Maia não vai criar posto de liderança da maioria na Câmara Presidente da Câmara contraria o Palácio do Planalto, que utilizaria espaço para acomodar o PMDB
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou ao presidente Michel Temer que não vai criar o cargo de liderança da maioria na Casa, como deseja o Palácio do Planalto. Nesta semana, Temer defendeu a criação do posto na Câmara para acomodar o PMDB e, ao mesmo tempo, conseguir manter André Moura (PSC-SE) como líder do governo, acalmando o Centrão.
No entendimento de alguns técnicos da Câmara, o Regimento Interno da Casa prevê a existência da liderança da maioria. No entanto, o posto não está criado formalmente. A criação do cargo e sua estrutura dependem de um projeto de resolução. A proposta pode ser apresentada por qualquer deputado, mas precisa ser aprovada pela Mesa Diretora, presidida por Maia, e depende de decisão do presidente da Casa para ser pautada.
Temer discutiu a criação da liderança da maioria nesta semana para dá-la a seu partido, o PMDB. A bancada peemedebista reclama que está longe dos cargos que compõem o núcleo decisório do governo, composto pelas presidências da Câmara e do Senado; Secretaria de Governo, hoje com Antonio Imbassahy (PSDB); e as lideranças do governo, sendo a do Senado hoje nas mãos de Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Ao dar o cargo ao PMDB, Temer conseguiria manter André Moura como líder do governo, o que acalma o Centrão, bloco informal do qual o deputado sergipano faz parte e que saiu derrotado da última disputa pela presidência da Câmara. O candidato oficial do grupo – o líder do PTB, Jovair Arantes (GO) – ficou em segundo lugar, com 105 votos, e reclama que o Planalto interferiu na eleição a favor de Maia.
O presidente da Câmara, por sua vez, não gostou da articulação do Planalto. Maia já disse em entrevistas - e pessoalmente a Temer - que não quer André Moura na liderança do governo. O parlamentar fluminense - que faz parte de outro grupo da base aliada que disputa espaço com o Centrão - defende o nome do líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), para o cargo.