Serys faz discurso emocionado no senado e acusa PT de deslealdade
Em um discurso emocionado, forte e contundente, a Senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) fez pronunciamento no Senado Federal nesta quinta-feira (06-05), esclarecendo sobre as prévias do PT realizadas para a condução do pré-candidato ao Senado pela sigla
Serys disputou com o Deputado Carlos Abicalil (PT) o direito a reeleição, mas não obteve êxito e, com isso, está fora da política no Estado este ano, já que não vai concorrer a nenhum cargo eletivo.
Durante discurso de mais de duas horas, Serys relatou toda a história sobre sua tentativa de ser candidata a reeleição por Mato Grosso. O Senado Federal parou para ouvir Serys no Plenário e o serviço 0800 da Casa obteve ligações excessivas, congestionando o sistema.
Serys obteve aparte de vários senadores, que manifestaram descontentamento, repúdia e indignação com o fato da parlamentar não ter chance de ser candidata nas eleições 2010: os senadores José Sarney (PMDB-AP), Edison Lobão (PMDB-MA), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Jayme Campos (DEM-MT), José Nery (Psol-PA), Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
“Quero me solidarizar e oferecer meu testemunho em favor da Senadora Serys. Nos meus 40 anos de mandato nesta Casa, poucas vezes vi uma senadora tão aguerrida, tão dedicada, que honra o mandato e a Casa. Sinto-me injustiçado com o que está acontecendo com a senhora”, disse Sarney.
“Pude avaliar seu desempenho no Senado nos quase oito anos de mandato e nunca observei nenhum desvio de conduta de sua parte. Não justifica tirar alguém como a senhora da vida pública”, discursou Lobão.
“Acho o que estão fazendo com a senhora uma indecência, uma arbitrariedade. Sua atuação no Senado foi e está sendo irrepreensível e isso deve ser objeto de reflexão ao povo mato-grossense. Lembro que muitas vezes pessoas autoritárias com capas de democratas estão por aí. Ninguém é dono absoluto de nada”, afirmou Mesquita.
Jayme Campos, de Mato Grosso, chegou a convidar Serys a participar do partido dos Democratas. “Isso é um erro na política do PT. Eles fizeram isso de forma traiçoeira e covarde. E eu pergunto: Qual o discurso que a Dilma fará
“Não podemos nos calar diante do que considero uma grave injustiça”, disse Nery.
O senador Suplicy, mais uma vez, falou sobre o apoio dos senadores do PT à Serys, que foi confirmado com uma carta, escrita antes da realização das prévias
Pedro Simon disse não estar acreditando no que estava ouvindo, afirmando ser surreal. O parlamentar chegou a cogitar ser feito um ofício do Senado, solicitando explicações ao PT, porque Serys estava sendo impedida de ser candidata a reeleição. “Não estou entendendo. Vossa Excelência não é candidata? Uma das invejas que eu tinha do PT era do número de senadoras nesta Casa. Mas o que está acontecendo? Não tem mais ninguém e parece que não vai ter. De um lado, lançam uma mulher candidata, de outro, expulsam? Por que o Lula não interfere?”
O senador Mozarildo finalizou os apartes afirmando que Serys tem mais de 20 anos de militância firme e que “só pode entender que este é um gesto aloprado do PT”. E completou: “Não é possível que um partido faça isso.”
Confira o discurso completo de Serys:
“as mulheres brasileiras esperam que este momento de dificuldade seja ultrapassado pela esperança de um novo amanhã! continue sempre assim, decidida e forte. fortaleça-se no senhor Jesus e na força do seu poder. Com carinho, Cristine Bernini, Vereadora do PDT de Alto Taquari, Mato Grosso”.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores
Hoje vou falar de uma questão particular, afeta ao meu partido e a mim pessoalmente. Dirijo-me a vossas excelências para me pronunciar nesse sentido. Mas, ao mesmo tempo, rogo a atenção de todos os senhores e senhoras aqui presentes.
