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POLÍTICA
Sábado - 10 de Dezembro de 2016 às 13:29
Por: Do G1

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Foto: Divulgação

Na pré-delação em que detalhou ao Ministério Público Federal repasses apara a cúpula do PMDB na Câmara e no Senado, um deles a pedido de Michel Temer, o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho também citou outros partidos.

Cláudio relata que sempre foi o maior defensor na empreiteira do ex-governador da Bahia e ministro do governo Dilma Rousseff Jaques Wagner, do PT. Mas a imagem de Jaques dentro da companhia despertava, inicialmente, certa desconfiança.

“Durante almoço marcado por mim num restaurante [...] em Brasília, Jaques Wagner solicitou apoio financeiro e Marcelo (Odebrecht) concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura. Acredito que tenham ocorrido pagamentos de até R$ 3 milhões de forma oficial e via caixa 2”, disse.

Claudio Melo afirmou que quando Wagner assumiu o governo, encaminhou a ele os assuntos de interesse da empreiteira no polo petroquímico de Camaçari, que Jacques Wagner ajudou a destravar. Ainda segundo Cláudio, o esquema se repetiu na campanha seguinte.

“A atenção demonstrada por Wagner aos temas que eram de interesse da Odebrecht reforçou a sua imagem no grupo e qualificou-o como beneficiário de melhores recebimentos financeiros. O próprio Jaques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como governador da Bahia”, afirmou.

Pelas contas de Cláudio, Jaques Wagner levou R$ 7,5 em dez parcelas, pagas entre agosto de 2010 e março de 2011.

O esquema voltaria a se repetir em 2014, dessa vez na campanha de Rui Costa para o governo da Bahia, apoiado por Wagner. Cláudio disse que não participou desses pagamentos, mas acredita que foram repassados R$ 10 milhões.

A empreiteira também deu presentes caros nos aniversário de Jaques Wagner. Segundo Cláudio Melo, em 2012, por exemplo, Wagner ganhou um relógio no valor de US$ 20 mil. No acordo de delação, há fotos desses relógios.

A produção do Jornal Hoje procurou a assessoria do ex-ministro, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

Rodrigo Maia

O atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também é citado pelo ex-diretor da Odebrecht. Ele conta que em 2013 pediu a Rodrigo Maia que acompanhasse a tramitação de uma medida provisória que dava incentivos a produtores de etanol e interessava a empreiteira.

“Durante a fase final da aprovação da MP 613, o deputado, a quem eu pedi apoio para acompanhar a tramitação, aproveitou a oportunidade e alegou que ainda havia pendências da campanha de prefeito do Rio de Janeiro em 2012. Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir com o valor aproximado de R$ 100 mil, que foi pago no início do mês de outubro de 2013”, afirmou.

Claudio diz ainda que Maia era visto por ele como ponto de interlocução dentro da Câmara na defesa dos interesses da empresa. Também esclarece que o parlamentar já tinha recebido um pagamento em 2010.

“Sei que o pagamento, no valor de R$ 500 mil, foi atendido”, disse.

Nas planilhas da Odebrecht, o codinome de Rodrigo Maia era “Botafogo”.

Rodrigo Maia, afirmou que todas as doações recebidas foram legais e declaradas ao TSE e disse que nunca recebeu vantagem indevida para voltar qualquer matéria na Casa.

Marco Maia

Sobre o deputado federal Marco Maia (PT-RS), Cláudio contou que o conheceu em 2011, quando era presidente da Câmara. E que, em 2014, o petista pediu recursos ao ex-diretor para a campanha dele.

“A referida solicitação foi autorizada por Marcelo Odebrecht e transmitida por mim ao referido parlamentar. [...] Foram realizados, em 2014, dois pagamentos a Marco Maia no valor total de R$ 1,35 milhão”, disse.

O codinome de marco maia era “gremista”.

O G1 e a TV Globo ainda não haviam conseguido contato com a assessoria de Marco Maia até a última atualização desta reportagem.

José Agripino

Cláudio Melo Filho citou também o senador José Agripino (DEM-RN).

“Por ocasião ainda da campanha de 2014, a pedido de Marcelo Odebrecht, comuniquei ao senador que a companhia iria fazer um pagamento a ele no valor de R$ 1 milhão” disse.

“Destaco que o senador José Agripino não era candidato a cargo eletivo nas eleições de 2014. Segundo me foi dito por Marcelo Odebrecht, esse valor teria sido solicitado a ele pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) como uma forma de apoio ao DEM, que era presidido à época pelo senador José Agripino”, completou.

Cláudio Melo explica o interesse em Agripino. “Quando a mídia ventilou que (...) o senador José Agripino poderia ser postulante ao cargo de ministro de Minas e Energia, estive com o parlamentar”, disse. No sistema da Odebrecht, Agripino tinha o codinome “gripado”.

