Secretário Diógenes Curado faz balanço de quase 3 anos de gestão
Após 19 anos na Polícia Federal, Diógenes Gomes Curado Filho assumiu a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso em março de 2008. O secretário é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso. Na Polícia Federal atuou na área de repressão a crimes fazendários, a entorpecente e combate ao crime organizado. Várias foram as conquistas e avanços nesses dois anos e nove meses frente à Pasta da Justiça e Segurança Pública no Estado. Abaixo, o secretário faz um balanço dos quase três anos de atuação.
Quais foram as dificuldades encontradas ao assumir a Secretaria?
Diógenes - A principal dificuldade foi na parte sistêmica. Conhecia pouco a metodologia do Estado e estávamos num período de implantação dos Núcleos Sistêmicos. Uma Secretaria complexa como a Sejusp, com um orçamento de quase R$ 1 bilhão, tem uma atividade sistêmica também complexa. Foram necessárias algumas mudanças. Mas aos poucos as coisas começaram a melhorar.
Quais foram os avanços nesses 2 anos e 9 meses de sua gestão?
Diógenes - Entendo que o Sistema Prisional foi o que mais cresceu qualitativamente. O combate às drogas também teve um grande avanço, com o retorno da Delegacia de Repressão à Entorpecente (DRE) e as diversas ações integradas. Melhoramos também a estrutura, principalmente com os novos veículos e aeronaves.
Em quais frentes a Sejusp tem atuado para diminuir a violência?
Diógenes - São várias ações desenvolvidas. O Plano de Ações de Segurança Pública (PAS) indica o melhor caminho para que haja diminuição nos índices de criminalidade, por exemplo, combatendo às drogas em duas frentes: bocas de fumo e o tráfico na fronteira. A presença ostensiva da polícia e as ações de Polícia Comunitária. Também vemos como essencial a melhoria na qualificação do profissional de segurança pública, e o Estado tem investido muito nisso. Outra atuação que tem um reflexo direto na diminuição da criminalidade e, conseqüentemente da violência, é a melhoria do Sistema Penitenciário, no qual estamos atuando de forma quantitativa e qualitativa.
Além de novos veículos e equipamentos adquiridos, diversos profissionais da Segurança Pública também foram capacitados nesse período de sua gestão. Como o senhor avalia o investimento no capital humano no reflexo da Segurança no Estado?
Diógenes - Existe um ditado que diz que o capital humano é o maior patrimônio da Segurança Pública. Realmente podemos ter os melhores equipamentos, mas se não tivermos um grupo de policiais capacitados e qualificados todo o trabalho estará prejudicado. Por isso o Estado investe muito na qualificação pessoal, pois sabe que é isso que fará a diferença no trabalho.
O lançamento do Plano de Ações de Segurança foi um dos destaques da Sejusp no ano de 2010. Como funciona esse projeto e como ele colabora para a melhoria da Segurança Pública no Estado?
Diógenes - O PAS busca instituir ações amplas e com reflexos na diminuição da criminalidade no Estado, tendo como carro-chefe o combate às drogas, que é feito na fronteira e nas bocas de fumo com ações preventivas, repressivas e de tratamento de usuários. Porém, temos metas no Plano para todas as instituições da Segurança. Algumas já plenamente cumpridas, como é o caso da criação dos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg).
Uma das formas de reduzir os índices de criminalidade é aproximar a polícia da comunidade. Em 2010 a Sejusp implantou Conselho Comunitário de Segurança Pública em todos os municípios do Estado. Como o senhor entende essa parceria entre sociedade e polícia na discussão e resolução dos problemas da Segurança Pública?
Diógenes - Talvez a maioria das pessoas não tenha visualizado os benefícios da Polícia Comunitária. Primeiro, coloca a sociedade como parceira nas ações da polícia, distribui um pouco a responsabilidade em relação aos problemas da segurança que a Constituição colocou como sendo de todos, e não só do Estado. Segundo, facilita o trabalho policial porque se discute o problema localmente, as ações atacam os problemas daquela comunidade e são definidas em conjunto. Terceiro, a relação com a comunidade gera uma identificação com as instituições de confiança, respeito e amizade, o que facilita o trabalho policial.
A fronteira seca e alagada entre Brasil e Bolívia é uma das vias de entradas de drogas que abastece Mato Grosso. O que vem sendo feito para inibir o tráfico de entorpecente no Estado e de que forma o trabalho do Gefron ajuda a reduzir os índices de criminalidade em Mato Grosso?
Diógenes - A vigilância na fronteira é uma das prioridades do governo do Estado na área de Segurança Pública. Há cerca de 7 anos foi criado o Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron) e ao assumirmos a secretaria procuramos melhorar e equipar esse grupamento que tem grande reconhecimento pelo difícil trabalho que exerce. Colocamos uma equipe de policiais civis, com delegado, escrivão e investigadores, para auxiliar no trabalho de investigação na fronteira. Adquirimos um helicóptero para melhorar a mobilidade dos policiais. A atuação do Gefron tem seu reflexo na melhoria da segurança na área de fronteira, mas principalmente visa coibir o tráfico do entorpecente, como a cocaína, que é enviada para os municípios de Mato Grosso e do Brasil.
Desde que foi reativada, a Delegacia de Repressão à Entorpecente (DRE) realizou diversas prisões e apreensões de drogas em Cuiabá e Várzea Grande. Na sua opinião, a apreensão de entorpecente ou a diminuição das bocas-de-fumo são mais eficazes no combate ao tráfico de drogas?
Diógenes- Considero a reativação da Delegacia em 2008 como um marco em minha gestão. Naquele momento queria mostrar o caminho. Fiquei muito feliz quando o Governador Silval Barbosa inseriu em seu discurso o combate às bocas-de-fumo como uma das prioridades na área de Segurança Pública. Foi uma decisão política importante. Com o PAS ampliamos este trabalho, tanto no combate ao tráfico local quanto na vigilância na fronteira. Isso deu uma perspectiva de trabalho muito boa e hoje já são mais de duas mil bocas-de-fumo estouradas, muitas mais de uma vez. O Ministério Público Estadual é um ótimo parceiro da Pasta. O Gaeco realizou um seminário nacional em Cáceres para discutir o crime organizado na fronteira, com promotores de todo o Brasil. O apoio foi geral, inclusive da sociedade que tem denunciados os pontos de venda de drogas.