Como transcrevi, nos últimos dias, tenho recebido mensagens de apoio e muito carinho de homens e mulheres de Mato Grosso e até fora do meu Estado. Desejam-me força, me desejam sucesso e pedem resistência. Escolhi essa mensagem da vereadora Christine, de Alto Taquari, uma Cidade muito linda e querida lá do extremo sul de Mato Grosso, por várias razões, entre as quais, porque penso que ela sintetiza diversos sentimentos e traduz com alguma precisão o que pensa o povo do meu estado.
Todos vocês devem saber que a partir de fevereiro do ano que vem, infelizmente, não vou poder mais estar nesta casa. Não pela vontade do povo de Mato Grosso, não por minha vontade, mas pela vontade e capricho de um grupo político do meu Estado.
Nas prévias que meu partido realizou no ultimo dia 18, venceu o meu adversário por uma margem mínima. Venceu sob efeito de uma derrota política, foi a conhecida “vitoria de Pirro” . Explico - “Pirro um valente General Grego, Rei de Épiro atualmente Albânia, que viveu no ano 272 A/C, declarou logo após ter vencido uma batalha e perder mais da metade do seu exercito “Mais uma vitoria como esta , e estou perdido.”
Vejam os Senhoras Senadoras e Senhores Senadores, que dos 131 municípios em que houve a consulta aos filiados do PT para escolher o candidato ao Senado do meu partido, vencemos em todas as cidades pólos, vencemos nos municípios cujo eleitorado representa 67% dos votos dos mato-grossenses. O presidente do PT de Mato Grosso ao invés de buscar o entendimento partidário e a defesa de um palanque consistente para a candidatura Dilma Roussef preferiu rachar o partido, numa disputa pessoal, que sacrificou todo nossa estrutura partidária.
Na matemática precisa, meu adversário – que é o Presidente do PT de Mato Grosso – somou mais votos. Valendo-se dos chamados “grotões” petistas, incrustados em pequenos colégios eleitorais, onde desde já coloco em dúvida, com certeza, a forma como as coisas se processaram nesses lugares.
Contrapondo a isso, vencemos nos grandes centros, onde se estabeleceu uma campanha coletiva de debates e de acesso a informação. Na matemática política, me sinto vitoriosa, afinal, venci onde existem 1,3 milhões de eleitores do meu estado, o que representa 2/3 dos votos de Mato Grosso.
Quero dizer a Vossas Excelências e ao povo brasileiro que o PT de Mato Grosso não apenas cassou o meu direito de perguntar aos eleitores do meu estado se fiz um mandato a altura. O PT do Presidente do Diretório Estadual, na certeza da construção do seu grupo, baseados na política de gabinete, tirou do povo de Mato Grosso o direito de dizer “Serys nós te colocamos no senado, Serys nós vamos tirá-la; ou Serys nós gostamos do que você fez, nós queremos que você continue”. Não me deram a oportunidade de fazer de forma direta a defesa do trabalho político que fiz, de fazer, sobretudo a defesa do fantástico governo do Presidente Lula, que ajudei a construir. Sim, tive a honra de dignificar nosso partido nos mais longínquos e esquecidos rincões, como por exemplo, o Vale do Araguaia que era conhecido como o Vale dos Esquecidos e hoje graças ao prestigio e determinação deste mandato passou a ser o Vale dos Sonhos e das oportunidades. Lá a BR-158 finalmente está sendo asfaltada. Por causa da chegada do Linhão de Energia foi possível avançar com o Programa Luz para Todos.
Em 2002 vencemos a mais alta hierarquia da política de Mato Grosso, enfrentando ex-governadores e senadores, enfrentando enfim toda a sorte de sacrifícios pela falta de estrutura política, mas sempre coerente com a luta do dia-a-dia e sempre sintonizada com os interesses da sociedade. Foi assim que chegamos até aqui.
