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POLÍTICA
Quinta - 08 de Fevereiro de 2018 às 17:16
Por: Gazeta Digital

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João Vieira
Vereador Adevair Cabral (PSDB)
Vereador Adevair Cabral (PSDB)

O vereador Diego Guimarães (PP) pediu que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Cuiabá instaure um processo disciplinar para apurar a conduta do vereador Adevair Cabral (PSDB) na relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura suposta corrupção do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB).

A representação de Guimarães foi protocolada na manhã desta quinta-feira (8), após sessão ordinária marcada pela troca de acusações e insultos por parte de Adevair contra os vereadores Marcelo Bussiki (PSB) - presidente da “CPI do Paletó”, a quem chamou de “presidente treme-treme” (fazendo chacota com o fato do parlamentar ser tímido ao falar em público) - e Felipe Welaton (PV), a quem chamou de “chorão”.

Entenda o caso

No último dia 6, véspera da sessão da “CPI do Paletó” em que o ex-servidor do governo Valdecir Cardoso de Almeida prestaria depoimento, Adevair Cabral, na condição de relator, informou que havia recebido da testemunha um pedido de adiamento da oitiva. Consta na representação que o pedido estava com data de 29 de janeiro de 2018 e foi entregue a Adevair em “circunstâncias não esclarecidas”, com a alegação de que Valdecir estaria em viagem.

Valdecir é ex-servidor no Palácio Paiguás e quem teria instalado a câmera que filmou o então deputado Emanuel Pinheiro recebendo maços de dinheiro de Sílvio Corrêa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, dinheiro que se trataria de propina conforme delações premiadas de Silval e Sílvio. No último dia 7, Valdecir não compareceu à CPI.

Segundo o vereador que entrou com a representação, Adevair Cabral manteve o pedido de adiamento em seu poder desde o dia 29, deixando para comunicar o fato apenas na véspera do ato de interrogatório. Ele destacou que o relator da CPI não possui qualquer competência para receber documento relacionado à comissão e que mesmo que tivesse, caberia a ele encaminhar o documento ao presidente Marcelo Bussiki, imediatamente após o recebimento.

“Ademais, é notório que o vereador tem agido em favor do prefeito Emanuel Pinheiro, que é investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito”, enfatizou Guimarães na representação.

Além disso, o pedido de adiamento de oitiva entregue por Valdecir Cardodo a Adevair Cabral não foi acompanhado de comprovação de que a testemunha realmente estivesse viajando e nem de que a viagem teria sido agendada antes da intimação para comparecer à Câmara. O pedido de adiamento sequer foi protocolado na Câmara.

Baixaria

Durante a sessão na Câmara, Adevair Cabral, que foi alvo de pedido do vereador Felipe Welaton para que saia da CPI, disse com todas as letras: “Não vou sair da CPI! A não ser que ‘os líder’ me tira!”. Aliado do prefeito investigado, ele ainda bradou: “Pode bater a vontade! Aqui tem costas largas, aqui aguenta porrada! Aqui aguenta porrada!”.

Adevair disse que Felipe Welaton não tem “legitimidade e nem moral” para pedir sua saída da CPI porque está em seu primeiro mandato. “É um vereador chorão, que fica aqui dentro dessa Casa de Leis chorando aos quatro cantos da casa, que fica fazendo de coitadinho [...] Vai trabalhar!”, disparou.

O relator da CPI ainda atacou o presidente da comissão, Marcelo Bussiki. “Desde o começo eu combato e vou continuar combatendo esse desmando que o presidente treme-treme vem fazendo dentro dessa Casa porque ele abre o microfone pra fazer debate e não pode ter debate. Vereador treme-treme, presidente treme-treme!”, provocou.

Rebatendo as acusações de que teria segurado o pedido de adiamento de Valdecir Cardoso, Adevair Cabral explicou que tentou informar o caso a Marcelo Bussiki, ligando por várias vezes e enviando foto do pedido para o grupo de WhatsApp dos vereadores. “O que mais eu podia ter feito?!”, questionou.

Em resposta, Bussiki acusou Cabral de não obedecer ás regras da Casa, já que o ofício deveria ser protocolado. “O senhor tem quatro mandatos e sabe, mais do que eu, que existe protocolo geral, onde os documentos endereçados aos vereadores têm que ser protocolados”. O presidente da CPI ainda reforçou que se soubesse oficialmente da que Valdecir iria faltar ao interrogatório, mandaria que o mesmo fosse conduzido coercitivamente. “Não é porque ele enviou, que ele não teria que vir. Ele é obrigado a vir”, explicou.

Marcelo Bussiki aproveitou o momento para criticar a postura de Adevair Cabral enquanto relator da CPI, dizendo que até o momento, ele não entendeu qual é seu papel. “O senhor é o relator da CPI, o senhor é o mesmo vereador que assinou um documento e, depois que foi protocolado, o senhor não queria investigar. O senhor sabe disso! O senhor também sabe que o senhor queria essa CPI de portas fechadas e de luz apagada! É o primeiro que queria isso. O senhor também sabe que o senhor fez várias indicações e sugestões pra ouvir pessoas que não têm nada a ver com o objeto, que são meramente protelatórias!”, apontou.

Após a discussão, o vereador Diego Guimarães pediu respeito a Welaton e Bussiki por parte de Adevair Cabral e ainda pediu que este pedisse desculpas aos pares, senão, entraria com pedido de processo disciplinar por quebra de decoro.

Em tom de deboche, Adevair afirmou que retirava os “apelidos” que deu aos vereadores de “chorão” e “treme-treme”, mas destacou que não tem respeito por eles. (Colaborou Janaiara Soares, repórter de A Gazeta)





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