Em quatro anos, Gefron apreende mais de uma tonelada de drogas
Mato Grosso é considerado por muitos profissionais da segurança pública e estudiosos como uma das diversas portas de entrada de entorpecentes para país. O motivo não é simples, o Estado faz divisa com um dos países que mais exporta maconha e cocaína para o Brasil, a Bolívia. Com o objetivo de desencadear ações de combate ao tráfico de drogas, contrabando e descaminho de bens e valores, roubo e furto de veículos e invasões de propriedades nos 983 quilômetros de faixa de terra que divide o Brasil e a Bolívia, o Governo do Estado criou, em 2003, o Grupo Especial de Fronteira (Gefron). Desde então, policiais militares e civis que compõem o grupamento trabalham diariamente para cumprir com a sua missão. O resultado do trabalho é reconhecido pelos os números de apreensões feitas pelo Gefron. Em apenas quatro anos, o grupamento apreendeu mais de uma tonelada e meia de entorpecentes. A maior apreensão realizada pelo Grupo aconteceu durante o rescaldo da Operação Cadeado VI, realizada no mês de novembro. O Gefron encontrou, escondido na caçamba de uma caminhonete, 177,2 quilos de Cloridrato de Cocaína.
Segundo o coordenador do Gefron, tenente coronel PM Antônio Mário Ibanez, a droga que mais entra no Estado é a pasta de cocaína e a cocaína em pó. "Entretanto já encontramos esta droga na forma líquida, diluída no wisky. Esta droga vem embalada em forma de tabletes ou em cápsulas, que na grande maioria das vezes são ingeridas pelos chamados "mulas humanas", explicou.
Outros produtos apreendidos frequemente pelos policiais são armas e munições. De 2007 a 2010, o grupamento apreendeu 51 armas e 48.441 munições. O Gefron também apreendeu nesse período uma grande quantia de dinheiro, que estavam sendo transportados sem declaração da Receita Federal. Em três anos, mais de R$ 607 mil foram apreendidos pelo grupo. Os policiais apreenderam ainda mais 778 mil dólares, 11mil em moeda guarani e mais de 4 mil pesos boliviano.
O comandante do Gefron alerta ao cidadão que pretende viajar para o exterior, que verifique antes na Receita Federal o que deve fazer com relação a bagagem e valores que pretende levar. "O viajante poderá levar consigo um valor de até R$10 mil, desde que declare junto a Receita Federal através da Declaração Eletrônica de Porte de Valores pela internet ou na própria sede da Receita, onde deverá comprovar a origem dos valores, para evitar transtornos", disse.
O tráfico de drogas também é sustentado pelo comércio de veículos roubados. Eles são levados para o país vizinho com o objetivo de serem trocados por entorpecentes, servindo como moeda de troca. Em quatro anos, o Gefron recuperou 215 veículos roubados entre caminhonetes, carros de passeio e motos sendo este último o mais encontrado pelos policiais. De 2007 a 2010 foram recuperadas 65 motos. Em seguida estão os carros de passeio (61) e os caminhões atingindo a marca de 18.
INVESTIMENTOS
Para conseguir combater o tráfico de drogas e fiscalizar toda a fronteira do Brasil com a Bolívia o Gefron conta com uma infraestrutura especial criada para facilitar e proporcionar um trabalho de qualidade fazendo com que o grupo alcance os resultados. Em apenas quatro anos, o Governo Estadual em parceria com o Governo Federal investiram mais de R$ 1 milhão no Gefron, além do mais recente investimento entregue pelo Governo do Estado ao grupamento: um helicóptero que vai auxiliar no patrulhamento na região de fronteira.
Atualmente, o Gefron conta com quatro postos fixos avançados conhecidos como: Posto do Limão, Posto do Avião Caído, Posto de Vila Cardozo e Posto do Matão. Os postos Vila Cardoso, Avião Caído e Matão foram reformados, um investimento de R$ 132 mil. O grupo conta ainda com os postos em parceria com o Indea, sendo eles, Corixa, de Corixinha, de Las petas, da Ponta do Aterro, do Marfil e Posto de Fortuna.
Outra ferramenta utilizada pelo Gefron para combater o crime são as barreiras móveis. Para percorrer as estradas e cabriteiras que ligam os dois países, o grupamento possui cinco veículos Ranger, 16 motos Yamaha e Lander, oito L 200 e um ônibus com 45 lugares. Porém a região de fronteira possui 233 quilômetros de região alagada, formada pelos rios Paraguai e Jauru. Para evitar que o curso das águas seja utilizado como rota para o transporte ilícito de drogas e armas, o Governo do Estado entregou, em 2009, um barco com capacidade com para cinco pessoas, motor de 90HP, quatro tempos, potência que garante força e agilidade nas ações de policiamento por água.
PEFRON
Com base nas principais falhas e êxitos das ações executadas pelo Gefron em Mato Grosso, é que a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) criou o projeto Pronasci Fronteiras - investimento no qual Mato Grosso está inserido - além de outros dez estados cujas áreas fazem fronteira com países da América do Sul.
O projeto Pronasci Fronteiras foi aperfeiçoado baseado nas atividades já desenvolvidas pelo Gefron em Mato Grosso, em alguns itens que levarão ao incremento no potencial de impacto das ações executadas pelo policiamento de fronteira. Entre elas estão a articulação com as ações das polícias do Governo Federal (PF e PRF), capacitação concentrada e padronizada por meio da Força Nacional, bases móveis de trabalho com suporte de equipe de perícia com possibilidade de exames diretamente nos locais de intervenção, suporte da Polícia Judiciária Civil nas ações de ofício, suporte aéreo e fluvial para as ações itinerantes do Pefron, uso de tecnologia não-letais, novas alternativas tecnológicas para integração das comunicações, entre outras ações.
O objetivo do projeto é ampliar e criar, onde ainda não tem, grupos policiais para atuar de forma preventiva e repressiva nas regiões de fronteira e divisas, dentro de suas atribuições, no controle aos crimes típicos da região, por meio de ações preventivas e itinerantes. Tais atividades serão integradas aos órgãos federais, propiciando a resolução de casos em curto espaço de tempo e com resultados satisfatórios.
O Grupo compõe unidades policiais estaduais integradas que desenvolvem policiamento preventivo e repressivo nas faixas de fronteira contra o tráfico de drogas e armas, contrabando, furto, roubo, especialmente de veículos, e outros delitos, e paralelamente, prestam assistência às comunidades fronteiriças. As unidades serão compostas por, no mínimo, 46 integrantes, que serão selecionados e capacitados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para trabalhar respeitando o revezamento em três turnos de serviço durante o mês.
A zona de fronteira no Brasil reúne 571 municípios, que possuem alguma parte do seu território na faixa de fronteira com outros países da América Latina, sendo 122 cidades localizadas diretamente no limite da fronteira com outros países. Essas fronteiras do Brasil com países sul-americanos constituem vias de entrada e saída de bens que afetam profundamente a situação da segurança pública nacional.
Estatísticas apontam que além do tráfico de drogas, por ano no Brasil são roubados ou furtados cerca de 400 mil veículos e 150 mil cargas, que na grande maioria são levados para fora do país passando pelas fronteiras.