Rede estadual de ensino atende estudantes de quatro nacionalidades
A procura por vagas na rede vem aumentando gradativamente. Em 2014, a Seduc registrou acréscimo devido a chegada de imigrantes para trabalhar em obras da Copa do Mundo. Já em 2015, mais 155 haitianos – que representam a maioria dos alunos estrangeiros - se inscreveram nas unidades escolares.
Para todos os novos estudantes estrangeiros, a adaptação à Língua Portuguesa é o primeiro desafio a ser vencido. Em geral, são necessários três meses para que os estudantes consigam se comunicar em português, o que vem exigindo das equipes pedagógicas uma preparação especial para garantir aos estudantes estrangeiros um bom acolhimento e a efetiva inserção na comunidade escolar, nas unidades estaduais e nos Centros de Educação de Jovens e Adultos de Barra do Garças, Cárceres, Cuiabá, Colíder, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Várzea Grande.
O secretário ajunto de Política Educacional da Seduc, Gilberto Fraga de Melo, explica que apesar de matricular os estudantes, até o início dessa gestão, as escolas realizavam um atendimento precário. Por isso, a matriz curricular nos EJAs e Cejas com alunos imigrantes foi adaptada e as salas ganharam a presença do intérprete. “A expectativa é incluir de forma digna o imigrante. Mas esse atendimento está em construção no Brasil inteiro, porque não existe uma política e cada estado cria suas próprias estratégias”, pontua.
O secretário destaca que o bom atendimento realizado pela Seduc já garantiu o ingresso de imigrantes no Ensino Profissionalizante ou Superior, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Política Estadual
Ainda em 2016, o acolhimento aos alunos estrangeiros será aperfeiçoado e contará com um planejamento amparado na Política Estadual para Educação da População Imigrante. Mas algumas ações previstas neste plano já acontecem nas escolas, como a presença dos intérpretes.
Outra ação de inclusão da Seduc é a busca ativa de alunos oriundo da Bolívia. Para Melo, apesar da proximidade entre os países, é preciso lembrar que os bolivianos são estrangeiros e devem ter o mesmo tratamento destinado aos demais imigrantes. “Nós temos com a Bolívia uma fronteira que traz um desgaste grande por questões policiais e ao invés de serem acolhidas, essas pessoas são discriminadas. Atitude que por vezes, se estende as salas de aula. Assim quando estão nas escolas, ao invés da integração, aceita-se indevidamente uma rejeição a esses imigrantes”, alerta.
Interior
A presença dos imigrantes, mais forte na Baixada Cuiabana até 2014, avança em diversas regiões do Estado. Em Colíder, o Ceja Cleonice Miranda da Silva, matriculou 17 haitianos em 2016. “Eles trabalham em um curtume e fazem aula de ambientação, alfabetização de português, e devem avançar para o atendimento nas demais disciplinas”, relata o diretor da unidade escolar, Cláudio Scalon.
Assim como no estado, o atendimento no Ceja pode dobrar. Cláudio explica que por conta da conjuntura mundial de migração, a unidade começou a receber imigrantes refugiados de outras áreas do continente Africano.
O gestor destaca que a presença dos estudantes estrangeiros em sala de aula contribuí de forma positiva com a construção do conhecimento. Eles agregam valores nas aulas comentando sobre as tradições do seu país de origem e até ensinando um novo idioma aos amigos de classe.