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POLÍTICA
Terça - 23 de Maio de 2023 às 20:19
Por: Neusa Batista, Assessoria

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O combate à pobreza menstrual foi tema do espaço Tribuna Livre nesta terça-feira (23), na Câmara Municipal de Cuiabá, com a participação da coordenadora do projeto Bolsa Solidária, professora Dejenana Campos, que compareceu a convite da vereadora Edna Sampaio.

O projeto, idealizado por Dejenana e executado em parceria com entidades de defesa das mulheres e coletivos de mulheres da periferia, já atendeu a mais de duas mil pessoas com a doação de kits de cuidados de higiene íntima, incluindo absorventes higiênicos e atividades de educação e combate à pobreza menstrual.

Segundo ela, a maioria das mulheres atendidas são mães solteiras e não têm condições de adquirir o absorvente, destacando que este é um direito fundamental de todas as pessoas que menstruam.

Dejenana lembrou, ainda, da realização do 4º Encontro Latino-americano de Educação em Saúde e Ativismo Menstrual, durante esta semana, e destacou o dia 28 de maio como o Dia Internacional de Combate à Pobreza Menstrual.

Ela destacou que a pobreza menstrual é a falta de acesso a itens básicos de higiene pessoal, e que esta condição atinge principalmente mulheres negras e da periferia, muitas das quais deixam de ir à escola e ao trabalho devido à falta do item, enfatizando, assim, a relação entre o do tema com o racismo ambiental.

“É preciso garantir a dignidade menstrual para todas e não tem como falar de absorvente sem falar em acesso a saneamento básico, de água. Muita gente não tem acesso à água, há bairros em que só tem água uma vez por semana. Temos depoimentos de mulheres que utilizam plástico, meia, pano velho, papel higiênico. Não tem água no bairro, nem saneamento. Precisamos conversar sobre isso, isso é real”, disse.

A professora destacou, ainda, a importância combater o racismo ambiental, enfatizando a exclusão de parte da população mundial não branca do acesso ao saneamento básico.

Segundo ela, mais de 700 mil mulheres no país não possuem acesso a sanitário e chuveiros em casa, 900 mil pessoas não têm acesso à água no país e mais de duas milhões de meninas não recebem água diariamente, sendo que as meninas negras têm três vezes mais chances de passarem por isso que as brancas.

“Estamos falando de mulheres que precisam de nós, precisam de políticas públicas e com essa Bolsa Solidária estamos nesse compromisso no combate ao prejuízo menstrual, na conscientização sobre a saúde menstrual, então precisamos, sim, falar sobre educação menstrual nas escolas e entre nós. A equidade menstrual é para todas e todos que menstruam”.

A vereadora Edna cobrou a efetivação da lei 6.712/21, de sua autoria, que determina a elaboração de políticas públicas para o combate à pobreza menstrual e a educação em saúde sobre este tema.

A lei cria a política pública “Menstruação sem Tabu”, que prevê a distribuição de absorventes a pessoas em situação de vulnerabilidade, tais como as acolhidas em abrigos, em unidades prisionais, em situação de rua, em extrema pobreza, a adolescentes internadas por atos infracionais e a estudantes da rede pública.

“É preciso cobrar que o poder executivo ponha em prática essa lei, que está ainda como letra morta, sem qualquer execução pelas unidades de saúde, de assistência social. Elas deveriam estar disponibilizando não apenas os absorventes, mas os itens de higiene para as pessoas mais pobres. Em Cuiabá, 22% da população se encontra abaixo da linha de pobreza e a grande maioria são mulheres", disse a vereadora.





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