'Já provei a minha inocência', afirma Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou sua inocência nas ações penais da Lava Jato neste sábado, 12, em ato da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Rio. "Por que eu iria envergonhar milhões de brasileiros, a quem reverencio todos os dias? Eu não estou acima da lei, mas o juiz também não está. Já provei a minha inocência, quero que provem que tenho R$ 1 que não é meu. Querem criminalizar a esquerda e o PT. Vou brigar para ser candidato em 2018 e vou mostrar que esse país vai voltar a sorrir, a ter a Petrobrás, a ter indústria naval", declarou, sendo bastante aplaudido.
A plenária da CUT é em Madureira, na zona norte do Rio, na quadra do Império Serrano - escola de samba historicamente de esquerda, fundada por sindicalistas em 1947. Participam do ato centenas de pessoas, entre sindicalistas, militantes e moradores da região, que gritaram o nome dele como presidenciável em 2018. Lula fez um discurso de cerca de meia hora em que criticou as reformas do governo Michel Temer (PMDB), repetiu a intenção de regular a imprensa se for eleito e anunciou sua caravana pelo Nordeste. Muito assediado, tirou fotos e assinou camisetas.
"Esse país voltou a ser o que sempre foi, e que mudou com a gente. Todo o objetivo dessa perseguição ao PT, essa reforma da Previdência e trabalhista, tudo é para tentar destruir o que conquistamos há mais de 60 anos. Querem evitar que o Lula volte. Não têm competência para fazer o Brasil crescer, o que nós provamos que sabemos fazer. Tivemos a Previdência superavitária. A falta de dinheiro na Previdência é resultado da incompetência dessa gente que está hoje destruindo o País", afirmou. "Muitos coxinhas agora não estão batendo mais panelas, e sim batendo a cabeça, porque não sabem mais o que fazer."
Ele voltou a criticar os meios de comunicação. "Eu nem vejo mais televisão, nem leio mais jornais, porque todo dia é uma desgraceira contra o Lula. Querem que a sociedade esqueça que o lula existiu", disse. Em seguida, comparou-se a Tiradentes. "O engano deles é achar que existe um ser humano insubstituível. Em 1792, mataram Tiradentes, esquartejaram ele, salgaram ele, para que ninguém nunca mais pensasse em independência no Brasil. O problema deles não é o Lula, eles estão enganados. É enfrentar as milhões de pessoas que querem ter direitos", criticou, acrescentando que também foi "esquartejado" e "salgado".
Estão no palco com Lula o senador Lindbergh Farias (PT) e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT), entre outros políticos, além do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra (MST), João Pedro Stédile. Todos fizeram discursos contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o juiz Sérgio Moro. Stédile disse que "é mais fácil o povo prender Moro do que Moro prender Lula".
Lula é réu da Lava Jato e mês passado foi condenado por Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá, que, segundo a Justiça, foi pago como propina da empreiteira OAS. Ontem, em evento na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro para marcar o lançamento do livro "Comentários a uma sentença anunciada: o processo Lula", com artigos de juristas organizados por professores de Direito, o ex-presidente disse que integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato compõem um partido político e que a esquerda precisa "juntar os cacos" para vencer em 2018.