Relatório da CPI das OSS será entregue em março
Doutor Leonardo, que é médico e atuou por muitos anos na área da saúde pública, disse que o erro das OSS foi a falta de controle interno e externo. O deputado também classificou a falta de sucesso das organizações em Mato Grosso, por conta da lei que, segundo ele, deixou brechas para que fossem feitas práticas ilícitas.
“As leis que seriam, em tese, copiadas de São Paulo, vieram distorcidas e deixaram brechas para se fazer picaretagem. E o pior é que não houve o controle adequado. Não tinha fiscalização interna, por parte do governo, nem externa, como por exemplo, a própria Assembleia que tem que fazer a sua mea-culpa, para não errar mais e não permitir que esse tipo de empresa venha para Mato Grosso”, pontuou.
O deputado disse ainda que os pagamentos eram feitos sem nenhum critério. “Tanto a abertura dos hospitais, mal distribuídos, como os pagamentos, foram feitos por apadrinhamento político. Houve um volume de pagamentos exagerados a determinadas empresas. Não havia um padrão. Todas as unidades ofereciam os mesmos serviços, mas com preços diferentes, não houve uma política pública nesse sentido, faziam o que queriam”, criticou.
O parlamentar informou que a CPI vai servir para corrigir as leis que regem as OSS no estado, bem como fortalecer a Comissão de Saúde da Casa para fazer a devida fiscalização.
“Vamos pedir ao presidente Guilherme Maluf a disponibilização de técnicos para que haja um melhor controle. E na Secretaria de Estado de Saúde, temos o entendimento de se fazer uma auditoria forte, em tempo integral, como forma de fiscalizar e trazer os resultados imediatos”, explicou.
Denúncias - Doutor Leonardo condenou um procedimento que era praticado nas unidades que passaram por intervenção – operar pacientes sem necessidade e as metas estipuladas.
“Aconteceram situações que não precisavam de intervenção cirúrgica e faziam operações só para ganhar. Outra questão foi quanto às metas. Um exemplo: a meta era 100 cirurgias, se chegasse a 101, parava, pois bateu a meta e abria novamente para ganhar mais. Mas o valor pago já era muito alto e não condizia com o que era praticado no mercado. Se paga um valor alto, se chegar a 100 ou 1.000 cirurgias, tem que operar. É assim em todos os estados, por que em Mato Grosso não?”, questionou o presidente da CPI.
O parlamentar informou que o relatório será entregue ao Governo do Estado, Poder Judiciário e Ministério Público Estadual. Vale ressaltar que, dos sete hospitais, cinco estão sob intervenção; Várzea Grande, Sorriso, Sinop, Alta Floresta e Colíder. Apenas Cáceres e Rondonópolis continuam com a administração das OSS.