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EDUCAÇÃO
Segunda - 22 de Fevereiro de 2016 às 16:34
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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 A transformação da educação em Mato Grosso é realizada por diversas frentes de investimentos na estrutura física de unidades escolares, formação de profissionais, ampliação das modalidades de ensino e a facilitação do acesso a um item básico, o uniforme escolar. As 800 mil camisetas padronizadas nas cores azul e branca e com o brasão do Estado serão doadas às 754 unidades escolares que poderão cobrar o valor máximo de R$ 3,00 por unidade.

Os primeiros 20.938 uniformes foram distribuídos em 10 unidades da rede estadual de ensino localizadas em Cuiabá e Várzea Grande na última semana, e entre 22 de fevereiro e 31 de março todas as unidades do Estado receberão as camisetas. A padronização e possibilidade de adquirir o uniforme por um valor acessível é resultado de uma parceria entre o Governo do Estado, Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).

A produção e distribuição realizada em tempo recorde é o primeiro passo do projeto que irá atender crianças, adolescentes, jovens e adultos da rede estadual de ensino nos próximos 10 anos. As escolas estaduais Liceu Cuiabano, Alcebíades Calhao, Alina Tocantins, Presidente Médici, Dione Augusta, Aureolina Eustáquio Ribeiro, Ulisses Cuiabano, José de Mesquita, Júlio Muller, André Luis Reis da Silva foram algumas que receberam as camisetas.

Localizada no bairro Jardim Cuiabá e com cerca de 750 estudantes matriculados do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, a Escola Ulisses Cuiabano recebeu 1.500 camisetas de uniforme, duas por aluno. Antes da entrega, pais e responsáveis já foram informados sobre o novo uniforme padronizado.

Professor de matemática na escola há dez anos, Ricardo Batista de Souza assumiu a coordenação da unidade este ano e conta que como toda mudança a do uniforme escolar causou estranhamento na comunidade. Contudo, cada gestão terá autonomia para definir se identifica ou não a escola no novo uniforme, podendo incluir o nome ou logo da escola.

“Pais com mais de um filho matriculados na escola, que estão começando agora ou que veem nos uniformes uma opção a mais de uso, como para as aulas de educação física e oficinas de artes são os que pediram reserva. Mas acreditamos especialmente que essa camiseta irá atender os alunos de baixa renda, pois com o preço de três reais ela custará menos que a passagem do transporte coletivo na capital”, explica Ricardo Souza.

O coordenador destaca que como em outras unidades de Mato Grosso, na escola Ulisses Cuiabano existe a perspectiva dos estudantes ganharem as camisetas mediante comprovação da renda familiar e situação ocupacional dos responsáveis.

O estudante Gabriel Santana Queiroz Rosa mora com os pais no bairro Santa Isabel. Ele precisará comprar uniforme pois mudou de escola para cursar o Ensino Médio mais perto de casa. “Eu acho o valor viável, ainda mais nessa época de crise, qualquer economia ajuda”, comenta o pai de Gabriel, Gerson Queiroz Rosa. Ele presta serviço com consertos de eletrônicos e não tem renda fixa. Por isso, está feliz com a economia de R$ 22,00. Atualmente, o uniforme na escola Ulisses Cuiabano custa R$ 25,00.

Sobre a destinação do valor arrecadado pelo uniforme, o secretário de Educação Permínio Pinto Filho explicou que a destinação será feita pela comunidade escolar, ou seja, o investimento deverá ser aprovado pelo conselho deliberativo de cada unidade. “Os recursos podem ser usados em programas educacionais, programas culturais, com relação a arte e cultura ou mesmo para uma pequena reforma, se assim o conselho desejar”, comentou.

A presidente da do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) da Escola Ulisses Cuiabano, Esther Fontes do Nascimento, comenta que o valor é muito atrativo e é importante na colaboração da uniformização de todos os estudantes da rede.

“As escolas devem alertar aos alunos sobre a importância do uso de uniforme escolar, pois esse é um item importante, tanto para a identificação como para a segurança dos alunos. A padronização também colabora com o desenvolvimento nos alunos do sentimento de pertencimento a um grupo, o que é importante para o desenvolvimento psicossocial. Evita também que as salas de aula se transformem em desfile de modas, separando os alunos por grupos econômicos”, pontua.

