Audiência pública debate impactos culturais e ambientais no Rio Coxipó
Comunidades tradicionais, população, ambientalistas, pesquisadores e agentes públicos se reúnem para debater “Os impactos ambientais e culturais na Bacia do Rio Coxipó”, na próxima segunda-feira (7), a partir das 9h30, na Câmara Municipal de Cuiabá. A audiência pública requerida pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT) e pelo vereador em exercício Robinson Cireia (PT) tem formato híbrido (presencial e remoto) e é uma realização conjunta entre a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e a Câmara Municipal.
“O Rio Coxipó sofre diversas ameaças por causa da ação humana. A preservação do Rio Coxipó é essencial para o abastecimento de água da população de Cuiabá e para desenvolvimento do turismo sustentável na região, que gera renda para os moradores. Além disso, ele é muito importante para pesquisa científica e compreensão dos biomas de Mato Grosso. A importância histórica e cultural do Rio Coxipó também precisa ser reconhecida e valorizada. Foi às margens do Rio Coxipó que teve início o primeiro núcleo populacional da região central do Brasil, e foi lá que começou Cuiabá, no Arraial da Forquilha, onde hoje é o distrito do Coxipó do Ouro”, disse Lúdio.
O vereador Robinson Cireia pretende usar a discussão da audiência pública como base para apresentar um projeto de lei municipal que proteja o patrimônio natural, histórico e cultural do Rio Coxipó. “Nessa expedição vimos onde nasce o rio, onde ele passa, as comunidades que ele beneficia. Vamos defender o Rio Coxipó como patrimônio natural e cultural. É essa discussão que temos que fazer com a sociedade”, disse.
Nesta semana, Lúdio e Cireia percorreram parte do trajeto do Rio Coxipó, estiveram na obra abandonada do Balneário Ponte de Ferro, que está tomada pelo mato, e visitaram comunidades tradicionais ligadas ao rio, para reunir informações e convidar as pessoas a participarem da audiência. O presidente da Associação de Moradores do Coxipó do Ouro, Thiago Pedroso, citou preocupação da comunidade com condomínios criados a partir de loteamentos de chácaras, lixo deixado pelos turistas e redução da população de peixes.
O biólogo Fernando Xavier, do ICMBio, destacou a importância de as comunidades tradicionais ajudarem a preservar o rio. “As comunidades do Coxipó do Ouro, Arraial dos Freitas e parte da comunidade de São Jerônimo, que já está no divisor de águas da Bacia do Aricá, são detentoras da qualidade da água que vai para o abastecimento humano em Cuiabá. Esse trecho é um dos mais conservados do Rio Coxipó. Mas, ainda assim, sofre impactos e ameaças. As águas rio acima são como se fossem nossa caixa d’água e essas pessoas aqui são as primeiras que consomem a água da torneira. Por isso, quanto mais envolvimento da comunidade, mais proteção o Rio Coxipó terá”, explicou.
Nascente e percurso do rio - Lúdio Cabral e Robinson Cireia estiveram também no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, onde o Rio Coxipó forma a cachoeira Véu de Noiva, e na nascente, que fica dentro do Horto Florestal da cidade de Chapada dos Guimarães, uma unidade de conservação municipal.
O Rio Coxipó percorre 82 km desde a nascente até desaguar no Rio Cuiabá, dentro da cidade de Cuiabá, na região do São Gonçalo Beira Rio. No caminho, recebe afluentes como o Rio Claro, Rio Salgadeira, Rio Mutuca e Rio Paciência, fazendo a ligação entre o planalto e a Baixada Cuiabana, passa por comunidades como o Coxipó do Ouro e o Arraial dos Freitas, e abastece quase metade da população de Cuiabá com água captada na estação de tratamento de água (ETA) Tijucal.