Servidores contratados das escolas quilombolas debatem processo seletivo com governo
Servidores contratados das escolas quilombolas de Santo Antônio de Leverger, Barra do Bugres e Nossa Senhora do Livramento recorreram ao governo do estado para sanar dúvidas sobre o processo seletivo para contratação de profissionais interinos para o próximo ano letivo. A reunião foi intermediada pelo deputado Eduardo Botelho, nesta sexta-feira (12), no auditório da Secretaria Estadual de Educação, em Cuiabá.
Eles tiveram a garantia de que o governo vai editar uma portaria, junto com representantes dessas escolas, exigindo que, após a seleção, o candidato ao cargo terá que passar por uma avaliação do perfil de acordo com a legislação vigente.
Gonçalina Eva Almeida de Santana, coordenadora pedagógica, na Escola Quilombola Tereza Conceição Arruda, da comunidade Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, explicou sobre a preocupação dos interinos. O contrato vigente vai até o próximo dia 20 de dezembro.
“A principal reivindicação é a garantia da especificidade dos quilombolas no seletivo da Seduc para contrato temporário, de acordo com as orientações curriculares nacionais para educação escolar quilombolas e da Resolução 02 do Conselho Estadual de Educação. Nas comunidades quilombolas, preferencialmente, tem que ser professores, gestores e funcionários quilombolas. Neste diálogo conseguimos garantir, que na hora da contratação, será respeitada a especificidade quilombolas para as escolas quilombolas de acordo com as especificações da legislação pertinente”, assegurou, após conversa com o secretário estadual de Educação, Alan Porto e Botelho.
“Já estamos discutindo essa portaria que vai ser publicada. A portaria geral não foi revogada, os direitos estão garantidos de todo pessoal e todas as escolas quilombolas. Foi um bate papo super importante. É assim que a gente faz, a Secretaria de Educação está aberta a todos os profissionais de educação e a todos que têm dúvidas. Agradeço também ao deputado Botelho, que esteve presente nesse diálogo”, afirmou o secretário.
Botelho ressaltou a importância do debate e a valorização desses profissionais que atuam na região, promovendo a educação para as comunidades remanescentes de quilombos.
“Esse processo seletivo deixa algumas dúvidas, pois existem algumas comunidades, como a dos indígenas, dos quilombolas e do sistema socioeducativo. Todos têm que ter uma condição diferenciada. E nós viemos aqui para sanar essa dúvida. Já ficou fechado de que vamos fazer um documento definindo o que vai ser diferente para essas comunidades, com a garantia de que cada um vai ter mantidas as suas peculiaridades, valorizando quem já está lá trabalhando com os quilombolas”, disse o parlamentar.
Urias Bondespacho Silva, diretor da Escola Quilombola Maria de Arruda Müller, na Serra de São Vicente, de Santo Antônio de Leverger, disse que ficou satisfeito com os encaminhamentos da reunião, que aliviou os profissionais.
“A reunião foi satisfatória, estávamos com medo de tantos açoites que levamos lá no passado, por isso, quando não vimos o documento claro, já ficamos com medo de perder nossos direitos. Então, já gritamos antes que algo aconteça. Ficou tudo esclarecido, pois era um seletivo que de repente poderia prejudicar os nossos professores remanescentes quilombolas”.