Médico envolvido em acidente que matou verdureiro presta depoimento
O médico Aritony de Alencar Menezes, 37, presta depoimento na Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran) nesta terça-feira (17) sobre o atropelamento e morte do verdureiro Francisco Lucio Maia, 48, ocorrido no último sábado. Ele estava com a esposa, médica Letícia Bortolini, 37, no dia do acidente e fugiu durante o registro da ocorrência, na Central de Flagrantes.
Testemunhas do acidente, conforme o delegado Christian Cabral, já foram ouvidas tendo ficado apenas o médico até sem prestar esclarecimentos sobre o fato. Em relação ao depoimento de Letícia, Christian descartou uma nova oitiva já que 1ª vez ela ficou em silêncio e só deverá se manifestar em juízo.
Aritony chegou a ser conduzido à Central de Flagrantes junto a esposa no dia do atropelamento. Porém durante o registro da ocorrência ele fugiu do local. Houve, inclusive, suspeitas de que ele pudesse estar ao dirigindo o veículo no momento do atropelamento e que a médica pudesse assumido a culpa para livrá-lo. No entanto, não há nada oficial que sustente essa suposição, conforme o delegado e por isso imagens de câmeras de segurança também passam por análise.
"Já ouvimos a testemunha flagrou o acidente e perseguiu o veículo até o condomínio. Apesar de dizer que não viu com nitidez quem dirigia o carro, afirmou com certeza que a pessoa que conduzia tinha cabelos compridos, o que conduz à médica", relatou Cabral em entrevista ao Gazeta Digital.
O caso
O caso foi registrado no sábado (14), por volta das 19h50, quando o casal de médicos, Letícia e Aritony de Alencar Menezes, 37, passou em um Jeep Compass e atropelou o trabalhador que chegava próximo do canteiro central da pista. O veículo era conduzido pela mulher que não prestou
Testemunhas que presenciaram o fato ligaram na delegacia e para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para prestar socorro, mas o óbito foi confirmado.
Depois de receber as características do veículo, a PM saiu à procura e localizou a motorista e o passageiro em um condomínio no bairro Jardim Itália. A mulher apresentava sinais visíveis de embriaguez. Ela estava com os olhos vermelhos e se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Porém foi levada a Central de Flagrantes, onde foi autuada por omissão de socorro, lesão corporal, homicídio culposo e direção perigosa e de lá encaminhada à audiência de custódia.
A Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran) iniciou as investigações. As imagens de câmeras instaladas próximas do local devem ajudar no trabalho da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).
Justiça não serve para ricos, desabafam filhas de verdureiro após soltura de médica
"Isso nos prova mais uma vez que a Justiça pro rico não serve". O desabafo é compartilhado pelas irmãs Francinilda Silva e Vânia Silva, 23, por causa decisão do desembargador Orlando de Almeida Perri, que concedeu habeas corpus à médica Letícia Bortolini, 37, presa por atropelar e matar o vendedor de verduras Francisco Lúcio Maia, 48, pai das duas jovens.
Elas conversaram com o Gazeta Digital e afirmaram que a indignação é compartilhada pelos demais familiares da vítima.
Na avaliação de Francinilda, a Justiça não funciona para os trabalhadores pobres e sim "para os ricos", pois antes mesmo de completar 24 horas que o pai foi sepultado, a Justiça concedeu liberdade à médica que no dia do acidente sequer parou para prestar socorro. O principal motivo para a soltura foi o fato de Letícia ter uma criança de 1 ano e 6 meses que depende dela.
Poucas horas depois do caso registrado na noite de sábado (14), na Avenida Miguel Sutil, a médica foi presa e encaminhada para o presídio feminino Ana Maria do Couto. A juíza da 9ª Vara Criminal, Renata do Carmo Evaristo Pereira, foi quem decretou converteu o flagrante em prisão preventiva e negou o pedido de fiança solicitado durante a audiência de custódia, no Fórum de Cuiabá. Quanto ao pedido da defesa de para que fosse convertida em prisão domiciliar a magistrada plantonista deixou para que o juiz titular do caso apreciasse o pedido.
"Estamos abismados com esta situação. Mal terminamos de enterrar um trabalhador e pai de família e ela já ganha liberdade? Isso nos prova mais uma vez que a Justiça pro rico não serve. Agora se fosse um pobre que tivesse atropelado alguém da alta sociedade certamente o motorista perderia o direito de dirigir e ainda o carro", desabafou.
Vânia Silva relembrou da rotina do pai antes de seguir em direção ao ponto onde vendia verduras e frutas em frente ao Posto de Saúde do bairro Coophamil. Francisco acordava por volta das 3h e ia até a feira do Industriário escolher verduras e legumes para depois revender aos clientes.
Deletran |
Manifestação por Justiça
Para demonstrar a insatisfação com a liberdade da médica, familiares de Francisco agendaram uma manifestação para esta terça-feira (17), a partir das 19h na Praça Central do bairro Coophamil. Amigos e parentes irão se reunir no local vestidos de preto para demonstrar o luto. Faixas e cartazes também serão utilizadas no ato.
Algumas devem ser instaladas no local onde o trabalhador vendia as verduras."É triste sentimos um vazio enorme dentro de casa. Pro meu pai não tinha tempo ruim era chuva ou sol que ele levantava para trabalhar. Dai surge uma mulher, que se diz médica e tira a vida dele. Acreditamos que se os 2 tivessem parado o carro e prestado os primeiros socorros meu pai poderia estar vivo. Mas, a única coisa que sentimos neste momento além da dor profunda que parece não ter fim é a incapacidade de lutar pela Justiça contra a motorista", afirmou Vânia.
Investigação
O delegado Christian Cabral, da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), responsável pelo inquérito que investiga o atropelamento já começou a ouvir as testemunhas do acidente.
Além disso, imagens de câmeras de segurança são utilizadas para identificar quem dirigia o Jeep Compass se, de fato, era a médica Letícia Bortolini, 37, que foi presa e ganhou habeas corpus na tarde desta segunda-feira (16), ou o marido dela, também médico, Aritony de Alencar Menezes, 37, que fugiu durante o registro da ocorrência. O depoimento de Aritony está agendado para esta tarde na na Deletran e os familiares irão acompanhar.
Segundo o delegado, não há nada de concreto nas investigações que possam indicar que Letícia tenha assumido a culpa para livrar o marido. Porém após algumas informações que surgiram durante as investigações, tal possibilidade também é apurada.
O caso
O caso foi registrado no sábado (14), por volta das 19h50, quando o casal de médicos, Letícia e Aritony de Alencar Menezes, 37, passou em um Jeep Compass e atropelou o trabalhador que chegava próximo do canteiro central da pista. O veículo era conduzido pela mulher que não prestou socorro,
Testemunhas que presenciaram o fato ligaram na delegacia e para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o óbito foi confirmado.
Depois de receber as características do veículo, a PM saiu à procura e localizou a motorista e o passageiro em um condomínio no bairro Jardim Itália. A mulher apresentava sinais visíveis de embriaguez. Ela estava com os olhos vermelhos e se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Porém foi levada a Central de Flagrantes, onde foi autuada por omissão de socorro, lesão corporal, homicídio culposo e direção perigosa e de lá encaminhada à audiência de custódia.