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POLÍTICA
Sexta - 01 de Setembro de 2017 às 15:14
Por: Redação TA c/ O ESTADÃO

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FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
Governador do Estado do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), durante entrevista na redação do Estadão.
Governador do Estado do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), durante entrevista na redação do Estadão.

“O cara rouba um bilhão e devolve 76 milhões e vai ficar dois anos em prisão domiciliar na sua cobertura”, afirmou o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), que criticou, nesta quinta-feira, 31, em entrevista ao Estado, os termos da delação de seu antecessor, Silval Barbosa (PMDB). O tucano, que relata ter recebido do peemedebista, a sós, no dia em que tomaria posse, o pedido para que ‘não o perseguisse’, alega ter assumido a gestão com R$ 84 mil em caixa. Ele diz ter identificado ‘roubos’ até mesmo dos tapetes do Palácio dos Paiaguás.

Citado por Silval e por um empresário que tenta acordo com as autoridades no âmbito da Operação Rêmora, que investiga desvios na Secretaria de Educação, Taques se diz defensor da colaboração premiada. Ele afirma, reiteradamente, que ‘não há instrumento para investigação criminal mais importante do que a delação premiada’.

Entretanto, o governador tucano partiu para cima dos valores devolvidos pelo peemedebista que o acusa e ressalta que ‘delação não pode servir de instrumento de vingança a políticos adversários’. “O que ele devolveu? Um avião velho, uma fazenda no meio do mato. E o restante do dinheiro? Aí é uma critica construtiva à delação”.

Taques admite ser ‘inimigo de Silval’ e diz precisar de escolta policial há 12 anos porque o peemedebista e outros desafetos já teriam tentado matá-lo.

O governador comentou os vídeos entregues por seu antecessor nos quais políticos mato-grossenses pegam maços de dinheiro e enfiam em malas, mochilas, caixas e bolsos. Taques diz que as imagens são ‘nojentas’ e que as cenas protagonizadas, em parte, por seus aliados, ‘não têm explicação’.

ESTADÃO: O sr. é citado nas delações de Silval em um episódio de caixa dois e em outro em que tenta barrar a delação do peemedebista. Como recebe essas acusações?

GOVERNADOR PEDRO TAQUES: Houve a reunião, eu era senador, ele governador, o prefeito da capital, e o ministro (Blairo) Maggi. Eu tinha que conversar institucionalmente com o governador. Houve a reunião na casa do prefeito de Cuiabá. Nessa reunião, cada vez que eu subia nas pesquisas, o Silval ficava desesperado. Ele me procurou perguntando: ‘olha, você vai me perseguir, Pedro? Por favor, não me persiga!”. Eu disse objetivamente: ‘não persigo os inimigos e não vou proteger os amigos’. Eles morrem de medo da minha atuação, que eu tenho influência do Ministério Público e do Judiciário, em razão do meu histórico de ter vindo daí (Taques foi procurador da República antes de ingressar na carreira política). Nessa reunião, foi conversado isso. Na delação ele diz que depois o prefeito de Cuiabá teria pedido dinheiro para ele. Nunca pedi dinheiro, nem o prefeito de Cuiabá que, aliás, já negou. O ex-prefeito, não esse que aparece na delação.

ESTADÃO: E a menção de que ele teria repassado ao sr. dinheiro da JBS?

TAQUES: Sobre JBS, o Silval diz que nunca me deu dinheiro. Na delação em Brasília, que foi depois da de Cuiabá. E, depois ele disse que ouviu dizer ‘que o Pedro teria recebido dinheiro do credito da JBS’. JBS não me doou na campanha de 2014, em 2010 foram R$ 100 mil. Eu fui o governador que, no dia 1.º de janeiro, um dia depois da posse, baixei um decreto determinando a revisão dos contratos todos do Silval, auditoria de todos os incentivos fiscais, inclusive da JBS.

ESTADÃO: Como o sr. vê o acordo de delação do ex-governador?

TAQUES: Não há instrumento para investigação criminal mais importante do que a delação premiada. Não há nada no Brasil que esteja sendo feito melhor que a Lava Jato. Isso é fato, no sentido de transformação. De mudança no viés político do Estado, sou absolutamente favorável a isso, quero cumprimentar o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal. A delação só não pode servir de instrumento de vingança a políticos adversários. Eu sou inimigo do Silva Barbosa. Eu tenho quatro inimigos: Hidelbrando Paschoal (ex-deputado federal pelo Acre), que eu meti 48 anos nele, Arcanjo, que eu meti 100 anos nele, Riva (ex-deputado de Mato Grosso), e Silval Barbosa. Esses são meus inimigos e eu tenho orgulho desses meus inimigos, que já tentaram me matar. Essas pessoas. Eu estou com escolta policial há 12 anos.





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