu.

Deputados e senadores reclamaram que Vital do Rêgo decidiu de forma monocrática autorizar a presença da defesa dos suspeitos, sem comunicar o fato aos demais integrantes da CPI.

Segundo o senador, a legislação e a jurisprudência de tribunais garantem aos advogados o direito de presenciar as sessões das comissões parlamentares de inquérito, inclusive as que ocorrem em sigilo.

“Para garantir o cumprimento da lei, é imprescindível a presença dos advogados. Eu agi com lisura, com absoluta responsabilidade da presidência e com comportamento jurídico, resguardando direitos. Pedi desculpa porque sempre gosto de pedir desculpas. Mas em nenhum momento em eu errei”, afirmou.
 






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