Grevistas da educação buscam alternativas para ter renda financeira
A greve dos servidores da educação de Mato Grosso, que reivindicam o cumprimento da Lei Complementar de n.º 510/2013 ( LC 510/2013 ) - dispõe sobre a restruturação dos subsídios dos profissionais da educação básica e assegura o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA)- completou dois meses de duração. O deputado estadual Delegado Claudinei (PSL) se manifestou, em sessão plenária nessa quarta-feira (25), sobre a necessidade dos poderes e profissionais da área se reunirem com governador Mauro Mendes a fim de resolver o imbróglio.
“Eu sou parceiro, se alguém da comissão ou alguma liderança quiser vir conosco, eu concordo. Vocês (profissionais da educação) estão fazendo parte das sessões plenárias e são guerreiros, mas não adianta ficar aqui reclamando, sem tomar uma atitude ou uma ação. Vamos conversar com o governador. Os deputados que quiserem, eu também faço questão de tratar sobre essa questão”, se posicionou Delegado Claudinei.
Alguns servidores da educação se dispuseram a acampar com barracas em frente à Casa de Leis até chegar a uma solução. Nestes três últimos dias, cerca de 40 educadores de Rondonópolis (MT) somaram-se ao movimento.
A professora da Escola Estadual São José do Operário, Elisângela Gonçalves, conta que os servidores grevistas buscam alternativas para obter renda, como fazer artesanato, distribuir jornais, vender cosméticos ou perfumes e fazer crochê. Ela explica que chegou a receber uma cesta básica e aderiu a um fogão à lenha por não ter dinheiro para comprar o gás. “Amigos e familiares vêm me ajudando, pois meu marido não ganha muito e tenho três filhos para sustentar”, ressaltou Elisângela.
“A gente não vai entregar os pontos porque o professor está acostumado com o pouco que tem no dia a dia. O nosso salário, além de servir para o sustento da família, é para também comprar material para dentro da escola e ajudar a desenvolver uma aula melhor. A gente está dentro de uma luta que é justa, que é uma lei em vigor há cinco anos e não pode ser jogada na lata do lixo”, destacou a educadora.
Para Delegado Claudinei essa situação já é uma questão social. “Têm profissionais indo para o semáforo, pedir ajuda para ter o que comer em casa. Onde vamos parar? Não podemos continuar criando argumentos e respostas, precisamos agir. Já são dois meses em que os servidores da educação de Mato Grosso estão sem salário e muito deles são responsáveis pelo sustento de suas famílias”, disse o parlamentar.
A aposentada que atuou por 30 anos na área da educação, Naomi Porto, 65 anos, ficou sensibilizada com a greve e decidiu acampar em frente à ALMT. “É que já passamos muito por isso. Trabalhei 30 anos e, agora, tenho tempo para ajudar e apoiar os professores. Tanto que colaboro com a atividade extra, como crochê. Eles estão em greve, mas ao mesmo tempo, continuam trabalhando, mas com as atividades artesanais e crochê”, explicou Naomi.
Além da preocupação com a greve, o deputado defendeu o funcionalismo público, principalmente por ter atuado por 17 anos como delegado da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC-MT). “Não é uma questão de ideologia partidária. É uma questão justa para que o governo cumpra uma lei. O meu apoio também sempre será a favor dos servidores públicos. Eu sei que os servidores públicos estaduais se sacrificam por não receber a RGA, salário e décimo terceiro em dia. Portanto, quero esclarecer que sou solidário, sim, pela luta dos professores”, enfatiza Claudinei.
A paralisação das atividades dos profissionais da educação se iniciou no dia 27 de maio. Eles decidiram manter a greve no início de julho, por não terem aprovado as propostas enviadas pelo governo de Mato Grosso.