Hoje, de maneira cruel, sob o ponto de vista de uma tática que não tem argumentos válidos e perceptíveis, esse grupo do PT tirou do povo de Mato Grosso, senhores Senadores e senhoras Senadoras, a oportunidade de me avaliar. De avaliar o meu trabalho, a minha luta pela governabilidade deste país, a minha luta pela defesa do meio ambiente, com ênfase na questão climática que preocupa o mundo, de avaliar minha postura, em especial, na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras do meu estado, das mães, das domésticas, da mulher do campo, enfim, o PT do Presidente do Diretório Estadual tirou de mim a oportunidade ímpar de mostrar o quanto contribui para o desenvolvimento econômico do meu Estado, carreando recursos para os municípios, levando verbas para os projetos sociais... Brigando pela implantação do luz para todos... pela ampliação da exploração do petróleo e do gás em solo mato-grossense... da federalização das rodovias.... do transporte ferroviário.... tiraram de mim essa oportunidade e pior: o direito daqueles quase 30% dos eleitores do meu estado, que me colocaram aqui, numa luta titânica contra o poder econômico, de avaliar o que eu fiz. Cassaram o meu direito e cassaram o direito do povo de Mato Grosso. Veja senhor Presidente, senhoras e senhores Senadores que o PT do deputado Carlos Abicalil teve contra mim o fato de ser eu a primeira mulher a chegar à vice-Presidência do Congresso, a primeira Senadora de Mato Grosso em sua historia Republicana; desconheceu minha biografia de ter sido eleita, pela transparência Brasil, entre os 10 Senadores que mais trabalham pelo povo brasileiro. Ressalto que, entre os 10, sou a única mulher. Além de chefiar o grupo junto ao G8+5 etc. o fato é que usaram e abusaram da democracia do PT como instrumento para se fazer política de grupo. Isso é absolutamente condenável. Estive envolvida, durante as prévias, no projeto de governabilidade do presidente lula. Não tenho dúvidas em afirmar que conquistamos uma grande vitória política. A direção nacional do meu partido já constatou esse absurdo, mas nada fez quando podia.
Esse é o PT de Carlos Abicalil, senhores Senadores e senhoras Senadoras que em nome de uma tática eleitoral não respeita uma história de luta de uma companheira, uma história de mais de 20 anos, de sacrifícios e de total dedicação às causas partidárias. Que em nome de interesse do grupo que se estruturou a sombra da fundação nacional de saúde, a malfadada funasa dos “aloprados”.... que se estruturou à sombra de um INCRA, o órgão mais odiado de Mato Grosso seja pelos latifundiários, seja pelos movimentos agrários, como MST, MTA, via campesina, entre outros, por sua inoperância e incapacidade técnica – assunto que quero tratar oportunamente... Grupo que aparelhou a Secretaria de Educação de Mato Grosso num acordo político de governo... Esse grupo, senhores, fez o que fez e ainda assim, sofre uma derrota política do povo de Mato Grosso.
E por que esse grupo se estruturou vocês podem estar se perguntando... Eu digo! Lamentavelmente, às vezes, é preciso fazer opções. Eu fiz a opção pela governabilidade deste país, eu fiz a opção pela luta pelas verbas para o meu Mato Grosso, eu fiz a opção por ser a Senadora não somente do PT, mas ser a Senadora de Mato Grosso, tratando o Estado por inteiro, não discriminando prefeitos por serem de oposição, visitando anualmente todos os municípios. Desafio qualquer político de Mato Grosso a mostrar quem mais esteve nos municípios, discutindo programas e projetos para beneficiar o cidadão, beneficiar o pai de família, o filho do trabalhador, o filho do homem do campo, as futuras gerações de um Estado rico e que ainda busca a sua própria identidade. Fiz essa opção pelo meu Brasil, ao passo que esse grupo fez a opção para dominar e privatizar o PT.
