Proprietário da Mira grãos depõe na CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal
A CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal ouviu hoje (10.03) o depoimento do empresário Aldevino Aparecido Bissoli, proprietário da empresa Mira Grãos, e aprovou a convocação do contador Fabiano Ourives da Cruz. A CPI quer saber a “manobra” utilizada na prestação de contas da Mira Grãos. A comissão apurou que a empresa teria sonegado R$ 21 milhões em impostos, mas o proprietário negou estar ciente dessa sonegação, apresentou certidões negativas de débitos fiscais e judiciais e informou que parcelou dívidas em impostos no valor de R$ 800 mil. Mas que seriam dívidas antigas no início dos anos 2000.
Aldevino também afiançou que enviará aos membros da CPI cópias dos contratos firmados com fornecedores e compradores, mas destacou que não tem fornecedores nem compradores fixos. Ele disse que “solto o buchicho” de que quero comprar e aí aparece quem tem para vender e coloco no porto e vendo para a empresa que apresentar maior oferta. Entre as empresas que já venderam diversas vezes, ele citou a AMaggi, Grupo Cargil, Bunge e a ADM, além de esmagadoras de grãos no estado de São Paulo.
Apesar de dizer que não dispõe de grande capital, nem lucra muito, o empresário contou que efetua as compras parte com seus próprios recursos e parte para pagar em 20 ou 30 dias. Quanto às compras e vendas, os deputados acreditam que os valores envolvidos são altos e merecem mais investigações.
Para o presidente da CPI, deputado José Carlos do Pátio, “o depoente contribuiu muito com essa CPI ao contar que compra grãos direto do produtor e revende no Porto de Santos e outros portos para tradings, e no estado de São Paulo para as indústrias esmagadoras. Ele alega que não paga impostos porque a lei o isenta de impostos na primeira compra, direto do produtor, e que o imposto é pago pelas tradings na segunda operação. Ou seja, ele é um atravessador ou, como ele mesmo disse, ‘mula’ e temos muito a investigar”.
Sobre os lucros, o depoente alegou que ganha algo em torno de R$ 0,20 em cada saca de grãos, que, em 2011 faliu e que nos últimos dois anos só contabilizou prejuízos. “Não podemos afirmar que há indícios de ‘laranja’, mas sabemos agora que ele faz tudo: compra, leva ao porto, deixa tudo pronto para as tradings, então é um atravessador, essa informação nos dá subsídios para mais investigações. Vamos agora buscar documentos e aprofundar as investigações. Outra informação dada por Aldevino é que outros membros de sua família como a filha e a namorada do cunhado tem outras duas empresas. Isso também será investigado”.
Paulo Bernardo
A CPI anunciou hoje que o depoente de ontem, Paulo Bernardo Campos, sócio proprietário da empresa Folha Verde Comércio e que está preso preventivamente na cadeia do Capão Grande, acusado de tráfico de drogas e assassinato é, de fato, o sócio-proprietário da Folha Verde. Ontem, na CPI, como o depoente alegou desconhecer todos os fatos que o trouxeram ao depoimento, os parlamentares chegaram a pensar na hipótese de se tratar de um homônimo, ou seja, alguém com o mesmo nome, mas hoje, após averiguações, a CPI assegurou que se trata da mesma pessoa. “Não sei se ele era usado como “laranja” e não sabia, ou se quis nos confundir, mas sei que é ele mesmo”, concluiu Pátio.