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MEIO AMBIENTE
Terça - 28 de Setembro de 2010 às 17:54
Por: MARIA BARBANT

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Marcos Vergueiro/Secom-MT
Limpeza da Baia de Chacororé
Limpeza da Baia de Chacororé

Cerca de 15 toneladas de lixo foram retiradas da Baía de Chacororé, localizada no município de Barão de Melgado, a 113 quilômetros ao sul de Cuiabá, na região do pantanal mato-grossense. A ação, coordenada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), reuniu uma força tarefa de 200 pessoas, incluindo alunos de duas escolas estaduais e piloteiros do município, reeducandos do Sistema Prisional, soldados do Exército Brasileiro, e parceiros como a CGR – Aterro Sanitário Industrial, a Secretaria de Emprego, Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Setecs) e Bioterra – Projeto Vale Luz, Centro das Indústrias Produtoras e Exportadores de Madeira (Cipem), Aprosoja, MSol – Cooperativa de Catadores, Secretaria Municipal de Meio Ambiente/Prefeitura de Barão de Melgaço. Também participaram técnicos da Superintendência de Educação Ambiental, Biodiversidade/Coordenadoria de Resíduos Sólidos e Fiscalização da Sema.

O secretário de estado do Meio Ambiente, Alexander Torres Maia , o comandante da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, General de Brigada Marcos Antônio Amaro dos Santos e o superintendente de Gestão Penitenciária, tenente coronel José Antonio Gomes Chaves, acompanharam o trabalho. “Além de promover a limpeza da região, queremos conscientizar a população de forma efetiva”, disse o secretário. “Que essa ação consiga produzir um impacto nas cidades que são atendidas pelo rio Cuiabá, a fim de que o que seja gerado em cada residência não venha parar aqui, nas bacias de Chacororé e Siá Mariana”.

 

Durante todo o dia de ontem (27.09), os voluntários percorreram uma área de aproximadamente 100 hectares. Além de muitas garrafas “pet”, plástico e garrafas de vidro, foram recolhidos pedaços de utensílios domésticos como geladeira, fogão, um aparelho de televisão inteiro, computador, alguns remédios, pneus, brinquedos como velocípedes, bolas e boneca e outros materiais. Todo o lixo coletado foi encaminhado ontem mesmo para duas empresas especializadas para receberem o tratamento e destinação final corretos.

“O material reciclável será doado para a cooperativa de catadores, responsável pela seleção, que depois nos venderá a preço de mercado. Do que for arrecadado com a venda, 50% ficará para a cooperativa e o restante será doado para o Abrigo Bom Jesus de Cuiabá”, explicou o proprietário da empresa de reciclagem Bioterra, Odivaldo dos Santos. A empresa é parceira da Setecs no projeto Vale Luz, que consiste na troca de latas de alumínio e garrafas plásticas por cupons de crédito para o pagamento de conta de energia elétrica. Na indústria, o plástico coletado será lavado e transformado em flocos podendo ser reutilizados.

Igor da Costa e Silva, representante da empresa CGR – Aterro Sanitário Industrial, explicou que o lixo considerado não reciclável, receberá tratamento adequado do Centro de Gerenciamento de Resíduos da empresa, que é especializada no processamento de lixo industrial e ambulatorial. “A empresa é parceira do Estado em iniciativas que sejam positivas para o meio ambiente e, agradece por poder cooperar com os órgãos envolvidos na ação e com o município de Barão de Melgaço”.

A empresa junto com a Sterlix Ambiental Tratamento de Resíduos possui uma gestão completa em serviços de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final de resíduos de saúde. Após o tratamento por meio de esterilização em sistema de autoclave, os resíduos serão triturados e encaminhados para a disposição final no aterro sanitário industrial da CGR. O processo de trituração, além de servir para descaracterizar o resíduo, exclui qualquer possibilidade de reutilização do mesmo.

O secretário de Turismo e Meio Ambiente de Barão de Melgaço, Dion Miguéis Jacob, disse que as conseqüências dessa situação – o lixo que chega à Baía - preocupa a população do município. “Nós sentimos na pele esse problema, que não está no município. A grande intenção dessa ação é chamar a atenção de Cuiabá e Várzea Grande e alertar o poder público já que grande parte desse lixo é gerado nesses dois municípios”.

Para o presidente do CIPEM, João Carlos Baldasso, “somos totalmente a favor de minimizar qualquer impacto ao meio ambiente. E hoje, todos precisam tomar consciência do que está ocorrendo no Pantanal”.

Segundo o professor do Departamento de Engenharia Sanitária da Universidade Federal de Mato Grosso, Rubem Mauro, Cuiabá produz algo em torno de 470 toneladas por dia de lixo e coleta cerca de 90% do lixo gerado. “Aproximadamente, 47 toneladas por dia do que é gerado não é recolhido. Se pensarmos que 20% desse lixo não coletado pode chegar ao rio, isso da em torno de 9 toneladas. Após 90 dias sem chuvas, a primeira chuva deve levar cerca de 870 toneladas de lixo. Muito desse lixo fica preso as margens do rio mas 40% desse total, o lixo flutuante, desce o Rio Cuiabá e parte desse total pode chegar a Baía de Chacororé”.

O professor alertou para a importancia educativa e de conscientização da ação. “A idéia é colaborar com a preservação do meio ambiente, conscientizando a população e as autoridades”.

BAÍA DE CHACORORÉ

A Baía do Chacororé é uma das três maiores do pantanal mato-grossense. O complexo das baías de Siá Mariana e Chacororé, no período das chuvas, chega a atingir algo em torno de 45 mil hectares.

Em meio ao Pantanal, região que comporta 6% de toda a água doce do planeta, a baía enfrenta uma de suas piores secas, em grande parte, consequência da destruição de barragens e do fechamento de rios e corixos que alimentam de água a Baía. Neste ano, estima-se que cerca de 70% do volume da água foi perdido.

A Sema já está concluindo o trabalho de reconstrução das barragens. A próxima etapa será a desobstrução dos corixos que alimentam o complexo.






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