Acidente na obra: Sindicato visita famílias e cobra providências
Subiu para três o número de mortos no acidente na obra do edifício comercial Amazon Business, no bairro Santa Helena, em Cuiabá, onde ocorreu o acidente que vitimou dois trabalhadores na manhã desta desta quinta (5). Por volta das 16 h, faleceu o pedreiro Fernando da Conceição, que estava internado no Pronto Socorro de Cuiabá. Lá também está Elias da Silva, cujo estado de saúde é grave e que respira com a ajuda de aparelhos. Em estado grave na UTI do Hospital Santa Helena estão os carpinteiros Washington Luis Isaque e Jonathan Palma da Silva.
Os seis trabalhadores caíram com o elevador de transporte de pessoal da obra, que despencou de uma altura de 18 metros. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. No local, morreram o guincheiro Eurico Jesus Ferreira, 38, e o mestre de obras Agnaldo Alves dos Santos, 40. O corpo de Agnaldo está sendo velado na Capela Jardins, em Cuiabá, e será enterrado nesta sexta (6), às 16 h.
De acordo com o sindicato, de janeiro de 2010 até o momento, já foram registradas 9 mortes de trabalhadores em construções, porém em nenhum dos casos as empresas sofreram nenhum tipo de penalidade. Santana explica que nunca houve denúncia dos trabalhadores contra a Pactual Construtora e Incorporadora, responsável pela obra. “O sindicato realiza reuniões freqüentes de orientação e de fiscalização nos canteiros, mas isso geralmente é feito à partir de denúncias ou convites dos próprios trabalhadores, o que nunca ocorreu em relação à Pactual. Nunca tivemos reclamação de lá”.
Santana e o assessor jurídico do sindicato, Manoel Seixas, percorreram os hospitais na tarde desta quinta para verificar se a empresa estaria oferecendo assistência às famílias com relação aos internados e aos óbitos. No hospital Santa Helena, eles conversaram com a equipe médica responsável pelos acidentados,que confirmou que a Pactual tem cumprido os protocolos necessários para que seja prestado o atendimento às famílias.
O sindicato também visitou a Capela Jardins, onde está sendo velado o corpo de Agnaldo e a residência de Eurico, no bairro Três Barras.
Até o final da tarde desta quinta (5) ainda não era claro o quadro clínico de Washington e Jonathan, pois eles estavam sendo submetidos a exames para detectar que cirurgias serão necessárias. Jonathan estava inconsciente, mas não era ainda possível aos médicos saber se isso se devia a um coma induzido por medicamentos ou conseqüência do acidente. Washington teve traumatismo craniano e perfuração no pulmão.
De acordo com Santana, o SINTRAICCCM vai aguardar o resultado do laudo técnico da fiscalização da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE), que deve visitar a obra nesta sexta (6). Por enquanto, a entidade se colocou à disposição para prestar assessoria jurídica às famílias.
O advogado Manoel Seixas também já está em contato com o advogado da empresa, Luis Carlos.
Embora não possa ainda apontar as causas do acidente, Santana chama a atenção para a necessidade de fiscalização nas empresas da construção civil, que se proliferaram nos últimos anos em Cuiabá, passando de 1.237 em 2009 para 2.832 até o final de 2011.
A construção civil não ocupa o primeiro lugar na lista dos setores econômicos com o maior número de acidentes de trabalho, mas mantém elevados índices de ocorrências em Mato Grosso.
Dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) mostram que a incidência de acidentes de trabalho saltou de 318, em 2006, para 727, em 2008, no Estado, um aumento de 128%.
Estas são as primeiras três mortes de 2011 no setor. Em 2010, foram 7 óbitos, a maioria relacionada a desabamentos de material sobre os trabalhadores e quedas.
Um dos itens a ser observado, segundo Santana, é a presença obrigatória de dois elevadores na obra, um para carga e um para pessoal. Pode haver irregularidade, segundo ele, caso estivesse sendo feito uso inadequado do elevador de pessoal que, segundo informações recebidas pelo sindicato, estaria sendo utilizado para carga, o que pode tê-lo sobrecarregado.
Os procedimentos de segurança para o setor da construção civil estão previstos pela Norma Regulamentadora 18 (NR 18) emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que estabelece diretrizes administrativas, de planejamento e de organização para a implantação de medidas de segurança.
A obra só será retomada depois da perícia feita pela SRTE.