Que fique muito claro que hoje
Admito! Sinto-me vilipendiada. Enquanto me dedicava a um mandato por inteiro ao meu Estado e ao meu país – e também na busca de um mundo melhor – lá, naqueles pequenos grotões dos rincões mato-grossenses se tramava a queda da Senadora Serys, em nome do interesse de um grupo. É lamentável meus senhores e senhoras constatar que o poder pelo poder exige irresponsabilidade. Poderia estar eu aqui comemorando a vitória numa prévia do meu partido se tivesse feito como eles; bastaria ter deixado as responsabilidades de lado para construir somente a vitoria naquela previa. Aliás, quero dizer que sempre atuei pelo meu partido. A minha história de fidelidade jamais poderá ser colocada sob questionamento. Mas fiz a política de um PT voltado aos interesses coletivo e não apenas dos interesses de “grupelhos”. Se errei, por esse comportamento, vou continuar errando porque não acredito nessa política do “toma-lá-dá-cá”. Penso o meu Brasil por inteiro, forte e vigoroso.
Seria eu hipócrita se não dissesse que a tática escolhida pelo PT de Carlos Abicalil foi equivocada. Ela é equivocada. Diria mais: uma tática oportunista e desleal. Querendo se aproveitar da popularidade do ex-governador Blairo Maggi, que é do Partido da Republica, um dos grandes apoiadores do nosso Presidente Lula, esse grupo partiu em busca dessa vaga ao Senado. Abriu uma cisão dentro do partido para tentar fazer prevalecer seus objetivos, tentaram rasgar uma história, a minha história, a história da primeira mulher eleita Senadora no meu Estado em toda história Republicana... Esse PT do dirigente estadual solapou a dignidade do povo de Mato Grosso. Temo Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores pela resposta que virá das urnas. Mas vamos esperar. O tempo é o senhor da razão e a sabedoria popular sempre prevalece sobre as espertezas.
Saio de cabeça erguida e não é uma simples retórica de quem perdeu. Mas na verdade da representatividade dos votos. Saio de cabeça erguida na verdade dos números, e, principalmente, dos apoios que recebi seja nas prévias, ou pelos honrosos apoios dos Senadores do meu partido, Senador Suplicy, do Senador Mercadante, do Senador Paulo Paim, do Senador Deucídio Amaral, da Senadora Fátima Cleide, do Senador Augusto Botelho e do Senador Tião Viana; do apoio em massa do movimento comunitário do meu estado, das mulheres que se organizam a cada dia, dos segmentos diversos de luta, como do MST e via campesina, dos peritos, das mulheres da magistratura, enfim... de todos os cidadãos de bem porque, antes de tudo, sou uma cidadã do bem. Agradecer a minha família, os meus amigos, que nunca me faltaram, em todos os momentos.
Quero agradecer cada petista que entendeu a minha mensagem e a minha luta. Acreditem: a resistência prossegue. Posso não estar voltando a esta casa, mas estarei na luta junto aos que me apoiaram pelo engrandecimento dos que consideram o PT um partido voltado aos interesses do povo brasileiro e não apenas instrumento de um grupo político.
Meus próximos meses não alterarão o curso da minha vida política. Estou fortalecida a seguir na luta pelos grandes ideais. Continuarei minha rebeldia por mais espaço para as mulheres. Continuarei uma revolucionária sonhadora das boas causas, assim como definiu Paulo Cavalcanti, esse grande brasileiro de Pernambuco.
"Não fazem mal ao revolucionário o devaneio e o sonho, porque a luta, em si mesma, é sempre um projeto de esperança, nunca o refúgio de ilusões e fracassos."
Meu sonho de hoje será eleger Dilma Presidente e independente desse resultado
“Como militante do PT de Mato Grosso cobrarei coerência e ética na política. Lançarei dentro do PT de Mato Grosso uma campanha intransigente por candidaturas ficha limpa. Não aceitarei calada nenhuma candidatura do PT de Mato Grosso que conste no rol dos fichas sujas. Postarei na minha página a relação dos fichas sujas para que todos e todas possam avaliar em quem poderão depositar seu voto.”
Repito o que já postei em meu twiter “ a possibilidade de disputar a reeleição não me entristece, não me tornará uma pessoa amarga. não busco o poder pelo poder pois “uma revolucionária pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral."
Não sou de mandar recados, mas estou zangada e recorro pra finalizar a Aristotoles:
"Qualquer pessoa pode zangar-se. Isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa; Isso não é fácil" e eles conseguiram fazer isto comigo de forma rasteira e desleal.!”