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ASSISTÊNCIA SOCIAL
Quinta - 28 de Janeiro de 2016 às 13:32
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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 Uma ação realizada pelas secretarias de Ordem Pública, de Assistência Social e Desenvolvimento Humano e de Serviços Urbanos de Cuiabá retirou mais de 30 usuários de drogas e moradores de rua de duas áreas verdes do município durante a manhã desta quinta-feira (28). Eles receberam ofertas de tratamento para desintoxicação, de reabilitação e de moradia para que saiam definitivamente das ruas.

A abordagem contou com o apoio da Polícia Militar e ocorreu em uma área verde logo no início da Estrada do Moinho, próximo ao bairro Jardim Leblon. No local havia barracos de lona, madeira, colchões, sofás e uma estrutura que abrigava 30 pessoas, sendo 13 mulheres. Porém, com a chegada das equipes, apenas uma pessoa permaneceu no local enquanto o trator derrubava a estrutura.

De acordo com o secretário de Ordem Pública, Eduardo Henrique de Souza, foi constatado que o local era ponto de uso de drogas e de prostituição, por isso a necessidade de destruir definitivamente a estrutura para, ao menos, dificultar o retorno dessas pessoas. Isso porque essa foi a terceira ação realizada no mesmo local para retirada desses dependentes.

“Mais do que fazermos a limpeza das áreas e garantir a organização do espaço público, nós também realizamos essa ação que é de extrema importância para a vida das pessoas que aqui estão. Hoje elas estão em uma situação de vulnerabilidade social, com risco para a saúde e a própria vida, além dos relacionamentos sociais e familiares já degenerados. Então, acima de tudo, estamos atuando na recomposição da situação de vida normal dessas pessoas”, disse.

A segunda área alvo da ação foi nas imediações do córrego do Barbado, onde moravam quatro pessoas, sendo duas mulheres e dois homens. Segundo o secretário-adjunto de Segurança Pública, Zilmar Dias da Silva, o local não tem as mínimas condições de vivência e sequer poderia ter sido ocupado, já que é uma área de proteção que margeia o córrego.

Ele ressalta que as pessoas foram alertadas da situação e, como permaneceram no local, foi necessário o cumprimento da lei, assim como ocorreu em outras áreas do município, como nas proximidades da rodoviária.

“Nós não nos limitamos apenas a essa regiões chamadas de cracolândia, mas já estendemos essa ação e queremos parcerias com líderes comunitários. Toda a ação é feita de forma colaborativa. Pegamos as pessoas aqui, fazemos um cadastro, levamos para a comunidade, apoiamos com alimentação e tratamento médico. Além disso, fazemos esse elo com a família, em casos em que houve a perda do vinculo familiar”, explica.

Uma equipe de assistentes sociais do Centro de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) Norte acompanhou toda a ação, dando um suporte na abordagem aos usuários de drogas. O objetivo era fazer um diagnostico sobre essas pessoas e oferecer ajuda de acordo com suas necessidades.

L.P., 26 anos, foi uma das pessoas abordadas durante a ação. Ela conta que é usuária de pasta-base há 10 anos e que já foi abordada em outras ocasiões, mas que não tem intenção de abandonar as drogas. “Eu vi o povo fumando perto de mim e eu mesmo fui e comprei a droga e nunca mais consegui parar. Eu tenho família e vou lá direto. Passo três dias com eles, mas aí não consigo mais e volto para cá, para ficar na rua aqui”, diz.

Questionada sobre o motivo pelo qual dexia a sua família e não pede o apoio para viver sem drogas, ela diz que “vivo bem aqui. Nunca sofri nada. Tenho muitos amigos e faço meu caminho. Não preciso da ajuda de ninguém”, assegura.

Conforme a coordenadora da equipe de assistentes sociais, Maria Rita de Cássia Martins, apesar da negativa em receber o atendimento e deixar as drogas, a equipe realiza o trabalho de abordagem, de forma a descobrir o histórico familiar dessa pessoa, o motivo pelo qual iniciou o vício com a intenção de mostrar que eles têm apoio caso, um dia, queiram sair das ruas.

 “As ações são sempre tentando fazer com que os moradores de rua e usuários de drogas saiam do local público, enquanto nós procuramos um local adequado para eles, como uma clínica, unidade terapêutica, a reintegração familiar ou uma moradia no albergue. Em um primeiro momento, eles precisam saber que têm o nosso apoio”, esclarece.

Hoje o município possui os albergues do Porto e Manoel Miraglia aptos a receberem pessoas em situação de rua. Além disso, há unidades terapêuticas em parcerias com instituições religiosas que oferecem o tratamento de desintoxicação e reabilitação do dependente.

“Infelizmente, hoje nenhuma das pessoas aceitou a nossa oferta e, como não podemos fazer o recolhimento compulsório dessas pessoas, o município não possui mecanismos para impedir que eles voltem para outros pontos da cidade, nessa mesma situação de risco e violência que se encontram”, finaliza.





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