Cursos dão ferramentas para garantir renda familiar em Cuiabá e Várzea Grande A Assembleia Legislativa está promovendo cursos em 24 comunidades da Baixada Cuiabana para capacitação de aproximadamente 2 mil pessoas
São 1.189 mulheres e um homem. Esse é o número de pessoas envolvidas no projeto “Mulheres em Ação” para promover a inclusão social por meio da qualificação profissional e capacitação para o empreendedorismo. Em tempo de crise, o que seria uma alternativa pode se tornar a principal fonte de renda e de sustento para uma família.
Uma iniciativa da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), a primeira edição do “Mulheres em Ação” acontece simultaneamente em 14 bairros de Cuiabá e dez bairros de Várzea Grande e deverá capacitar 1.200 pessoas mobilizadas pelos Centros de Referência e Assistência Social (Cras). As aulas começaram em 31 de outubro e seguem até o final novembro, com uma média de 30 horas-aula por atividade.
As pessoas inscritas participam de cursos como manicure e pedicure, maquiagem, depilação, reciclagem, bordados em chinelo e patchwork. Todas as atividades aprendidas podem ser desempenhadas como serviços ou na fabricação de produtos para serem comercializados. O professor de Economia Carlos Theobaldo de Souza explica que é justamente em momentos de crise que surgem também as oportunidades e que não depende só do governo reverter a situação, a disposição de cada um também contribui para melhorar a condição financeira.
“Passamos por um momento delicado e saber aproveitar as oportunidades pode se tornar um diferencial. Se qualificar para oferecer serviços e produtos é mais que uma fonte provisória, mas um meio de vida. Muitas empresas surgiram de situações como essas e se consolidaram no mercado”, relata o professor.
E é justamente isso que o eletricista desempregado Webert Ferreira Lopes, 34, decidiu fazer. Todas as quintas e sextas-feiras ele sai do bairro Jardim União, em Cuiabá, e vai para o Cras Nova Esperança, no sentido oposto da cidade. Apesar de ser voltado para a qualificação de mulheres, Webert viu no curso de bordado de chinelo e patchwork uma possibilidade de ganhar um dinheiro, já que está prestes a ter o benefício do seguro-desemprego suspenso.
Foi a amiga Maria Lúcia Silva, 34, que também está desempregada, que indicou Webert e os dois já alinham os primeiros artesanatos. “Estou treinando em casa e quero começar logo a vender os chinelos e bordados. Preciso tentar uma forma de garantir meu sustento”, explica Webert ao mostrar as peças confeccionadas.
A professora da turma, Eroína Gomes da Silva, há muitos anos produz e ensina artesanato e diz que nunca fica com produtos parados em casa. “Eu mesmo não tenho nada. Sempre tem alguém querendo comprar um produto. Agora teremos o Natal e temos que aproveitar a oportunidade”. Para se ter uma noção do lucro que cada artesã pode ter, uma guirlanda natalina custa em média R$ 65 e seu custo de produção não passa de R$ 25.
Mas não é só o artesanato que tem saída garantida. Outro setor que mesmo em tempos de crise tem demanda é o da indústria da beleza. E as pessoas sabem disso. Cristiana Miguel Pereira, 41, trabalhava em um frigorífico, mas foi dispensada em agosto deste ano e, para não ficar sem trabalho, se inscreveu no curso de maquiagem no Cras Jardim Potiguar, em Várzea Grande. “Na área da beleza a gente acha trabalho fácil, seja em salão ou entre os amigos mesmo”.
A Daniela Machado, apesar de ter 21 anos, já está em busca do negócio próprio. Ele fez curso de cabeleireiro e agora está matriculada no curso de maquiagem. “Sempre quis trabalhar com isso e pretendo abrir meu próprio salão”.
E por aí vai, a professora de manicure e pedicure no Cras Tijucal, Cuiabá, Lucy Evelin Alves, confirma que tanto nos salões quanto por conta própria, quem tem curso na área da beleza não fica sem trabalho. “Os salões estão sempre procurando profissionais qualificados, até porque muitas preferem trabalhar como autônoma para ter um rendimento um pouco maior”.
Em expansão
O projeto “Mulheres em Ação” é coordenado pela presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) em parceria com a Escola do Legislativo, com a Sala da Mulher e com o Instituto Cuiabano de Ensino (ICE) para a capacitação de mulheres e promoção social e produtiva.
As participantes são voluntárias cadastradas pelos Cras e que preferencialmente estejam em situação de vulnerabilidade social e econômica. O presidente da ALMT, deputado Guilherme Maluf, explica que a Assembleia passa por um processo de integração que, além de legislar, também cabe ao Poder Executivo entendo com a sociedade.
“Este é o projeto de maior impacto social desenvolvido pela Assembleia, pois proporcionará diversos benefícios às mulheres atendidas, indo muito além da questão econômica. O aprendizado de uma nova profissão será importante não apenas para o aumento da renda domiciliar dessas mulheres, mas também para a conquista da independência financeira e melhoria de sua autoestima”.
Este ano, o projeto se limitou às duas maiores cidades do Estado. Com base na experiência local, a ALMT já programa expandir o projeto para outros municípios para democratizar as ações da Casa.