Haddad repete Lula e diz que 'pobre entrou no avião' com PT
Durante atos em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) , Fernando Haddad (PT) reforçou o apelo a eleitores de baixa renda e repetiu discurso usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político; ele disse que nos governos de seu partido, "pobre se tornou cidadão".
Haddad, que foi ministro da Educação de Lula, afirmou que "o Brasil atrasou muito" o acesso ao ensino superior e que a defasagem foi corrigida pela sigla.
"Se não fosse um nordestino sem curso superior, isso não teria acontecido até hoje. Aliás, não é só na universidade. O pobre entrou no avião, entrou no restaurante, entrou no banco, entrou em todo canto, porque o pobre se tornou cidadão, como tem que ser", declarou.
O eleitorado de menor renda impulsionou o crescimento de Haddad nas pesquisas até aqui. Em um mês, ele passou de 3% para 20% das intenções de voto no segmento que recebe até dois salários mínimos. O petista está empatado nesse grupo com Jair Bolsonaro (PSL), que tem 19%.
O PT acredita que ele ainda pode crescer mais entre esses eleitores, principalmente devido à popularidade de Lula. Quase metade dos entrevistados dessa faixa de renda não sabe que Haddad é apoiado pelo ex-presidente.
Em discurso de pouco mais de seis minutos, Haddad culpou opositores e o governo Michel Temer pela desaceleração da economia.
"Nós não estaríamos vivendo a crise que estamos vivendo hoje se o nosso projeto não tivesse sido sabotado por esses golpistas que estão aí", disse, em referência aos políticos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff. A seu lado, estava Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco que apoiou a derrubada da então presidente em 2016.
O petista disse que o Nordeste ainda cresce "porque é difícil frear uma locomotiva a 120 [quilômetros] por hora". "Hoje, ela ainda está a 80, mas, se a gente bobear, ela vai a 40 e para", emendou.
Em entrevista após o evento de campanha, Haddad afirmou que sua proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos não prejudicará as contas públicas.
"Isso não vai acontecer em função do fato de que nós vamos tributar dividendos. Hoje, quem recebe dividendos não paga imposto de renda. Só paga o trabalhador. Então isentar o trabalhador cobrando de quem tem como pagar vai equilibrar a conta", disse.
Durante os atos, Haddad adotou um discurso apaziguador para tentar fazer frente a Jair Bolsonaro (PSL), com quem pode travar um embate direto no segundo turno.
"Eu vejo os outros candidatos fazendo ataques na televisão, e a nossa campanha é só proposição, só amor, só paz, que é o que o brasileiro quer", declarou em discurso feito em Juazeiro, antes de sair em carreata.
Mais tarde, completou: "Estou vendo que o calor está subindo muito e a nossa campanha não vai entrar nessa. Vamos discutir propostas e respeitar os adversários, que também têm o direito de pensar diferente. Ataque pessoal, da maneira como estão fazendo, acho que não vai levar o Brasil a lugar nenhum".
A campanha petista tem evitado mirar seus adversários diretos até agora. Na eleição de 2014, o PT fez ataques duros a Marina Silva (então no PSB) e Aécio Neves (PSDB) quando os dois ameaçavam a vitória de Dilma.
Haddad repetiu uma crítica que já havia feito a Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro. "Não sei se vocês ouviram o vice do Bolsonaro falar que essa delinquência é porque as mães e avós estão educando sozinhas. [...] Se tem mãe sozinha, vamos cuidar, vamos respeitar e não estimular preconceito", disse.
Com informações da Folhapress.