O ex-diretor da Odebrecht se referiu, ainda, a Anderson Dornelles. Contou que foi apresentado a ele por Marcelo Odebrecht em meados de 2012. Afirmou que Marcelo contou que mantinha contato com Anderson porque ele trabalhava com a presidente Dilma Rousseff e era responsável pela agenda de trabalho dela.

“Posteriormente à reunião, Marcelo me comunicou que recebeu um pedido de apoio financeiro a Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil em seu benefício”, disse.

Claudio mostrou e-mails sobre os pagamentos. Apresentou também planilhas com sete pagamentos feitos a Anderson Dornelles entre outubro de 2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil. E disse que o codinome de Anderson era "Las Vegas".

O senador José Agripino afirmou que desconhece e repele os fatos citados.

Ciro Nogueira

O ex-executivo da Odebrecht conta ainda que manteve diversos contatos com o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e que ele pediu contribuição financeira.

“Sugeri internamente a inclusão do nome do parlamentar para receber o valor de R$ 300 mil, o que foi aprovado. O pagamento foi operacionalizado pelo setor de operações estruturadas, com o uso dos codinomes ‘helicóptero’ e ‘cerrado’”, disse.

Segundo Cláudio, no segundo semestre de 2014, Ciro Nogueira pediu apoio para a campanha dos candidatos do PP.

“A solicitação foi por mim encaminhada (...). O valor de R$ 1,3 milhão. O valor foi pago em setembro de 2014 através da área de operações estruturadas”, afirmou.

O ex-executivo da Odebrecht explica que tratou com Ciro assuntos públicos que eram do interesse da companhia. Entre eles, um projeto de mobilidade urbana em Salvador e contratos de energia para o Nordeste - previsto na MP 656.

Claudio melo afirma que a esposa do senador também foi beneficiada. “No ano de 2014, atendendo a pedido do parlamentar, recomendei internamente que a seguinte doação fosse realizada para a campanha de sua esposa, Iracema Portella, que concorria ao cargo de deputada federal. A doação foi efetuada no valor aproximado de R$ 500 mil”, disse.

O senador Ciro Nogueira disse que as doações recebidas pelo partido foram legais e sempre devidamente declaradas à Justiça Federal.

Lúcio Vieira Lima

O delator afirma que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), recebeu R$ 400 mil em doação para a campanha e que o pagamento e o valor certamente possuem relação com a sua “dedicação à aprovação da MP 613 de 2013”, que tratava de diversos temas de interesse da Odebrecht.

O G1 e a TV Globo ainda não haviam conseguido contato com a assessoria de Lúcio Vieira Lima até a última atualização desta reportagem.

Heráclito Fortes

Cláudio disse que o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), então senador, que tinha o codinome “boca mole”, recebeu R$ 200 mil em doações em 2010 e 2014. Afirmou que em razão das fortes relações políticas que tem, Heráclito sempre ajudou na análise dos principais temas políticos. Esse acervo político e as suas fortes relações “justificavam que fossem realizados pagamentos a pretexto de campanha”.

Delcídio do Amaral

Segundo Cláudio, o ex-senador pelo PT Delcídio do Amaral, de codinome “Ferrari”, reclamou que não recebeu "atenção" depois da aprovação de um projeto e que por isso ficou combinado que receberia R$ 500 mil que constava no esquema de pagamento realizado em 16 de agosto de 2011.

Francisco Dornelles

O delator disse ainda que o atual vice-governador do Rio, Francisco Dornelles (PP), que tinha o codinome "velhinho", recebeu R$ 200 mil.

A Odebrecht tinha interesse em uma emenda que mexia nas concorrências públicas. Cláudio disse também que, quando era parlamentar, Francisco Dornelles tinha influência nos temas tributários e que adotava postura favorável ao setor e aos interesses da empresa.

Ex-assessor de Dilma

Claudio Filho também citou Anderson Dornelles, que foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff. Claudio diz que foi apresentado a Anderson por Marcelo Odebrecht, em meados de 2012, e que o presidente da empresa contou que mantinha contato com Anderson porque ele trabalhava com Dilma e era responsável pela agenda de trabalho dela

"Posteriormente à reunião, Marcelo me comunicou que recebeu um pedido de apoio financeiro a Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil em seu benefício", diz o delator.

Claudio apresentou aos investigadores planilhas com sete pagamentos feitos a Anderson Dornelles, entre outubro de 2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil. Ele afirmou ainda que o codinome de Anderson era "las vegas".

O Jornal Hoje não conseguiu contato com o ex-assessor da presidente Dilma, Anderson Dornelles, com o governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles.





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