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MEIO AMBIENTE
Domingo - 10 de Outubro de 2021 às 16:19
Por: Redação TA c/ Secom-MT

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Foto: Sema-MT
Foto: Sema-MT

Com a estiagem e a redução da presença de água no Pantanal mato-grossense, jacarés estão migrando dos corixos que estão secando para outros locais com água. Equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente que atuam na região da Estrada Parque Transpantaneira, em Poconé (102 km distante de Cuiabá), flagraram a mobilização dos animais silvestres, que aconteceu de forma natural.

A coordenadora de Fauna e Recursos Pesqueiros da Sema-MT, Neusa Arenhart, destaca que o monitoramento do órgão ambiental é importante para que seja possível avaliar as condições dos animais e do bioma. Até o momento, a recomendação da Sema-MT é de que as intervenções devem ser mínimas no Pantanal para evitar danos à fauna silvestre.

"Os jacarés estão na fase de migração para buscar novas áreas de alimento e água cumprindo, assim, o processo natural que tem sido contínuo e sem interferências. É um momento delicado para os jacarés e por isso, quanto menos pessoas ao redor dos lagos e dos locais onde eles se concentram é melhor para evitar o estresse dos animais”.

A não interferência no habitat natural é indicada também pela especialista em Jacaré-do-pantanal, pesquisadora da Embrapa-Pantanal, doutora em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Zilca Campos.

“Constatamos uma grande quantidade de jacarés neste corixo e que saíram em busca de água, alimento e refúgio. A natureza por si só está fazendo o movimento e o instinto vai fazer com que eles procurem outras áreas", explica.

Intervenções no habitat natural podem ocasionar doenças aos animais, a habituação e ceva (aglomeração de animais em locais onde é distribuído o alimento) e até alterações prejudiciais nos hábitos de caça naturais. No caso dos jacarés, o translocamento também não é recomendado, pois pode prejudicar a saúde animal pelo manuseio e pelo estresse.

"É importante as pessoas entenderem que o apelo emocional é sempre muito forte nesses momentos, mas é preciso entender a ecologia do animal e aceitar seus movimentos e comportamentos naturais, mesmo que estes não sejam tão agradáveis à nossa visão. Deve-se lembrar que essas ações devem ser monitoradas e acompanhadas por técnicos especializados", explica a coordenadora de Fauna da Sema-MT.

Em nota técnica, a Sema-MT recomendou que, exceto em casos pontuais avaliados por especialistas e pesquisadores, não é indicada em hipótese alguma a suplementação alimentar aos animais silvestres, e nem o translocamento de jacarés.





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