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POLÍTICA
Sábado - 19 de Novembro de 2016 às 14:25
Por: Redação TA c/ O ESTADÃO

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Fotos: Estadão e Ag. O Globo
Sérgio Cabral (esq) e Anthony Garotinho (dir), presos nesta semana.
Sérgio Cabral (esq) e Anthony Garotinho (dir), presos nesta semana.

Dois ex-governadores do Rio, dois rivais na política e, em um intervalo de menos de 24 horas, presos pela Polícia Federal. Estas são algumas das ‘coincidências’ envolvendo Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB). Como se não bastasse, segundo revelaram as investigações da Procuradoria da República e do Ministério Público Eleitoral, ambos teriam atuado como líderes de esquemas criminosos.

O primeiro, que governou o Estado de 1999 a 2002, chegou a ser flagrado em um diálogo sendo tratado como ‘comandante’ pelo presidente da Câmara de Campos dos Goytacazes (RJ) e é acusado de liderar com ‘mão de ferro’ um esquema de compra de votos para vereadores aliados do município nas eleições deste ano. Atualmente, Garotinho é secretário de governo de Campos, seu reduto eleitoral cuja prefeita é sua mulher, Rosinha Garotinho (PR).

O segundo, que comandou o Rio entre 2007 e 2014, por sua vez, foi apontado pelo Ministério Público Federal, com base em investigações e colaborações de executivos de duas grandes empreiteiras, de liderar uma organização que teria cobrado propina de 5% em ‘quase todas as obras’ do governo estadual durante a gestão do peemedebista. Os desvios estimados pelo Ministério Público Federal teriam chegado a R$ 224 milhões.

Garotinho foi denunciado à Justiça Eleitoral e, dentre os crimes que é acusado, está o de associação criminosa. Já Cabral, por sua vez, ainda é investigado e não foi alvo de nenhuma denúncia, mas é suspeito de do crime de formar organização criminosa.

A rigor os crimes são diferentes, sendo que a organização criminosa prevê ao menos quatro pessoas atuando de forma ‘estruturalmente ordenada’ e com divisão de tarefas para cometer crimes.

Já a associação criminosa prevê a união de ao menos três pessoas ‘para o cometimento de crimes’, sem necessariamente haver uma estrutura de divisão de tarefas bem definida. A pena para ‘organização’ varia de três a oito anos de prisão, enquanto que a punição para ‘associação’ varia de um a três anos.

Na prática, porém, as investigações contra os dois ex-governadores enfatizam o perfil de liderança de ambos nos supostos esquemas criminosos dos quais teriam participado.

Prisões. Mais do que as suspeitas que recaem sobre os dois, pesou para a Justiça o perfil de ambos, políticos com trajetória no Executivo e Legislativo e com influência, sendo, em tese, capazes de apagar os rastros de eventuais crimes que tenham cometido.

Além de governador, Garotinho foi prefeito de Campos dos Goytacazes em duas oportunidades, sendo eleito em 1988 e em 1996 e deputado federal, sendo eleito em 2010 como o segundo deputado mais votado do País naquele ano.

No caso de dele, inclusive, foi levado em conta ainda pelo juiz eleitoral Glaucenir Silva de Oliveira os relatos de coação de testemunhas que depuseram contra Garotinho à PF e até de ordens para apagar arquivos e documentos do Cheque Cidadão, programa social de Campos que prevê benefício de R$ 200 a pessoas carentes e que teria sido desvirtuado, por ordem de Garotinho, e distribuído por vereadores que disputavam a eleição.

Já Cabral, além de governar o Rio, foi eleito deputado estadual em 1990, sendo reeleito em 1994, e, a partir daí, assumiu a presidência da Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ), cargo que ocupou por oito anos. Após três mandatos, foi eleito senador em 2002.

Agora, as trajetórias dos dois líderes políticos e “criminosos” do Rio se cruzou no Complexo Penitenciário de Bangu, onde passaram a a noite na quinta-feira, 17. Na noite de sexta, 18, o TSE determinou que Garotinho fosse mandado para a prisão domiciliar. Ele passou mal após ser detido e teve que realizar exames hospitalares devido a problemas cardíacos.





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