No Colégio Liceu Cuiabano os uniformes também já foram apresentamos aos 1.600 estudantes. O diretor Alceu Trentin conta que como o ano letivo já começou e a maior parte dos estudantes tem uniforme, foi decidido que antes de distribuir as camisetas o Conselho Deliberativo fará uma reunião para acordar o valor de venda e a destinação do dinheiro. Mas já adianta que se depender da vontade dos estudantes o valor arrecadado será investido para colocar uma rede de internet banda larga na escola. “Tudo que fazemos é em benefício deles, então é possível que optemos pela contratação do serviço”.

A quantidade de camisetas confeccionadas para todas as escolas tem como base o número de alunos, cerca de 400 mil no estado, sendo duas unidades por estudante.  Desse total, quase 188 mil abrange o público feminino. As camisetas têm tamanhos definidos por idade, de 3 a 16 anos, e nos tamanhos P, M, G, nos formatos masculino e feminino.

Matéria prima

A coordenadora escolar Edenéia Maria Curvo de Carlos foi surpreendida pela qualidade do material utilizado nas camisetas. “Trabalho há 30 anos como educadora e sempre ouvimos promessas, mas por vezes somos decepcionados. Dessa vez, o compromisso foi cumprido, vi e peguei na camiseta e gostei muito da qualidade”, declara.

A aluna Kauany Soares foi a primeira da escola Escola Ulisses Cuiabano a experimentar a camiseta e compartilha da percepção da educadora. A jovem não pretendia usar esse uniforme, mas já separou um, pois achou a nova camiseta bonita e confortável.

As 800 mil camisetas foram doadas pela Ampa. O responsável pelo acompanhamento do processo de fabricação da entidade, Álvaro Salles, comenta que foi necessária a união dos 300 produtores de algodão e 180 toneladas de algodão para fabricar as camisetas. “A ação foi trabalhosa, mas a cada criança uniformizada ou um elogio pela qualidade do nosso produto, nos faz sentir a satisfação em colaborar para a retomada da transformação da educação em Mato Grosso”.

Álvaro explica que existem várias categorias de algodão. Desta forma, o escolhido para a fabricação da camiseta foi o algodão fio 30, com fios penteado e open end. Essa combinação dos dois fios concedeu diferenciais ao uniforme, como não juntar as conhecidas bolinhas e pelinhos que geralmente são formados nas camisetas, maior durabilidade e melhor fixação da cor. Assim, os detalhes em tecido de algodão azul não mancham a parte branda.

“Desde o momento que fomos contatados pelo governador para realizar essa ação conjunta decidimos que manteríamos o padrão de qualidade pelo qual já somos conhecidos. Nós confiamos na nossa matéria prima e sabemos também que em determinadas condições os tecidos de algodão podem durar menos, porém esse ponto é compensado pelo conforto térmico proporcionado. Especialmente em localidades que registram altas temperatura, como é o caso de Mato Grosso e acreditamos que as nossas crianças merecem esse bem estar”, afirma Álvaro Salles.

O dirigente da Ampa afirma que após a divulgação da parceria, diversos produtores de outros estados procuraram representantes da associação para saber como reproduzir o projeto em suas regiões com o mesmo êxito.

Para Álvaro, a fabricação dos uniformes demonstrou que o algodão de Mato Grosso possui qualidade e capacidade de produção para ser utilizado em diversos fins, destacando que o fornecimento dos importadores da matéria prima não foi prejudicado pela ação social.

A perspectiva é que para 2017 é que a produção envolva outros entes do poder público e que as roupas sejam confeccionadas por reeducandos do sistema prisional, com matérias primas do Estado. Fator que irá ampliar a característica de sustentabilidade social da ação, pois além do valor acessível para os estudantes passará a colaborar para reinserção social das pessoas privadas de liberdade.

 

“A campanha foi um sucesso e dificilmente os produtores deixarão de apoiar. Então já começamos a pensar na produção para o próximo ano”, argumenta Álvaro.





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