EXPEDIÇÃO
Pesquisadores vão avaliar impactos da agropecuária sobre biodiversidade do Pantanal
Apesar das ameaças de desmatamento e fragmentação de habitat, devido ao crescimento da agropecuária na região da Bacia do Alto Paraguai, não há estudos intensivos de média ou longa duração sobre a maioria dos grupos de seres vivos dessa região do Pantanal.
Para investigar os reflexos dessa expansão agropecuária, a perda da diversidade de comunidades de animais, na inter-relação entre planalto e a planície do Pantanal pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, da Universidade do Estado de Mato Grosso e de renomadas instituições nacionais e internacionais, vão desenvolver projeto inovador na região.
A equipe vai fazer expedições, desde a nascente do rio Paraguai até o Parque Nacional do Pantanal, que durarão cerca de 20 dias para as coletas dos dados. Serão pontos de amostragem a cada 50 km, onde serão realizados amostragens de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e botânica.
As investigações buscam, não apenas dimensionar o quantitativo da diversidade biológica, mas compreender o funcionamento do ecossistema, buscando padrões dos processos ecológicos e indicadores de seus funcionamentos, principalmente em áreas fragmentadas e com influência de pesticidas.
Como consequência à expansão das atividades agropecuárias, trouxe altas taxas de perdas e fragmentação de habitats, alteração da taxa de dispersão de sementes e polinização, aumento da pressão de caça e pesca, acréscimo das cargas de efluentes nos rios, contaminação química, assoreamento dos cursos d’água e desequilíbrio na dinâmica fluvial. “Os efeitos dessas atividades promovem a erosão da biodiversidade em escala local e regional, visto que a diversidade biológica está diretamente ligada aos padrões e processos de um ecossistema”, explicou o professor Manoel dos Santos Filho, doutor em Biologia, há mais de 15 anos atuando com Ecologia de Mamíferos.
Já se sabe, por exemplo, que umas das principais consequências dessas atividades são os agrotóxicos que contaminam a biota. “Uma das pesquisadoras, a professora Áurea Regina Ignácio, irá avaliar justamente como as comunidades de vertebrados estão reagindo frente a essa contaminação. O foco principal são os insetívoros, aves, morcegos e pequenos mamíferos”, disse.
O Pantanal representa um complexo de áreas inundáveis, constantemente ameaçado pela degradação, especialmente nos planaltos e chapadões que o circunda. Assim é fundamental conhecer como as ameaças, isoladas ou em conjunto.
Saiba mais
O projeto “Erosão da Biodiversidade na Bacia do Alto Paraguai: impactos do uso da terra na estrutura da vegetação e comunidade de vertebrados terrestres e aquáticos” foi aprovado recentemente pelo edital Fapemat nº 037/2016, de apoio a Programa de Redes de Pesquisa. Serão três anos de execução. Além da Unemat, tem a parceria da Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade de East Anglia (Reino Unido).
Também fazem parte os professores doutores Dionei José da Silva, Aurea Regina Alves Ignácio, Claumir Cesar Muniz, Maria Antonia Carniello e mestranda Olinda Maira Alves Nogueira.
O projeto proporcionará informações relevantes para a tomada de decisões e estabelecimento de políticas públicas, sobretudo com olhar especial para as duas únicas reservas ecológicas estabelecidas atualmente ao longo de todo o Pantanal, Estação Ecológica do Taiamã e Parque Nacional do Pantanal.
Conheça outros projetos da Unemat, financiados pela Fapemat: http://portal.unemat.br/?pg=noticia/10484/Unemat%20aprova%2012%20projetos%20em%20Editais%20de%20pesquisa%20da%20Fapemat.