As suspeitas sobre as irregularidades na negociação das cartas de crédito vieram à tona durante a 5ª etapa da Operação Ararath deflagrada em maio de 2014
Justiça Federal fornece documentos da Ararath à CPI do MP
O juiz da 5ª Vara Federal de Cuiabá, Dr. Jeferson Schneider, entregou ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério Público Estadual, deputado Max Russi (PSB), cópias dos documentos requeridas pela CPI que atestem o pagamento de cartas de crédito a procuradores e promotores de Mato Grosso, apreendidos durante a Operação Ararath.
Os documentos foram repassados a Max Russi e ao deputado José Carlos do Pátio, membro da CPI, na tarde de ontem (8), na sede da Justiça Federal.
O presidente da Comissão enalteceu a atitude do magistrado de cumprir o requerimento apresentado pela CPI e fornecer as informações.
“O pagamento das cartas de crédito a membros do Ministério Público foi alvo de grave denúncia e precisa ser investigado. O objetivo da CPI é analisar criteriosa e tecnicamente todas as informações referentes a esses pagamentos, e para isso precisamos trabalhar em parceria com os demais órgãos, como a Justiça Federal, que, através do juiz Jeferson Schneider, atendeu nosso requerimento e já repassou as informações solicitadas por essa comissão”, declarou Max Russi.
As suspeitas sobre as irregularidades na negociação das cartas de crédito vieram à tona durante a 5ª etapa da Operação Ararath deflagrada em maio de 2014. À ocasião, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes, onde foram encontrados documentos e planilhas detalhando pagamento de precatórios a promotores e procuradores de Justiça.
Posteriormente, durante depoimento na CPI da Copa do Mundo, o ex-secretário ratificou as denúncias contra o MP sobre a emissão das cartas de crédito, na qual ele próprio teria intermediado a negociação junto ao grupo Cemat. De acordo com o depoimento de Eder, “os títulos em favor dos promotores seriam irregulares porque foram emitidos sem previsão orçamentária ou financeira, ou estudo de impacto fiscal”.
De acordo com as planilhas, 45 promotores teriam sido beneficiados com um valor total superior a R$ 10,3 milhões. Só o procurador-geral de Justiça, Paulo Prado, teria recebido R$ 509,8 mil enquanto Marcelo Ferra, que foi o procurador antes de Prado, R$ 293 mil. O menor valor pago seria de R$ 53,7 mil.