Toque de Alerta - toquedealerta.com.br
MEIO AMBIENTE
Quinta - 13 de Janeiro de 2011 às 16:37
Por: Nathália Duarte

    Imprimir


Por ter dimensões continentais, o Brasil é afetado, ao mesmo tempo, por diferentes fenômenos climáticos que causam temporais e secas pelo país, no mesmo período do ano. Desde outubro, o Rio Grande do Sul sofre com uma estiagem severa que já levou cinco cidades a decretar situação de emergência. Enquanto isso, a chuva intensa no Sudeste já deixou quase 400 mortos. Só no Rio de Janeiro, até as 14h10 desta quinta-feira (13), 381 pessoas morreram vítimas das chuvas.

A pedido do G1, meteorologistas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) elaboraram um mapa que aponta áreas em que há registro de chuva e de seca acima da média histórica. As regiões traçadas na figura são aproximadas. (veja figura abaixo)

"Essas chuvas intensas são provocadas por uma zona de convergência de umidade que se configurou há cerca de três dias. Esse canal de umidade sobre parte do Norte, o Centro-Oeste e parte do Sudeste, é comum nesta época do ano, e associado a temperaturas elevadas causa chuvas ainda mais fortes", diz o meteorologista Gustavo Escobar, coordenador do Grupo de Previsão de Tempo do Cptec/Inpe.

Mortos pela chuva no Sudeste 13/11 13h45Mortos pela chuva no Sudeste (Foto: Arte/G1)

Com chuvas dentro da normalidade para a época do ano, as tragédias que temos visto são causadas pela combinação dos temporais e um ambiente irregular, de encostas, áreas já sujeitas a riscos. "O solo encharcado e a chuva constante, sem tempo de escoamento, têm sido responsáveis pelos deslizamentos de terra e desabamentos”, afirma o também meteorologista José Felipe Farias, do Cptec/Inpe.

A previsão para os próximos dias não é boa para famílias que já enfrentam transtornos causados pela chuva no Sudeste. Nesta sexta-feira (14), temporais devem persistir no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais. No fim de semana, também há possibilidade de pancadas de chuva, que podem ser intensificadas por temperaturas elevadas.

Chuva no Norte e seca no Sul
Enquanto as chuvas no Sudeste e parte do Centro-Oeste são causadas por um canal de umidade, no Norte, os temporais são provocados pela atuação do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas no Pacífico Equatorial. O mesmo cenário que configura chuvas acima da média histórica na Região Norte, leva à seca na Região Sul. O La Niña está atuando desde junho de 2010.

“O La Niña provoca uma mudança nos ventos entre a Austrália e a Região da Indonésia. No Brasil, há alteração na circulação de ventos tanto no eixo leste/oeste quanto no norte/sul, por isso ocorre a mudança no comportamento da chuva”, diz ao G1 a meteorologista Priscila Farias, do Cptec/Inpe. Na Região Sul, o período com falta de chuva se estabeleceu a partir de outubro.

Priscila explica que na região em que há o resfriamento das águas, a formação de nuvens é deslocada. "Onde as nuvens se formam, o ar ascende, e onde ele desce, ele inibe a formação de nuvens. Por isso temos falta de chuva em alguns pontos e excesso, em outros, já que o fenômeno influencia na circulação geral do ar na atmosfera", afirma.

Nordeste
Na Região Nordeste, entre novembro e dezembro, choveu pouco em Sergipe e em Alagoas. O acumulado de chuva não alcançou 50 milímetros nestes estados, segundo o Cptec/Inpe. Entretanto, a chuva é geralmente reduzida no Nordeste neste período. As chuvas no norte da Região Nordeste iniciam em fevereiro.






URL Fonte: https://toquedealerta.com.br/noticia/21261/visualizar/