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MEIO AMBIENTE
Sexta - 06 de Agosto de 2010 às 11:30
Por: André Alves

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O uso de sistemas agroflorestais (SAFs) em pequenas propriedades é uma realidade na região Noroeste de Mato Grosso. Os indicadores de desempenho destes sistemas de uso da terra estão sendo levantados por pesquisadores contratados pelo projeto “Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste de Mato Grosso”, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A equipe já constatou, por exemplo, que existem diferentes níveis de desempenho e adesão aos SAFs, e a alternativa para alavancar de vez a iniciativa é um esforço de mercado. “Precisamos de um esforço do governo estadual para garantir que a produção da agricultura familiar chegue às escolas e comércio local, de forma semelhante a que a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) faz com seu Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, explica o consultor Jorge Vivan. Dessa forma, a garantia de escoamento da produção seria o incentivo que falta para mais agricultores implantarem sistemas agroflorestais, tanto para recuperação de áreas degradadas, como alternativas aos modelos de monocultivos e pecuária bovina de corte em pequenas propriedades.

Seu José Ramos, por exemplo, possui uma chácara de 12 hectares a quatro quilômetros do centro de Juína, a 735 km de Cuiabá (MT). Começou há 30 anos produzindo café, mas atualmente investe no gado leiteiro consorciado com ipê, seringueira, cupuaçu e castanha-do-Brasil e também faz cultivos de pupunheira, cana-de-açúcar, teca, coco e piscicultura. José Ramos afirma que, como muitos que vieram para a Amazônia, desmatou seu lote, pois era a política da época. Depois que reconheceu a necessidade de reflorestar vem diversificando sua propriedade com dezenas de espécies nativas e exóticas. “Planto porque gosto de plantar e não porque penso apenas no lucro”, explica. Tanto é assim que parte da renda que tem com a venda do leite produzido em sua propriedade é para investir na diversificação da lavoura. “O gado leiteiro é meu fluxo de caixa”, argumenta.

Já Helmut Raimann possui uma chácara de 4,7 hectares e há 10 anos abandonou o uso de agrotóxicos. Em sua propriedade ele consorcia castanha-do-Brasil, pupunheira e cupuaçu, além de plantar mandioca, arroz, gergelim e feijão andu. Ao todo, tem cerca de 70 pés de castanheira e 3.500 pés de pupunheira, de onde vem sua principal fonte de renda. Somente com a pupunheira ele lucra cerca de 200 reais por mês vendendo-a na feira e outros 450 reais mensais vendendo às escolas através do Programa de Aquisição de Alimentos da Conab.

Segundo Paulo César Nunes, coordenador do componente de sistemas agroflorestais do projeto, os SAFs podem garantir a manutenção do equilíbrio do clima da região, através do seqüestro de carbono, um dos parâmetros do estudo que está sendo realizado em Juína, além de tantos benefícios, como a soberania e segurança alimentar, geração de emprego e renda com inclusão social e o mais importante que é a conservação da rica biodiversidade da região.





Fonte: SEMA/MT

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