PJC esclarece homicídio de fazendeiro em São Félix do Araguaia
Oito mandados judiciais, sendo sete de busca e apreensão e um de prisão temporária, foram cumpridos em operação realizada pela Polícia Judiciária Civil (PJC), na manhã desta quinta-feira (02.03), nas áreas rural e urbana de São Félix do Araguaia (1.200 km a Nordeste de Cuiabá). Denominada de “Zona Rural Segura”, a ação foi deflagrada com base em investigações do homicídio de um fazendeiro da região e resultou em seis pessoas presas e 11 armas de fogo e centenas de munições apreendidas.
O acusado, Fernando Jorge Rodrigues, de 61 anos, teve o mandado de prisão temporária de 30 dias cumprido por ser apontado como mandante do homicídio do fazendeiro Ademir de Oliveira Pires, ocorrido no dia 12 de outubro de 2016. Na ocasião, um funcionário da vítima também sofreu tentativa de homicídio.
Logo após o crime, a equipe de investigadores da Delegacia de São Félix do Araguaia iniciou as diligências, nas proximidades da propriedade da vítima. Após quatro meses de investigações, Fernando foi apontado como principal suspeito e mandante da execução.
Dois dias antes do crime, o suspeito havia discutido com a vítima, em razão de uma dívida que possuía com o fazendeiro, e o ameaçou de morte. A consumação do crime ocorreu 48 horas depois, quando pistoleiros executaram a vítima com um tiro na cabeça.
O fazendeiro e seu funcionário seguiam em uma caminhonete quando caíram na emboscada armada pelos suspeitos, em uma estrada de terra próxima a sua propriedade, a 150 km de São Félix do Araguaia. Um funcionário da vítima foi atingido com um tiro do pescoço, mas conseguiu assumir a direção do veículo e fugir.
Com a identificação dos suspeitos, o delegado de São Félix do Araguaia, Valmon Pereira da Silva, representou pelos mandados de prisão temporária contra Fernando e também contra os executores (ainda a serem cumpridos), que foram expedidos pela Justiça.
As ordens judiciais de busca e apreensão foram expedidas para realização de diligências na casa de Fernando e de alguns de seus amigos, contra os quais havia suspeita de dar suporte ao suspeito, guardando armas de fogo e dando abrigo aos “seguranças”.
Segundo o delegado, após o crime, o clima ficou tenso na região, fazendo com que fazendeiros contratassem seguranças e a população ficasse receosa. “O próprio suspeito, Fernando, passou a andar com escolta armada, com medo de retaliações”, disse o delegado.
Na casa do investigado, foram apreendidas três armas, sendo uma delas de uso restrito, além de várias munições. Um dos seguranças de Fernando foi preso em flagrante pelo porte ilegal da arma de uso restrito. Na fazenda do suspeito, os investigadores localizaram outras três armas, sendo mais uma de uso restrito, centenas de munições de variados calibre e realizaram a prisão em flagrante de outros dois seguranças.
Durante as diligências, policiais descobriram que Fernando tem laços de amizade e grande influência com políticos da região, dentre eles, prefeitos e deputados.
Na casa e na oficina de um dos amigos do suspeito, foi encontrada uma espingarda calibre 22. O proprietário do imóvel foi conduzido em flagrante por posse ilegal de arma. Em outra fazenda, vizinha da propriedade de Fernando, policiais encontraram quatro armas de fogo de diferentes calibres, uma delas de uso restrito, além de diversas munições. No local, duas pessoas foram detidas pela posse das armas.
A operação “Zona Rural Segura” contou com a participação de 40 policiais civis, com o apoio do Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra) de Confresa.